Sinais que vêm do mercado de trabalho
09/09/2024
09/09/2024
09/09/2024
ALGUMAS MUDANÇAS
Você que acompanha esta coluna regularmente notará algumas mudanças sutis daqui para a frente, como a mudança do seu nome para Avenue Weekly. Na prática, continuaremos postando conteúdos e atualizações em bases semanais de tudo o que acontece com a economia e mercado americanos, como já fazemos. A grande mudança se refere aos demais temas que iam além do escopo dos eventos semanais, mais atemporais em sua essência, que seguirão como Insights Avenue.
Resumindo: os conteúdos semanais mudarão de nome para Avenue Weekly e o conteúdo mais amplo seguirá como Insights Avenue.
LIVE MACRO
Recentemente tivemos a nossa live de cenário macroeconômico mensal, em que abordamos os principais assuntos comentados por aqui ao longo das últimas edições. Se você não viu, aproveite e acompanhe pelo link abaixo:
Conexão Avenue – Cenário Macroeconômico
A SEMANA QUE PASSOU NO MERCADO
A semana girou em torno do principal fator capaz de impactar nas expectativas de juros no momento: o mercado de trabalho americano. Tivemos a divulgação de três dados que, em suma, apontam para uma desaceleração do mercado de trabalho americano. Vamos a eles…
JOLTS. Na quarta-feira foi publicado o JOLTS (Job Openings and Labor Turnover Survey), levantamento mensal do Bureau of Labor Statistics que mede o volume de empregos, vagas criadas e demissões na economia americana, geralmente divulgado um mês após o relatório de empregos (Payroll) para o mesmo período de referência.
Segundo a pesquisa, o número de postos de trabalho na economia americana diminuiu bastante frente ao dado revisado de junho, quando foram computados 274 mil postos de trabalho a menos, caindo de 8,184 milhões para 7,910 milhões. Em julho, foram criados 7,7 milhões de empregos, volume equivalente a 1,1 milhão a menos em comparação com o ano anterior.
Chamou a nossa atenção o fato de a relação “empregos versus desempregados” ter atingido níveis inferiores ao período pré-Covid (vide gráfico abaixo). A leitura que fazemos é a seguinte: ainda existem mais empregos do que desempregados nos EUA, mas agora chegamos na menor diferença entre essas variáveis, com a média de 1,07 emprego para cada desempregado.
ADP. Na quinta-feira foi a vez do Relatório Nacional de Emprego da ADP (Automatic Data Processing), levantamento mensal que apresenta os números da criação de postos de trabalho no segmento privado não-agrícola nos EUA. O setor privado americano gerou bem menos postos de trabalho do que o estimado pelo mercado – em agosto, foram criados 99 mil empregos ante as 144 mil novas vagas esperadas. O número reportado foi, inclusive, menor do que o dado revisado de julho, quando foram gerados 111 mil novos empregos. Assim, observamos que agosto foi o pior mês em termos de criação de postos de trabalho desde janeiro de 2021.
Payroll. Por fim, vamos falar sobre o dado mais importante da semana: o relatório mensal de empregos dos EUA. Este foi mais um indicador que mostrou não só que a criação de emprego para o mês veio levemente aquém do esperado (142k frente a expectativa de 164k), mas também que o número de julho, o qual já tinha vindo substancialmente abaixo das expectativas, foi revisto de 114k para 89k.
No gráfico a seguir podemos acompanhar a variação mensal da geração de postos de trabalho nos Estados Unidos.
Em especial, temos visto uma desaceleração ainda mais forte nos segmentos atrelados à indústria. Os dados das regionais do Fed revelam uma redução na folha de pagamento nas fábricas. Por exemplo, pela primeira vez o índice do Fed de Kansas mostrou três meses consecutivos de contração de empregos desde meados de 2020, enquanto o indicador do Fed de Richmond apresentou o número mais fraco em sua série desde 2009, com exceção do período da pandemia – lembrando que números abaixo de zero significam redução no nível de contratações.
Fonte: Bloomberg.com 29/ago/2024
Todas essas pesquisas funcionam mais como uma medida do sentimento geral da indústria do que de mudanças reais no cenário, mas ainda assim elas surgem num momento em que a força do mercado de trabalho está em xeque.
Continuando no tema, também observamos no payroll que a taxa de desemprego mês a mês caiu de 4,3% para 4,2%, em linha com as expectativas do mercado.
Já os dados de salários vieram acima das expectativas (+0,4% m/m e +3,8% a/a), mostrando que o trabalhador americano continua tendo ganhos reais acima da inflação, mantendo-se o suporte à saúde dos consumidores.
Em resumo, os dados da última semana mostram que o mercado de trabalho americano dá claros sinais de arrefecimento. Se, por um lado, isso levanta a preocupação de que a economia dos EUA possa estar caminhando para uma recessão, por outro, cabe mencionar que já havia uma grande expectativa de que isso realmente viesse a ocorrer. Apesar de muitos analistas e parte do mercado avaliarem essa desaceleração no mercado de trabalho como um fator determinante para o controle inflacionário, entendemos e vemos tal evolução como um fluxo natural dos acontecimentos e ciclos da economia.
E O IMPACTO NO MERCADO?
O reflexo de todo esse cenário na Renda Fixa foi o chamado “fechamento de curva” (quando os yields dos títulos americanos caem), em especial nos vértices mais curtos, ou seja, os yields dos títulos curtos caíram mais. No gráfico abaixo notamos essas mudanças nas curvas de juros tanto de um ano atrás quanto de um mês atrás.
Fonte: Investing.com 06/set/2024
E, ainda como reflexo dos dados da semana, vemos que a probabilidade de um corte maior da taxa de juros de meio ponto percentual já na próxima reunião do Fed, em 18 de setembro, se elevou.
Fonte: The DailyShot 05/set/2024
Agora este é o grande tema do momento no mercado: dada a percepção de que os cortes de juros não estão mais em discussão, sendo um evento que o mercado apenas espera a sua confirmação, as expectativas giram em torno da magnitude e da velocidade do ciclo de queda dos juros.
Enquanto isso, o mercado vem ajustando mais e mais as suas expectativas de uma possível taxa terminal de juros, tentando prever qual será o limite do Fed para a interrupção dos cortes. Do nosso lado, avaliamos como exagerado o movimento recente do mercado de precificar os cortes de juros para além de uma taxa terminal de 3%. Parece-nos um tanto prematuro apostar, hoje, nesse cenário.
Fonte: The DailyShot 05/set/2024
Com relação à Renda Variável, a percepção de desaceleração da economia acabou dominando o sentimento geral do mercado e tivemos uma semana de correção, com quedas expressivas principalmente nos setores ligados a tecnologia.
Esse movimento vai em linha com o que comentamos anteriormente sobre o “September Effect” observado na bolsa americana. O termo refere-se aos retornos historicamente mais fracos do mercado de ações observados durante esse mês. Particularmente em anos eleitorais, tal qual este em que estamos, a tendência é de termos uma volatilidade ainda maior no mercado, fator que tradicionalmente tende a ser negativo para os ativos de risco durante esse período pré-eleições. O gráfico abaixo destaca essa sazonalidade do mercado de ações ao longo dos meses, em diferentes anos.
Fonte: WallStJesus on X 03/set/2024
Sobre as eleições nos EUA, convido você a acessar os diversos conteúdos produzidos e disponibilizados pelo nosso time de especialistas numa área totalmente dedicada ao tema:
O QUE ESPERAR PARA ESTA SEMANA QUE SE INICIA?
Bom, para esta semana teremos como foco a inflação:
Além da agenda econômica, na terça-feira teremos também o primeiro debate dos candidatos à presidência dos EUA, um evento que sempre pode impactar os mercados.
A safra de balanços está praticamente no fim, com algumas empresas ainda divulgando os seus números nesta semana:
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Aquele abraço!
William Castro Alves
Estrategista-chefe da Avenue Securities
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