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Por

Tomás Roque

Formado em Economia pela UNESP com distinção e extensão em Business na Tampere University - Finlândia. Possui as certificações CGA, CGE e Series 99

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O que é Flight to Quality?

Flight to Quality ou “fuga para a qualidade” é um termo do mercado financeiro que representa a movimentação de alguns investidores em transferir seu capital de investimentos mais arriscados para investimentos que podem ser menos arriscados – muitas vezes, títulos do governo. Essa mudança geralmente é motivada por algum evento que modifique o status quo da economia e gere elevada incerteza, volatilidade ou adversidade nos mercados financeiros, como a pandemia de COVID-19, Guerra na Ucrânia e as eleições presidenciais no Brasil em 2022.

 

Investimento dolarizado

Como observado em diferentes crises globais, o dólar, a moeda oficial da maior economia do mundo, tende a se valorizar frente às principais moedas, reduzindo o poder de compra global daqueles que não possuem reserva dolarizada. Isso se dá justamente pelo movimento de Flight to Quality, uma vez que, nestes cenários, há um maior fluxo para ativos de baixo risco.

A estabilidade e valor do dólar podem ser compreendidos pelo seu protagonismo e dinamismo, desempenhando um importante papel no desenvolvimento global, tanto nas relações macroeconômicas como no funcionamento do mercado financeiro.

  • 11 nações soberanas e 5 territórios americanos têm o dólar como moeda oficial;
  • Mais de 65 países atrelam suas moedas ao dólar americano;
  • Nada menos que 88% das trocas cambiais no mundo são feitas em dólar;
  • 60% dos dólares americanos impressos são usados fora dos Estados Unidos;
  • O dólar é usado ainda para precificar o barril de petróleo, o ouro e outras commodities;
  • Banco Mundial e FMI também o têm como moeda principal ao conceder empréstimos.

Além de ser considerado uma alternativa para diversificar o risco do patrimônio em momentos de crises, ao longo do tempo, a moeda americana se valorizou em comparação com seus pares. A tabela a seguir mostra bem isso, em uma comparação de desempenho de mais de 90 moedas frente ao dólar nos últimos 10 anos, indo além do noticiário sobre o sobe e desce diário pontual do mercado financeiro.

Fonte: Creative Planning

  • O real, marcado na imagem, perdeu mais de 51% do valor frente ao dólar;
  • A moeda brasileira é uma das 30 moedas que mais se desvalorizou em toda a tabela até janeiro de 2024;
  • O bolívar venezuelano é o caso mais emblemático: caiu quase 100%, ou 99,999%;
  • O peso argentino, outra moeda sul-americana, não ficou muito longe, com -99%;
  • O euro, por sua vez, caiu 20,8% frente ao dólar, e o iene se desvalorizou 30,8%.

Há uma outra forma de se medir a valorização do dólar frente ao real. Trata-se da paridade de poder de compra, um método alternativo à taxa de câmbio que serve para medir se uma moeda perde mais valor que outras ao longo do tempo.

 

 


Fonte: IPEADATA, Federal Reserve Bank of Minneapolis

Desde janeiro de 1995, a inflação americana se mostrou consistentemente menor que a inflação brasileira – exceção feita a 2022. O que isso quer dizer? A inflação corrói o poder de compra de uma moeda e quanto maior ela for, maior o seu poder corrosivo. Portanto, vimos a moeda brasileira ter sido mais deteriorada ao longo do tempo. Em outras palavras, o dólar foi uma moeda que perdeu menos poder de compra por ter sido menos afetada pela inflação, preservando mais seu poder de compra. Sem dúvida, um excelente fato para quem já optou por dolarizar seu patrimônio.

 

Flight to Quality além do dólar

Além do dólar, existem várias outras opções para buscar reduzir riscos em momentos de incerteza econômica. Diversificar em ativos e instrumentos de diferentes classes pode ajudar a mitigar riscos, tais como:

 

1. Ouro e metais preciosos

O ouro é um ativo tradicionalmente considerado uma alternativa em tempos de incerteza econômica. Metais como prata, platina e paládio também podem ser incluídos nessa seara.

 

2. Títulos do governo de outros países

Além dos títulos do governo dos Estados Unidos, títulos emitidos por governos de países com economias menos voláteis também podem ser opções.

 

3. Títulos corporativos de alta qualidade

Investir em títulos corporativos de empresas bem estabelecidas e com alta classificação de crédito. Empresas com balanços fortes e crédito de investimento podem oferecer segurança adicional.

 

4. Moedas fortes

Além do dólar, considerar investir em moedas de outras economias estáveis, como o euro (EUR), iene japonês (JPY), franco suíço (CHF) e libra esterlina (GBP).

 

5. Bens reais e infraestrutura

Investir em bens físicos como propriedades, terras, infraestrutura ou commodities, como alimentos e energia, que muitas vezes mantêm valor durante períodos de turbulência econômica.

 

6. Fundos de investimento em renda fixa internacional

Utilizar fundos de investimento que se concentram em títulos e ativos de renda fixa de alta qualidade em mercados internacionais.

 

7. Certificados de Depósito (CDs) e Títulos Bancários

Certificados de depósito e títulos emitidos por instituições financeiras classificadas como investment grade podem mitigar os riscos.

Lembrando que é essencial fazer uma análise cuidadosa, considerar seu perfil de risco, objetivos de investimento e buscar orientação de um profissional financeiro ao tomar decisões de investimento.

 

Como fazer Flight to Quality pela Avenue

Entre todas as diversas alternativas aqui apresentadas o investidor deve sempre considerar seus objetivos e perfil como investidor na hora de selecionar ativos.

Mas considerando um espectro de risco e levando em conta que grande parte dos brasileiros possuem uma elevada exposição a ativos brasileiros (um país emergente e não grau de investimento), entendemos que ter parte das suas reservas e poupança em dólar é a melhor forma de se proteger de eventuais solavancos da economia global. Mas além de ter dólares você tem alternativas de investimentos considerados de baixo risco como forma de “colocar seus dólares para trabalhar para você”, tais como:

  • títulos de dívida do governo americano de curto prazo – vencimentos de até 12 meses;
  • fundos money market (fundos de liquidez);
  • ETFs que investem em títulos do governo.

Através da nossa área logada disponibilizamos uma série de relatórios que podem te ajudar a montar sua carteira global.

 

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Tomás Roque

Formado em Economia pela UNESP com distinção e extensão em Business na Tampere University - Finlândia. Possui as certificações CGA, CGE e Series 99

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