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Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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A SEMANA QUE PASSOU NO MERCADO E OS SEUS IMPACTOS

Movimentações dos gestores

Antes de adentrarmos na seara econômica, na última semana houve a divulgação dos relatórios “Form 13F”, que trazem informações sobre as movimentações dos gestores de renda variável americana. O Formulário 13F é um documento trimestral que deve ser arquivado na Securities and Exchange Commission (SEC) por todos os gestores de investimentos institucionais com pelo menos US$ 100 milhões em ativos sob gestão.

No post Investindo como gestores renomados – 4T2024 comentamos as trocas de carteira de cinco nomes bastante conhecidos nos mercados americano e global: Warren Buffett, Ray Dalio, Bill Ackman, Cathie Wood e Michael Burry. Vale a pena conferir!



 

Indo para a agenda econômica…

A semana passada foi mais curta por conta do feriado de Washington Day, na segunda-feira (17), e contou com a aguardada divulgação da minuta da reunião do FOMC (comitê de política monetária americana) de janeiro, que manteve a taxa referencial de juros americana inalterada dentro de um limite entre 4,25% e 4,50%.

Em suma, a ata do FOMC revelou que os dirigentes do Fed gostariam de ver um maior progresso na inflação antes de reduzirem novamente as taxas de juros. Como reflexo, tivemos uma decisão unânime pela manutenção dos juros na última reunião, após três cortes consecutivos que totalizaram uma redução de 1 ponto percentual na taxa referencial americana em 2024.

Mas diferentemente dos outros momentos, desta vez o comunicado oficial trouxe um indicativo da percepção do comitê sobre determinadas políticas tarifárias para a economia. As autoridades monetárias expressaram preocupação sobre os potenciais impactos da nova administração, incluindo comentários sobre as tarifas, bem como o efeito da redução de regulamentações e impostos. Segundo eles, há risco de impacto inflacionário decorrente de potenciais mudanças na política de comércio e imigração.


Fonte: Investopedia.com

 

Já na sexta-feira (21) saiu a pesquisa Flash PMI de fevereiro, apontando para uma contração no ritmo da atividade do setor de serviços acima do esperado pelo mercado, sendo a primeira queda em 25 meses, enquanto a indústria surpreendeu para cima. Após vermos durante meses o nível de atividade no segmento de serviços surpreender positivamente e a indústria mostrar contração, o jogo parece ter virado nas últimas duas leituras.

Dado o maior peso do setor de serviços na economia, o índice composto caiu de 52,7 para 50,4 entre janeiro e fevereiro. Consequentemente, essa redução derrubou o índice ao seu nível mais baixo em 17 meses, sinalizando uma quase paralisação da atividade empresarial.


Fonte: PMI S&P Global, em 21/fev/2025

 

O PMI mostrou que o crescimento dos novos pedidos e da demanda futura enfraqueceu acentuadamente, assim como as expectativas de negócios para o ano – que também caíram em meio a crescentes preocupações e incertezas relacionadas às novas políticas do governo Trump. Pelo lado da indústria, a melhora pode ser explicada em parte graças à antecipação das tarifas, sugerindo apenas um impulso temporário com as indústrias atendendo às demandas de clientes que buscam estocar ou se antecipar à implementação de tarifas.

De acordo com Chris Williamson, Chief Business Economist da S&P Global Market Intelligence: o clima otimista visto entre as empresas dos EUA no início do ano se evaporou, sendo substituído por um quadro mais complexo de incerteza elevada, atividade empresarial mais fraca e preços em alta. O otimismo para 2025 caiu de forma relevante e as empresas relatam preocupações sobre o impacto das políticas sugeridas pelo novo governo”.

 

Em resumo, a semana nos trouxe as seguintes inferências sobre a economia:

  1. O Banco Central americano pondera novamente o risco inflacionário, com a evolução dos preços sendo vista como o principal risco que precisa ser monitorado e mitigado. A ata recém-publicada do seu último encontro reforça a visão atualmente precificada no mercado de que há pouco espaço para novos cortes de juros a curto prazo (leia-se aqui durante o primeiro semestre de 2025);
  2. Um importante dado de atividade mostrou uma forte inflexão negativa, gerando dúvidas acerca da continuidade de um nível resiliente e forte da economia americana. Além do PMI, tivemos também uma sequência de outros dados com leituras negativas em termos de nível de atividade econômica, como os de pedidos de auxílio-desemprego, vendas de casas usadas e índice de atividade industrial do Fed da Filadélfia.

 

Resultados

Até o momento, mais de 86% das empresas do S&P 500 já divulgaram os seus números, sendo que 77% apresentaram números melhores do que os esperados. Para esta Weekly, selecionamos três resultados que movimentaram o mercado recentemente:

  • Garmin (GRMN): conhecida pelos seus relógios voltados ao esporte, a marca viu as suas ações saltarem logo após divulgar um crescimento de lucros de 40% na comparação com o mesmo trimestre no ano anterior;
  • Walmart (WMT): a tradicional varejista americana apresentou números acima dos esperados pelo mercado, mas decepcionou em seu guidance para 2025 e, com isso, viu as suas ações caírem após terem atingido a máxima histórica na semana passada;
  • Alibaba (BABA): a maior empresa chinesa em termos de valor de mercado tem tido um ano muito positivo para as suas ações, que acumulam uma alta superior a 60%. Os resultados vieram acima do esperado e a perspectiva otimista com o segmento de AI ajudou a impulsionar ainda mais as suas ações nos últimos dias.

Você pode acompanhar todas essas divulgações diariamente em nosso blog, na página: Resultados Trimestrais – Temporada de balanços nos EUA.

 

IMPACTOS NO MERCADO

 


 

Novo vírus da China?

Na sexta-feira (21), no meio do dia, o mercado foi chacoalhado pela notícia de um novo vírus descoberto na China. De acordo com o Daily Mail, cientistas chineses descobriram um novo coronavírus (HKU5-CoV-2) em morcegos, com potencial para se espalhar entre humanos (fonte). A pesquisa do Instituto de Virologia de Wuhan revelou que o vírus tem potencial de impacto em células humanas de forma similar ao do covid-19. Segundo as notícias preliminares, embora tenha sido descoberto em 2006, dados recentes indicam que seu potencial infeccioso pode ser maior do que o estimado anteriormente, o que elevou as preocupações da comunidade médica em relação a esse novo coronavírus.


Fonte: DailyMail.co.uk, em 21/fev/2025

 

Como de praxe, em momentos como esse é normal vermos ativos de risco performando negativamente, como reflexo do aumento do nível de incerteza e volatilidade. O gráfico abaixo pontua os últimos eventos que desencadearam aumento do receio no mercado medido pelo índice de volatilidade:

 


Fonte: TradingView.com, em 21/fev/2025

 

Até então, caminhávamos para uma semana positiva para os mercados de risco, com os índices S&P 500 e Nasdaq Composite atingindo novas máximas históricas. No entanto, após a divulgação na sexta-feira (21) do dado de PMI mais fraco somado à notícia do novo vírus, os índices acionários encerraram o dia em forte baixa, vide gráfico abaixo com as performances do S&P 500 (linha preta), do Nasdaq Composite (linha azul) e do Dow Jones (linha vermelha).


Fonte: tradingview.com, em 21/fev/2025

 

Refletindo todo esse cenário, os yields dos títulos de dívida americana também cederam – no gráfico abaixo vemos os yields dos títulos de 2 anos (linha azul), dos títulos de 10 anos (linha preta) e dos títulos de 30 anos (linha vermelha):


Fonte: tradingview.com, em 21/fev/2025

 

 

Em relação ao vírus, ainda nos parece muito cedo para avaliar o seu potencial impacto tanto para a economia quanto para os mercados, mas este é um evento inesperado que gera incertezas a curto prazo e, por isso, precisa ser monitorado.

 

A SEMANA QUE SE INICIA…

Para esta última semana de fevereiro temos os seguintes dados no radar:

  • Na terça-feira (25), vamos acompanhar os dados de confiança do consumidor;
  • Já na quarta-feira (26), é a vez do dado de vendas de casas novas;
  • Na quinta-feira (27), tem a revisão do PIB dos EUA do 4T24;
  • Por fim, o indicador econômico mais esperado da semana é o PCE, dado de inflação preferido do Fed.

Veja abaixo a programação dos próximos dias:


 

No campo dos balanços corporativos, chamamos a atenção para o tão aguardado resultado da Nvidia na quarta-feira (26), além de diversas empresas tradicionais do varejo americano. Confira a seguir o calendário de divulgações da semana:

 


 

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Aquele abraço!

William Castro Alves

Estrategista-chefe da Avenue Securities

 


 

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William Castro

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