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Por

Lucas Motta

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O dólar é muito mais do que a moeda oficial dos Estados Unidos. Ele é o principal meio de troca em transações internacionais, referência para commodities, reserva cambial de boa parte dos países. Sua força ou fraqueza tem impactos diretos sobre economias ao redor do mundo — e para medir isso, existe o DXY.

 

Mas o que é o DXY?

O DXY, ou U.S. Dollar Index, é um índice que mede o valor do dólar americano em relação a uma cesta de moedas estrangeiras. Criado em 1973 pelo Federal Reserve, logo após o colapso do sistema de Bretton Woods, ele tem como base o valor 100. Desde então, o índice flutua de acordo com a força relativa do dólar frente às moedas que o compõem.

A cesta é formada pelas seguintes moedas, com seus respectivos pesos:

  • Euro (EUR): 57,6%;
  • Iene japonês (JPY): 13,6%;
  • Libra esterlina (GBP): 11,9%;
  • Dólar canadense (CAD): 9,1%;
  • Coroa sueca (SEK): 4,2%;
  • Franco suíço (CHF): 3,6%.

 


Fonte: USDX | ICE

O índice sofreu apenas uma alteração desde sua criação: em 1999, com o lançamento do euro, que substituiu várias moedas europeias. Ainda assim, o peso do bloco europeu foi mantido.

 

Como o DXY é calculado?

O DXY é uma média geométrica ponderada das taxas de câmbio entre o dólar e as seis moedas da cesta. Seu valor reflete a força de compra do dólar em relação a esses pares e é amplamente utilizado por analistas, investidores e autoridades monetárias como referência da posição da moeda americana no mundo.

 

O que influencia o DXY?

A oscilação do índice depende de vários fatores:

  • Política monetária do Fed: Altas de juros tendem a valorizar o dólar, pois atraem capital estrangeiro;
  • Indicadores econômicos: Dados como PIB, inflação, desemprego e consumo moldam as expectativas do mercado;
  • Cenário geopolítico: Em momentos de incerteza global, o dólar costuma receber um fluxo alto de compra por ser considerada uma moeda menos volátil em comparação a moedas de mercados emergentes;
  • Fluxos de comércio e capital: Tarifas, acordos comerciais e decisões políticas também afetam o valor da moeda.

 

Evolução histórica do DXY

1973 – Criação do DXY

O U.S. Dollar Index (DXY) foi introduzido em março de 1973 pelo Federal Reserve, após o colapso do sistema de Bretton Woods. O índice começou com um valor base de 100,00, refletindo a força do dólar em relação a uma cesta de moedas estrangeiras.

 

1985 – Máxima Histórica

Em fevereiro de 1985, o DXY atingiu seu pico histórico de 164,72. Esse fortalecimento do dólar ocorreu devido a políticas monetárias restritivas e altas taxas de juros nos EUA.

 

1985 – Acordo do Plaza

Em setembro de 1985, os países do G5 assinaram o Acordo do Plaza, visando desvalorizar o dólar para corrigir desequilíbrios comerciais. Após o acordo, o DXY iniciou uma trajetória de queda.

 

2001 – Pós-11 de Setembro

Após os ataques de 11 de setembro de 2001, o DXY subiu para 121,47 em dezembro, refletindo a volta da busca pelo dólar.

 

2008 – Mínima Histórica

Durante a crise financeira global, o DXY caiu para sua mínima histórica de 71,05 em abril de 2008, devido à perda de confiança nos mercados financeiros dos EUA.

 

2016 – Recuperação Pós-Crise

Em 2016, o DXY atingiu 103,65, impulsionado por expectativas de políticas fiscais expansionistas e aumentos nas taxas de juros pelo Federal Reserve.

 

2022 – Pós-Covid

Em 2022, o DXY alcançou 110,05, refletindo aumentos agressivos nas taxas de juros pelo Federal Reserve para combater a inflação pós-Covid e tensões geopolíticas, como a invasão da Ucrânia pela Rússia, que mexeu com a cadeia de suprimentos globais.

Confira abaixo o gráfico sobre a evolução do DXY ao longo do tempo.


Fonte: U.S. dollar index (DXY) historical data 1973-2025| Statista

 

 

DXY x Real

O DXY é útil para entender o comportamento do dólar frente a moedas fortes, mas ele não contempla moedas de países emergentes, como o real. E isso faz diferença. Um exemplo claro ocorreu em 2008: enquanto o índice dólar caía em determinados momentos, o dólar disparava frente ao real. Esse movimento se deu por conta da fuga de capitais de países emergentes e da busca por segurança nos EUA.

Isso significa que, mesmo em ciclos de fraqueza do dólar globalmente, a moeda americana pode ganhar valor frente a moedas mais frágeis.

Esse descolamento reforça a importância de observar o dólar sob diferentes óticas: a global (via DXY) e a local (via USD/BRL). Para o investidor brasileiro, entender ambas é fundamental para gerenciar o seu patrimônio e diversificar sua carteira.


Fonte: Bloomberg, Elaboração: Avenue

 

Considerações finais

O DXY nos ajuda a entender o papel do dólar no mundo desenvolvido, mas não esgota o assunto. A moeda americana segue sendo a mais importante no cenário internacional. Quase 90% das transações cambiais globais envolvem o dólar, e cerca de 60% das reservas cambiais dos países estão denominadas na moeda americana, segundo o FMI.

Para o brasileiro, acompanhar o DXY é importante, mas acompanhar a cotação do dólar frente ao real é ainda mais relevante. Porque, no fim das contas, é essa taxa que influencia seus investimentos no exterior, os custos de viagens internacionais, as compras em sites estrangeiros e até o preço de produtos importados no supermercado.

Mesmo com ciclos de desvalorização frente a moedas fortes, o dólar se valorizou frente ao real no longo prazo. Isso reforça sua importância como parte estratégica de qualquer portfólio que busca diversificação e solidez ao longo do tempo.

 

Referências:

 


 

Disclaimer

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