Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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A SEMANA QUE PASSOU NO MERCADO


 

Em comparação com as anteriores, a semana passada foi bem mais leve em termos de indicadores econômicos. Destaque para a última quinta-feira (17) que trouxe três novos dados que, em conjunto, apontaram para o mesmo cenário de soft landing, ou seja, de resiliência da atividade econômica americana. Vamos aos indicadores:

  • Com alta tanto em seu índice cheio quanto em seu núcleo, as vendas no varejo superaram as expectativas gerais, apresentando um crescimento de 0,4% em setembro, ficando acima do ganho não revisado de 0,1% em agosto e da previsão de 0,3% para o mês. Excluindo automóveis, as vendas aceleraram em 0,5%, superando a expectativa de 0,1%. Em relação ao ano anterior, o índice acumula alta de 1,7% nos últimos 12 meses.
  • Além disso, de acordo com o Departamento do Trabalho, foram registrados 241 mil pedidos de seguro-desemprego, representando um declínio de 19 mil solicitações diante do balanço anterior e ficando abaixo dos 260 mil estimados. A queda surpreendeu, principalmente, por vir após os furacões Helene e Milton, que afetaram o sudeste dos EUA.
  • Por fim, o Fed da Filadélfia relatou que o índice de atividade industrial subiu para 10,3 em outubro, bem acima do 1,3 anunciado em setembro e da previsão de 3,0 para o mês vigente.

 

E qual é a leitura que devemos fazer desse combo?

Em suma, os dados da economia americano têm substanciado a percepção de que a economia dos EUA vivencia um cenário de soft landing com desaceleração gradual da inflação, mas mantendo uma atividade econômica firme – e isso é muito importante. A ideia de um cenário recessivo nos EUA se afasta cada vez mais do horizonte e isso traz impactos relevantes no mercado, conforme falaremos abaixo.

Refletindo esse cenário, a ferramenta GDPNow do Federal Reserve de Atlanta aponta para um crescimento de 3,4% para o terceiro trimestre de 2024 – apesar de o dado ainda não ter sido oficialmente divulgado, o Fed de Atlanta conta com uma ferramenta muito interessante que gera estimativas baseadas em indicadores econômicos já divulgados.


Fonte: GDP Now Fed de Atlanta 18/out/2024

 

IMPACTOS NO MERCADO?


 

 

NA RENDA FIXA…

Como consequência direta desses dados mais fortes, vimos diminuir as apostas do mercado de cortes mais agressivos na taxa de juros, levando para cima os ajustes nas curvas de juros, após uma sequência de quedas observadas nos yields nos últimos meses. O gráfico a seguir apresenta uma correção nas expectativas de juros para o final de 2024 e 2025.


Fonte: The Daily Shot 18/out/2024

 

Para você, investidor, o lado positivo dessa elevação de juros é encontrar taxas (yields) maiores na hora de alocar parte do seu capital na renda fixa, sendo uma boa oportunidade de contratualizar taxas de retornos melhores do que há algumas semanas.

A fim de demonstrar o impacto desses yields mais elevados em termos de retornos agregados ao longo dos anos, o gráfico abaixo traz em seu eixo horizontal o starting yield, ou seja, a taxa que o investidor “entra” no título (entenda-se aqui um bond), e no eixo vertical as taxas de retorno anualizado em cinco anos. Os pontos referem-se a anos específicos e as cores diferenciam as décadas.


Fonte: Guide to Markets JP Morgan Asset 30/set/2024

 

E qual é o insight que esse gráfico nos fornece?

Que parece haver uma clara e forte relação entre o yield que o investidor inicia o seu investimento com o retorno esperado para os próximos cinco anos. Sendo assim, taxas maiores (yields maiores) tendem a fornecer retornos mais elevados nos cinco anos subsequentes. E é por isso que taxas maiores devem ser vistas como oportunidades de alocação em renda fixa.

 

E O DÓLAR?

Ora, se a economia americana está forte/resiliente e os juros corrigiram para cima, seria razoável supor que o dólar se fortaleceria no mundo todo, certo? De fato, foi exatamente isso que observamos nas últimas semanas de outubro!


Fonte: tradingview.com 18/out/2024

Como resultado vimos também o real perdendo força frente ao dólar. O gráfico abaixo compara o desempenho do real frente ao dólar (candles) e o índice DXY (linha preta).


Fonte: Tradingview.com 18/out/2024

 

Na nossa visão, o ponto que o leitor deve se atentar é: até o início desse mês (antes da alta recente), vimos o dólar perdendo valor frente às outras moedas ao longo do ano, no entanto não vimos isso acontecer contra o real – reflexo de fatores internos associados ao risco fiscal. No gráfico abaixo podemos ver o descolamento entre o real e o DXY desde abril.

Em outras palavras, até o início de outubro, o cenário para outras moedas se mostrava favorável. Será que agora, com o dólar ganhando valor frente a outras moedas, veremos o real descolar dessa tendência? Bom… entendemos que dificilmente esse seria o cenário base, então a alta recente do dólar frente ao real se justifica nesse movimento global.

 

NA BOLSA…

Na semana passada, vimos que os índices acionários ficaram relativamente estáveis e próximos às máximas históricas, refletindo a visão positiva dominante de que a economia americana segue resiliente. Vale lembrar que, historicamente, cenários de soft landing têm se mostrado favoráveis a ativos de renda variável. Isso porque crescimento econômico é um fator preponderante para que as empresas tenham capacidade de apresentar aumento de lucratividade.

Nesse sentido, o gráfico abaixo é muito interessante por revelar que, apesar de estar próximo a máxima histórica, o índice S&P 500 não se mostra tão caro quanto pode parecer em uma análise simples. Isso porque as empresas americanas têm lucrado mais, logo o múltiplo ao qual o índice opera atualmente está menor do que o múltiplo ao qual o índice operava em 2021. Em outras palavras, desde maio de 2021 as ações ficaram 19% mais baratas, dado que em maio de 2021 a relação preço/lucro do índice S&P 500 era de 33,1x e atualmente é de 26,7x, segundo análise de Matt Cerminaro. Por isso, mesmo com a alta de +38% do índice desde então, podemos dizer que a bolsa ficou mais barata, pois os lucros cresceram.


Fonte: Matt Cerminaro no X 14/out/2024

 

Claro que, tal como já comentado aqui, quanto mais a bolsa sobe, mais o investidor deve ficar cauteloso. Então, após as recentes altas, é importante o investidor se manter bastante seletivo na hora de alocar os seus recursos em renda variável.

Olhando para o futuro próximo, o foco do mercado recairá mais e mais nos balanços corporativos, que têm impactado em diversas ações. Listando alguns exemplos recentes: as ações da UnitedHealth, maior empresa de saúde do mundo (em termos de valor de mercado), tiveram queda de aproximadamente 5% após a divulgação de resultados mais fracos do que os esperados; assim como a ASML, uma empresa totalmente ligada ao segmento de semicondutores e AI, viu as suas ações acumularem queda de quase 15% na semana depois da apresentação de um guidance mais fraco; por outro lado, as ações da Taiwan Semiconductor e da Netflix saltaram após da comunicação de seus números.

Os links colocados nos nomes das empresas acima redirecionam automaticamente para os resumos dos resultados preparados pelo nosso time de especialistas. Na página “Resultados Trimestrais: Temporada de balanços nos EUA” você acompanha diariamente as principais divulgações do mercado.

Até o momento, 14% das empresas do S&P 500 já divulgaram os seus balanços, sendo que 84% superaram ou bateram suas previsões de lucros e 15% revelaram números aquém das expectativas. A seguir, temos o calendário de resultados programados para a semana:


 

A SEMANA QUE SE INICIA…


O foco do mercado deve continuar nos resultados corporativos em mais uma semana amena de novos indicadores econômicos.

  • Na quinta-feira (24) sairão os PMIs (Purchasing Managers’ Index ou índices de gerentes de compras) que ajudarão a “ler” o nível de atividade da economia americana;
  • Fora isso, teremos novos dados do mercado imobiliário: na quarta-feira (23), será divulgado o dado de vendas de casas usadas e no dia seguinte (24), as licenças para novas construções e vendas de casas novas;
  • Por fim, na sexta-feira (25) teremos o indicador de confiança do consumidor medido pela Universidade de Michigan.

Que tal continuarmos esse papo no Twitter e Instagram? Siga @willcastroalves e me diga o que achou do conteúdo da semana. Até lá!

 

Aquele abraço!

William Castro Alves

Estrategista-chefe da Avenue Securities

 


 

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