Avenue
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Bom dia, investidor! Guilherme Zanin quem está escrevendo hoje.
Na semana passada a convergência de vetores negativos continuou a ditar os rumos descendentes das bolsas de valores pelo mundo, com a quarta-feira (18) apresentando a maior queda diária do índice Dow Jones desde junho de 2020, no auge da crise do coronavírus.

E, justamente, o que vamos discutir no texto de hoje é: faz sentido essa queda? Ela já era premeditada, ou estamos passando por um período anômalo no mercado?

Hedgeye

Para responder essa pergunta recentemente fizemos uma live macroeconômica explicando o que vem acontecendo na economia mundial e aqui vamos resumir esses principais highlights, mais algumas novidades.

Primeiro, os investidores do mundo todo estão enfrentando um período de elevada incerteza em 2022, que vai desde o quão rápido o banco central americano irá conduzir a política monetária contracionista, como a Europa irá lidar com uma crise energética, guerra na Ucrânia, até como a China deveria lidar com o crescente número de casos Covid na região. Há poucas novidades com relação aos recentes indicadores econômicos, contudo os resultados de duas grandes companhias varejistas chamaram a atenção e acabaram sendo os catalisadores que fizeram pressão negativa nos ativos de renda variável ao longo dessa última semana.

O CARRINHO DO SUPERMERCADO MAIS VAZIO
Os balanços reportados pela Walmart e Target na semana anterior que, inclusive, resumimos no Avenue Intelligence publicado em nosso Telegram (siga aqui), chamaram a atenção para o que pode estar acontecendo no bolso da população americana. Eles demonstram que os estoques estão elevados e que apesar das empresas estarem conseguindo repassar a inflação aos consumidores finais, as pessoas, em geral, estão comprando menos produtos em suas cestas de consumo, dado o aumento dos preços.

Esse pode ser um indicador precursor de que inflação elevada pode estar comprometendo o crescimento econômico dos próximos anos. Dada a leitura negativa dos resultados, no mesmo dia houve uma queda significativa de consumer staples (setor considerado um dos mais defensivos da bolsa).

JP Morgan

Tenha em mente que as pessoas físicas não podem investir diretamente em qualquer índice. O desempenho passado não garante resultados futuros.

Os números negativos do setor de consumos levantaram preocupações com a saúde financeira do consumidor. Além disso, quando analisamos o número de artigos publicados recentemente no Google, podemos notar uma alta nas menções a expressão bear market, que é usada pelos investidores quando acreditam que o mercado está em tendência de queda.

The Daily Shot

Não só o número de citações ao bear market aumentou, como na semana passada o Will Castro Alves ressaltou que o indicador da CNN, chamado Fear and Greed, estava próximo das mínimas e nessa última semana piorou ainda mais, para o lado extremo medo.

CNN

Se o sentimento dos investidores sobre o mercado é negativo, as ações tendem a andar no campo negativo também e ao analisarmos a bolsa americana (S&P 500) em 2022, podemos notar que algumas das maiores empresas, como as FANNGs, estão negativas e caindo mais de 20%.

Finviz

COPO MEIO CHEIO OU MEIO VAZIO?
Apesar dos indicadores negativos, se dermos um passo atrás, o ano talvez esteja respeitando os fundamentos econômicos mais básicos e simples: as avaliações estavam possivelmente elevadas, as políticas monetárias precisaram ficar mais conservadoras e, com isso, o crescimento vem diminuído.

Algumas empresas mais tradicionais, da chamada velha economia, não estão vermelhas nos últimos 12 meses, conforme o quadro anterior. Elas fazem parte de setores como energia/petróleo (+58%), saúde (+5%), utilities (+9%) e outros, que não estão performando tão mal, provando como a diversificação setorial pode ser benéfica em alguns casos.

A possível irracionalidade da política monetária frouxa e do mercado de ações com indicadores elevados parece ter ficado para trás, levando o mercado a volta dos fundamentos mais tradicionais, como a reversão do indicador P/E (price/earnings ou preço divido por lucro) do S&P500, que retornou para a média dos últimos 25 anos.

JP Morgan

WARREN BUFFETT VAI AS COMPRAS

O que Aprendemos em Omaha

Sabe aquela frase: “Compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos”? Ela foi cunhada em 1810 pelo financista londrino Nathan Rothschild, porém poderia muito bem ser atribuída as recentes movimentações de Warren Buffett no mercado de ações.

Em um ano onde os principais benchmarks internacionais sofrem expressivas desvalorizações, Warren Buffett aproveitou as quedas e usou o seu pomposo caixa para ir as compras e aumentar as suas posições em setores que ganharam destaques em 2022. Veja as principais alterações na carteira da Berkshire Hathaway, conforme documento 13-F publicado na SEC:

• 4 novas posições: OXY, HPQ, C, PARA;
• 4 ações que Buffett aumentou sua posição: AAPL, CVX, ATVI, GM;
• 4 ações que Buffett reduziu posição: KR, STOR, VZ, RPRX;
• 5 maiores posições: AAPL, BAC, AXP, CVX, KO.

Terminal Bloomberg

A Apple (AAPL) continua sendo a posição mais relevante de Warren Buffett, representando 42,7% do portfólio, com as empresas financeiras Bank of America (BAC), America Express (AXP) e US Bancorp (USB) complementando o setor financeiro no top 10. Além disso, as posições em petróleo com Chevron (CVX) e Occidental Petroleum (OXY), junto com consumo em Coca-Cola (KO) e Kraft Heinz (KHC) tambem fazem parte do top 10.

Na contramão dos investimentos ESG, a maior compra de Buffett no trimestre foi a petroleira Occidental Petroleum (OXY), em um ano em que o setor é o maior vencedor, dada a importância da commodity para reabertura das economias mundiais, além dos recentes conflitos na Europa. Além disso, a Berkshire aumentou a sua posição em tecnologia e bancos, com as compras da HP (HPQ) e Citigroup (C).

Talvez o maior insight que podemos ter a partir das mudanças da carteira da Berkshire Hathaway (BRK) em 2022, enquanto os principais índices americanos até o momento caem, é de que não devemos nos desesperar na queda das bolsas e que, assim como o ideograma chinês weiji (que significa a junção de “perigo” (wei) e “oportunidade” (ji)), a baixa no mercado pode ser uma oportunidade para quem souber aproveitar. Pelo menos Buffett parece estar aproveitando bem. Obviamente que existe o risco de o mercado de ações continuar caindo, então todo o investidor deve respeitar o seu perfil de investidor e entender os riscos envolvidos.

 

Era isso pessoal. Me sigam nas redes sociais para mais análises como essa: – Twitter e Instagram.

Aquele abraço,

GUILHERME ZANIN

 

A situação de cada investidor é única e você deve considerar suas metas de investimento, tolerância ao risco e horizonte de investimento antes de investir. Investir envolve risco e você pode incorrer em lucro ou perda, independentemente da estratégia selecionada. O material anterior não é uma recomendação para comprar ou vender qualquer ativo individual ou qualquer combinação de ativos. O investimento internacional envolve riscos especiais, incluindo flutuações cambiais, diferentes padrões contábeis financeiros e possível volatilidade política e econômica.

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