Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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VISÃO DO ESTRATEGISTA 

RESUMO 

Tivemos uma semana de altos e baixos nas bolsas americanas – o S&P encerrou com alta de 1,57%, o Dow Jones 1,36%, as ações de tecnologia foram as que sofreram, com o Nasdaq caindo -0,58% na semana. 

O que pode explicar essa queda? Diria que o aumento dos casos de corona em nível global pode ser o principal responsável por essa performance mais fraca. O medo do mercado é de que a economia permaneça fechada por mais tempo do que previamente esperado. 

Além disso, mesmo alguns países que vacinam em ritmo elevado, perceberam um aumento de casos – vide o caso do Chile onde mais de 30% da população já foi vacinada, mas o país impôs um lockdown na região de Santiago. Isso porque as pessoas vacinadas ainda conseguem transmitir a doença. Com a vacinação ocorrendo, os controles são relaxados e acabamos vendo um aumento de casos. Aqui nos EUA também houve aumento de casos e isso trouxe certa preocupação para o mercado. 

Fora isso, tivemos o fechamento do canal de Suez , algo que tende a afetar o comércio mundial e as cadeias de suprimentos no curto prazo. Estima-se que 12% do comércio mundial passe por ali e que o prejuízo por hora de canal fechado seja de US$ 400 milhões. Não por acaso, mesmo com a redução de oferta de petróleo esperada no curto prazo, vimos o preço da commodity cair na semana, por conta da preocupação com a redução da atividade econômica. 

UMA MENSAGEM IMPORTANTE 

Tradicionalmente o foco da nossa newsletter é falar do mercado americano. Mas entendo que cabe aqui um comentário importante sobre o cenário de investimentos no Brasil. É uma mensagem forte, mas que precisa ser dita. 

Temos hoje um cenário onde o seu dinheiro investido em ativos de renda fixa no Brasil está sendo corroído, mês após mês. Como assim? Deixe-me explicar… 

Rentabilidade nominal x real 

O dinheiro possui um valor ao longo do tempo. Em 1995 era possível comprar uma cesta básica em São Paulo com R$ 83,79. A mesma cesta básica hoje custa R$ 639,47 – de acordo com o DIEESE. 

O que explica isso é a inflação acumulada ao longo desse período. A inflação funciona como a ferrugem, ela corrói o poder de compra da moeda. Por isso é tão importante investirmos nossos recursos em alguma aplicação, como forma de proteção desse poder de compra. Ao investirmos, temos como objetivo atingir uma rentabilidade nominal que nos ajude a manter nosso poder de compra e que, se possível, também nos ajude a fazer nosso montante investido crescer. 

Se descontarmos da rentabilidade nominal a inflação, teremos o que chamamos de rentabilidade real, que é o quanto o nosso montante realmente cresce, além da simples proteção do poder de compra. 

Durante muito tempo o Brasil ofereceu rentabilidades reais (já descontadas da inflação) bastante elevadas e, portanto, fez sentido correr o risco de investir em títulos do governo brasileiro. Mas essa realidade mudou e nos últimos anos, considerando a queda da Selic e a resiliência da inflação, o que temos visto é uma taxa de juros real negativa no Brasil. O gráfico abaixo mostra a evolução do retorno real no Brasil considerando o CDI e o IPCA. 

Seu dinheiro sendo destruído?

Nos últimos 12 meses o IPCA (principal índice de inflação brasileiro) foi de 5,20%; O IGP-M, outro indicador muito utilizado para ajustes de contratos de aluguéis, por exemplo, teve um comportamento distinto mostrando ainda mais inflação com alta de 28,94% – no IGP-M temos um maior impacto do dólar em seus componentes.

Eu não sei qual é exatamente a sua cesta de consumo para poder dizer qual de fato é a sua inflação. Cada um de nós tem uma cesta de consumo diferente e, portanto, impactos diferentes dessa inflação em nosso bolso. Mas para facilitar o exercício de suposição, digamos que você tenha 50% da tua cesta atrelada ao IPCA e 50% atrelada ao IGP-M. Nesse caso tua inflação nos últimos 12 meses teria sido de cerca de 17%.

A grosso modo você teria que investir em algo que no mínimo te remunere 17% para “empatar”, ou seja, manter seu poder de compra e sua cesta de consumo intacta. O problema é que com uma SELIC a 2% ou mesmo a 2,75%, os investimentos em renda fixa disponíveis no mercado brasileiro não conseguem te oferecer essa proteção. Em outras palavras, o seu dinheiro está sendo destruído enquanto está estacionado em algum investimento de renda fixa no Brasil. Você investe R$1.000,00. Depois de 1 ano viu seu montante crescer para R$1.020,00, vai ao supermercado e descobre que não consegue comprar o mesmo de 1 ano atrás. No fim, você descobre que ficou mais pobre!

Mesmo que você considere apenas o IPCA na conta…para que você conseguisse manter seu poder de compra, você teria que ter obtido uma rentabilidade de pelo menos 260% do CDI para conseguir proteger seus recursos (taxa referencial para os investimentos em títulos bancários e que anda lado a lado à SELIC, a taxa básica). O problema é que os fundos de renda fixa, e os títulos do governo brasileiro não remuneram esse tanto.

Olhando a frente…

Olhando a frente esse cenário tende a não melhorar muito e você pode correr o risco de ver seu dinheiro ser destruído. O último Boletim Focus do Banco Central projeta um IPCA de 4,71% e um IGP-M de 11,89%. Fazendo a mesma suposição acima, de uma cesta composta de 50% de cada um dos índices, a inflação estimada para 2021 nesse caso seria de 8,3%. Com a Selic em 2,75% você vai estar, novamente, perdendo poder de compra do seu dinheiro…. você está ficando 5,5% mais pobre (8,30% – 2,75%). Parece pouco, mas como disse cada um tem a sua cesta de consumo, mais ou menos dolarizada.

20% mais pobre?

Além disso, considerando o impacto já percebido em 2020 de cerca de 15% (os 17% que comentei acima, menos o rendimento da SELIC de 2%), somado aos 5% estimados para 2021…estou falando que em 2 anos você ficou 20% mais pobre. Você terá perdido 20% do seu poder de compra. Mesmo investindo, você perdeu poder de compra.

Qual a solução?

Não estou dizendo que você não deve ter investimentos em renda fixa. Não é isso. Todo investimento tem que levar em conta o seu perfil de investidor. No entanto, o que quero te chamar atenção é que o investimento no exterior não deve ficar restrito apenas a uma parcela menor da sua carteira, uma parcela especulativa ou mesmo vinculada essencialmente a risco.

Mesmo a sua parcela destinada a renda fixa pode ser dolarizada sob a pena de você não conseguir proteger efetivamente seu poder de compra. Você poderia ter uma parcela dolarizada visando manter esse poder de compra e isso diz respeito a toda sua carteira. A Avenue oferece diversas alternativas de fundos para esse dinheiro que você quer que corra menos risco. Um dinheiro de proteção que não pode ser corroído, como vem sendo.

LEITURAS INTERESSANTES…

  • Mais um plano trilionário? O governo Joe Biden planeja mais um plano para estimular a economia americana. Dessa vez mais focado em infraestrutura – confira . Em nosso podcast diário (Bom Dia USA) e nas nossas lives (WarmUp Avenue) comentamos quais empresas podem ser beneficiadas e como o investidor pode se aproveitar disso.
  • Housing market on fire? Matéria do Market Watch traz um resumo interessante da análise de Manoj Pradhan, ex-diretor administrativo do Morgan Stanley responsável pela economia global e fundador da Talking Heads Macroeconomics. Leia mais sobre.
  • NY deu um passo importante para legalização da maconha em nível estadual. Leia mais sobre.
  • A luta de dois cientistas para detectar o câncer mais cedo. Leia mais sobre.

Até semana que vem.

WILLIAM CASTRO ALVES

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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