Avenue
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Semana passada havia comentado de um efeito duplo que poderia ser uma boa oportunidade para aqueles que querem investir nos EUA. Me refiro a queda do dólar frente ao real e as quedas de diversas ações nos EUA, em especial das tech. Aquilo que escrevi, em minha opinião segue totalmente atual. Então para quem não leu, vale a pena conferir.

Apesar da forte volatilidade da que a semana nos guardou, vimos os índices americanos encerrarem a semana quase no zero a zero – Dow Jones -0,12% e S&P -0,33% – enquanto o Nasdaq encerrou positivo – em 2,38%.

VOL É VIDA?

É justamente sobre isso que queria falar hoje. O sobe e desce nos preços dos ativos assustou muitos investidores na semana passada. Vimos ações de empresas como Facebook (Meta Inc.), Spotify, Pinterest e PayPal caindo até mais de 20% em um dia. Ao mesmo tempo, ações da Amazon, Google e algumas outras que também tiveram quedas expressivas se recuperaram e subiram forte logo no dia seguinte, com destaque para Snapchat. Essa oscilação nos preços é a famosa VOL, ou seja, a volatilidade.
Existe uma expressão no mercado que falamos que “VOL é vida”. Tal frase funciona para quem gosta de operar o curto prazo, pois esses movimentos intensos nos preços podem gerar oportunidades interessantes. No entanto, para o investidor médio (eu e você) penso que volatilidade é uma oscilação indesejada no patrimônio. Indesejada, mas necessária. Afinal, retorno e risco andam juntos e, como sempre digo aqui, a renda variável varia.
O gráfico abaixo mostra as variações diárias do índice Nasdaq 100. Nele, é possível ver que essas oscilações mais intensas não são comuns, ainda que aconteçam com alguma regularidade. Ou seja, tivemos uma semana de fato de intensa volatilidade.


O Nasdaq-100 é um índice de mercado de ações composto por títulos de ações emitidos por 100 das maiores empresas não financeiras listadas no mercado de ações Nasdaq. Tenha em mente que as pessoas físicas não podem investir diretamente em qualquer índice.
The Daily Shot

RISCO ALTO? O QUE É RISCO?
Essa volatilidade acima da média pode ter assustado investidores que não estão acostumados a “correr riscos excessivos”. Mas o que é o risco? Esse é um conceito muito discutido no mercado. Os mais matemáticos advogam que é uma oscilação frente a média, ou seja, o quanto um ativo oscila frente a uma média.

Da minha parte, prefiro a ideia “Buffetiniana” de que risco é não saber o que você se está fazendo. Então para você que ficou eventualmente desnorteado com as oscilações, me deixe explicar algo que talvez te ajude a “entender o que está fazendo”.

Existe um conceito matemático muito usado no mercado. Esse é o Beta. O beta é um coeficiente que mede a volatilidade de uma ação individual em comparação com o risco sistemático de todo o mercado. Ele é calculado segundo a fórmula abaixo (covariância dos retornos da ação e retornos do mercado, divido pela variação dos retornos do mercado durante um período especificado).


CA Knowledge

Mas deixando a matemática de lado, como o entendimento dele pode te ajudar? Vou citar três exemplos, lembrando que o beta usa dados passados e não pode ser encarado como regra ou determinante de retorno futuro.

  • Ação que possui um Beta 1: ação tende a oscilar igual ao mercado. Supondo uma queda de 10% do índice S&P500, a ação tende a cair 10%. Supondo uma alta de 10% do índice S&P500 a ação tende a subir 10%.
  • Ação que possui um Beta 2: ação tende a oscilar mais que o mercado. Supondo uma queda de 10% do índice S&P500, a ação tende a cair 20%. Supondo uma alta de 10% do índice S&P500 a ação tende a subir 20%.
  • Ação que possui um Beta de 0,5: ação tende a oscilar menos que o mercado. Supondo uma queda de 10% do índice S&P500, a ação tende a cair 5%. Supondo uma alta de 10% do índice S&P500 a ação tende a subir 5%.
  • Ação que possui um Beta negativo: grosso modo significa que a ação ou título em questão anda de forma oposta ao mercado, ou seja, quando um sobe o outro cai em certa medida e vice-versa.
    Ok e por que eu falei tudo isso?

Para que você entenda que empresas possuem características diferentes e, consequentemente, suas ações também. Tradicionalmente, as ações de tecnologia tendem a ser mais voláteis, ter um beta mais alto, ou seja, elas oscilam mais. Portanto, ao montar uma carteira de investimentos muito carregada em empresas de tecnologia, saiba que deverá ver suas ações, e por consequência seu patrimônio, oscilarem bastante.

E para acabar encerrar esse tópico, a razão pela qual as empresas de tecnologia são mais voláteis reside na característica do seu negócio, que muda muito rápido, afetando as perspectivas de lucratividade das empresas. Nesse link você encontra uma lista com o beta de diversas ações componentes do S&P 500 que tenham valor de mercado superior a US$2 bilhões, vale conferir.

RESULTADOS
Falando em lucratividade, até aqui a safra de balanços tem se mostrado positiva. Tivemos 54% das empresas do S&P 500 divulgando seus números, sendo que 79% bateram as expectativas de lucros e 80% superaram estimativas de receitas. Os lucros demonstram um crescimento de 24,8% na comparação anual, enquanto as receitas crescem 16,8% (fonte Bloomberg, elaboração Avenue). Bem verdade que as margens de lucro do quarto trimestre 2021, no entanto, mostram alguma retração frente ao 3T21.


FactSet

Quer saber mais sobre os resultados? Nos acompanhe! Temos feitos comentários diários em nosso canal de Telegram. Não só isso, postamos outra série de informações. Acesse e faça parte.

Ou ainda se você prefere ler sobre os resultados de uma forma compilada e segregada por setores, baixe o nosso report clicando aqui.

E para a semana que vem a temporada de balanços segue intensa. Confira na agenda que preparamos abaixo:

Para quem quer saber o que se passa no dia a dia do mercado americano, não deixe de acessar nosso Bom Dia USA, um relatório com todas as informações relevantes do mercado. Acesse.

FEVEREIRO SERÁ MELHOR?
Não tenho bola de cristal, mas penso que sempre podemos aprender algo com o passado. Analise interessante de Damanick Dantes, CMT da Cannon Advisors, mostra que estatisticamente entramos em um período de recuperação do mercado., vide gráfico abaixo. Segundo ele, estaríamos entrando num momento sazonal de recuperação, potencialmente tendo mais meses positivos do que negativos quando olhamos os últimos 20 anos. Esta análise se baseia em dados históricos acerca do que ocorreu no passado e nada garante que será assim nos próximos meses.

Cannon Advisors
O Índice S&P 500 é composto por 500 ações escolhidas para o tamanho do mercado, liquidez e representação do grupo da indústria. Tenha em mente que as pessoas físicas não podem investir diretamente em qualquer índice, e o desempenho do índice não inclui custos de transação ou outras taxas, o que afetará o desempenho real do investimento. Os resultados individuais do investidor variam.

Como disse não há como saber, mas vamos discutir esses e outros assuntos em nosso Conexão Avenue hoje (07/02) no canal de YouTube da Avenue, onde vamos falar da cena macroeconômica para fevereiro e o impacto sobre os seus investimentos.

NÃO TENHA MEDO DOS JUROS
Para acabar gostaria de contrapor um ponto atualmente muito presente nos comentários sobre o desempenho da bolsa americana. O grande receio dos aumentos de juros e seu impacto nos mercados. De fato, temos visto os juros impactando no curto prazo, mas é interessante notar que olhando o histórico e ampliando o horizonte de análise, os aumentos de juros não foram tão penosos assim para o mercado. O gráfico abaixo apresenta oito ciclos de altas nos juros americanos desde a década de 70. Entendo seja importante notar que o desempenho das ações não foi ruim.

Saulo Godoy

Uma análise semelhante foi feita por Denise Chisholm (Director of Quantitative Market Strategy da Fidelity), que mostra que em qualquer horizonte de um ano as elevações de juros foram melhores para os mercados do que a flexibilização – o gráfico da direita considera os dados desde 1990.

Fidelity

Como disse, não sabemos o futuro, mas espero que essas análises te ajudem em seus investimentos.
Para mais informações e análises me sigam nas redes sociais, no Twitter ou Instagram.

Era isso, aquele abraço!

WILLIAM CASTRO ALVES

Tenha em mente que não há garantia de que qualquer estratégia será bem-sucedida ou lucrativa, nem protegerá contra uma perda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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