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Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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Conclusão

A notícia retira um componente de incerteza vigente desde a confirmação de Trump como novo presidente americano. Trump cumpre uma promessa/ameaça de campanha, e isso tem derivações econômicas, geopolíticas e no mercado.

No mercado, listamos mais abaixo os impactos em diferentes classes de ativos no curto prazo. Vale a ressalva de que o mercado tende a exagerar e exacerbar movimentos, o que pode ser positivo para o investidor de longo prazo. Entendemos que, dado o elevado componente de incertezas acerca das derivadas de tais medidas, bem como das repostas dos países envolvidos, deveremos seguir vendo um cenário de elevada volatilidade. É normal que vejamos um movimento de rotação em ativos mais diretamente afetados por tais medidas, ou de maior volatilidade, do que para setores mais defensivos e/ou com capacidade de repassar aumentos de preços aos seus produtos – setores defensivos como consumo básico, utilidades públicas, saúde podem se beneficiar; setor de energia pode refletir a alta do preço do petróleo.

Na economia, os efeitos mais óbvios de uma política de tarifas é a elevação da inflação e a potencial redução do crescimento econômico com menor fluxo de comércio entre países. Sobre o primeiro ponto, vimos que o dólar se valorizou 9% ante o dólar canadense e mais de 20% ante o peso Mexicano nos últimos 12 meses; não obstante, em alguns casos e produtos, há a possibilidade de substituição de importação desses países para outros; esses fatores poderiam atenuar o impacto inflacionário. Em termos setoriais, olhando a pauta de produtos importados pelos EUA desses países, os produtos que tendem a serem mais impactados são: carros e peças automotivas, aço, alimentos e bebidas alcoólicas, combustíveis, madeira, brinquedos e alguns eletrônicos e eletrodomésticos.

No campo geopolítico as consequências tendem a serem amplas e fogem ao escopo desse report.

Fundamental lembrar que as questões estruturais da economia americana não mudam. Ou seja, os EUA continuam sendo a principal economia do mundo, o dólar segue sendo a principal moeda de reserva de valor; a carga tributária americana é menor que diversos países, especialmente desenvolvidos; os EUA continuam na vanguarda do desenvolvimento tecnológico; o mercado financeiro americano é o maior do mundo e isso ajuda na atração de capitais externos. Na questão específica tarifária, enquanto o comércio com os EUA responde por 67% do PIB do Canadá, 73% do PIB do México e 37% do PIB da China, ele responde por apenas 24% do PIB dos EUA.

Por fim, para o Brasil, como um país emergente tende a ver o impacto negativo nos ativos de risco (bolsa) bem como no Real. Entendemos que existe pouco espaço para o Brasil beneficiar-se desse fluxo de comércio que poderia ser desviado de tais países. Mais adiante, se a política comercial americana continuar agressiva, é possível que isso possa impactar o Brasil negativamente uma vez que as tarifas brasileiras sobre os produtos americanos são sensivelmente maiores que as tarifas americanas para os produtos brasileiros e o comércio com os EUA é bastante relevante para o Brasil.

 

A Notícia

Conforme esperado e previamente anunciado logo que assumiu o governo americano, o presidente Donald Trump anunciou nesse final de semana a imposição de tarifas a importação de produtos do México, Canadá e China (fonte: whitehouse.gov).

Em suma, foram aplicadas tarifas de importação de 25% sobre produtos do Canadá e México e uma tarifa de 10% sobre os produtos provenientes da China. Diferentemente do que vinha sendo comentado, nesse primeiro momento, tivemos apenas uma excepcionalidade ou diferenciação tarifária, a qual se refere aos produtos energéticos canadenses, que sofrerão uma cobrança de imposto de 10%. As mudanças devem entrar em vigor na terça-feira (04/fev).

 

Motivação

A justificativa para as tarifas foi a questão migratória somada ao transporte ilegal de produtos químicos e tráfico de drogas.  Segundo o comunicado da Casa Branca, o presidente Trump está tomando medidas ousadas para responsabilizar o México, Canadá e a China por suas promessas não cumpridas de interromper a imigração ilegal e impedir contrabando de fentanil e outras drogas. As ordens evidenciam uma emergência nacional e possível crise de saúde pública como fator de excepcionalidade que justificam as medidas adotadas.

 

Resposta

Como resposta, o Canadá e o México anunciaram planos de impor tarifas sobre os produtos americanos, e o Ministério do Comércio da China pretende contestar as ações na Organização Mundial do Comércio.

 

Impactos imediatos

  • Reagindo a incerteza gerada pelos desdobramentos e repostas as tarifas, o índice de volatilidade (VIX) salta 19%.
  • Futuros de ações operam em forte queda: S&P 500 -1,3%, Dow Jones -1,2% e Nasdaq -1.5%.
  • Os yields dos títulos de dívida americana reagem de forma mista. Os vértices curtos (yields dos títulos de curto prazo) se valorizam, uma leitura de que os possíveis cortes de juros aventados pelo mercado, agora se tornam menos prováveis no curto prazo. Já os vértices longos (yields dos títulos de longo prazo) cedem, refletindo uma percepção negativa em relação a crescimento econômico – mas também é necessário dizer que as tarifas podem elevar arrecadação e atenuar o déficit fiscal americano. Nos parece difícil estimar com segurança qual dos fatores explica melhor esse primeiro movimento.
  • O índice dólar se valoriza, cerca de 0,9%; contra o Real não é diferente se valorizando (+0,8%) operando próximo de R$ 5,89.
  • Como é usual em momentos de forte aversão a risco, bolsas emergentes O índice MSCI de emergentes cai cerca de 1,5% no pré-mercado.
  • Reagindo as tarifas impostas sobre as importações da commodity, o petróleo salta cerca de 2,5% (WTI).
  • O ouro opera relativamente estável. Em relação ao ouro, é possível que tais medidas que exacerbem o sentimento de incerteza e dúvidas ante as relações com os EUA, possam impulsionar o preço do ativo.
  • O mercado de cryptos ativos opera em forte queda, reforçando seu perfil volátil como classe de ativos e ainda correlacionado a performance de outros ativos de risco.

 

@willcastroalves

Estrategista-chefe da Avenue Securities

 

 


 

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