Uma semana e tanto nos mercados: Deepseek, muitos dados econômicos, juros e resultados
03/02/2025
Nesta última semana tivemos diversos destaques importantes no mercado global.
A segunda-feira (27) já começou agitada com o modelo de AI (Inteligência Artificial) DeepSeek proporcionando um sell-off (quedas acentuadas) em ações de tecnologia.
Mas o que é esse tal de DeepSeek? O que faz? Como vive? O que come?
O DeepSeek é basicamente um modelo de IA fundado pelo empresário Liang Wenfeng e viabilizado por meio de um fundo de hedge chinês chamado High-Flyer Quant que, de acordo com a imprensa internacional, administra cerca de US$ 8 bilhões em ativos.
Na verdade, o que chamou a atenção de todos é o fato de ele ter gerado resultados satisfatórios e/ou muito semelhantes aos apresentados pelo Llama 3.1 da Meta, o GPT-4o da OpenAI e o Claude 3.5 Sonnet da Anthropic, em um conjunto de testes e problemas complexos de matemática e codificação.
Além desses resultados importantes, o DeepSeek foi desenvolvido em apenas dois meses, com menos de US$ 6 milhões investidos (cerca de 10% do valor gasto com o Chat GPT, por exemplo) e usando chips de capacidades reduzidas da Nvidia.
Mal. O evento catalisou um movimento de correção no curto prazo provocado pelo questionamento sobre a real necessidade dos atuais investimentos massivos no setor, tendo em vista os resultados apresentados, o que em nossa visão é um ponto bastante válido. Tal questionamento se mostra ainda mais sensível para as empresas de hardware do segmento de semicondutores, um setor tradicionalmente cíclico que vinha surfando um bom momento no mercado com todos os investimentos anunciados no desenvolvimento de modelos de AI.
Para se ter uma ideia, o mercado de ações americano perdeu mais de US$ 1 trilhão em valor de mercado em um único dia, no fatídico 27 de janeiro de 2025. Tivemos um recorde histórico de perda de valor de mercado em empresas listadas nos Estados Unidos, com a Nvidia (NVDA) sofrendo uma perda de US$ 589 bilhões após uma queda de cerca de 17% – vide gráfico abaixo. Para colocar em perspectiva, esse montante ultrapassa em 6 vezes o valor de mercado total da Petrobras (US$ 85,7 bilhões, na mesma data).
Fonte: The Daily Shot – 28/jan/2024
Ao longo da semana, as ações de tecnologia conseguiram recuperar parte das quedas, repercutindo a divulgação de resultados e com procura de alguns investidores por papéis descontados após as quedas de segunda-feira.
Se quiser saber mais sobre o tema, leia aqui a análise Avenue Now – DeepSeek e o sell-off em ações de Tecnologia, publicada no blog da Avenue.
Em uma semana importante que contou com a reunião do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto) e a consequente decisão sobre a taxa de juros americana, o mercado também ficou de olho em diversos outros dados econômicos que abordaremos mais detalhadamente a seguir, como:
Agora faremos uma síntese dos destaques de cada um deles para melhor consolidarmos a visão do mercado sobre a semana que passou.
Além de medir a expansão (>50) ou contração (<50) da economia americana nos setores de serviços e indústria mensalmente, o PMI (ou Índice de Gestores de Compras) oferece bons insights sobre as condições de negócios no país.
Expectativa x Realidade – Para janeiro, o PMI Industrial esperado era de 49,8 e o número divulgado foi de 50,1. Já o PMI de Serviços apresentado foi de 52,8 ante o índice estimado em 56,4. O PMI Composto, que anteriormente estava em 55,4, caiu para 52,4 na leitura atual.
A pesquisa Flash PMI de janeiro mostrou certa desaceleração no ritmo da atividade dos serviços, após meses de uma tendência bastante forte observada no setor – o gráfico abaixo evidencia isso. Tivemos ainda um retorno de crescimento da indústria (manufatura) pela primeira vez nos últimos seis meses. No Composto, esse crescimento mais lento deriva também de condições meteorológicas adversas que foram relatadas como um obstáculo à atividade por algumas empresas.
Fonte: PMI S&P Global, 24/jan/2025
O Índice de Confiança do Consumidor Americano mede o otimismo ou pessimismo dos consumidores dos EUA em relação à situação econômica atual e futura, bem como as suas expectativas sobre renda, emprego e condições para compras.
O dado apresentou queda no mês de janeiro com a leitura de 104,1, ficando abaixo dos 105,7 esperados pelo mercado. Já o indicador de dezembro foi revisado para cima (de 104,7 para 109,5), mas ainda assim conservou-se abaixo da leitura anterior referente a novembro.
Segundo Dana M. Peterson, economista-chefe do The Conference Board: a confiança dos consumidores tem oscilado num intervalo relativamente estável e estreito desde 2022. Janeiro não foi exceção. O índice enfraqueceu pelo segundo mês consecutivo, mas ainda permaneceu nessa faixa, mesmo que na parte inferior.
Fonte: The Conference Board, 28/Jan/2025
O PIB (Produto Interno Bruto) é o valor de todos os bens e serviços produzidos dentro de um país em um determinado período, servindo como o principal indicador da saúde econômica de uma nação ao refletir o crescimento ou a contração de sua economia.
Expectativa x Realidade – Considerando a taxa anualizada para fins comparativos, o resultado anterior do PIB do terceiro trimestre de 2024 foi de +3,1%. A expectativa para o quarto trimestre do ano passado era de um crescimento de +2,5%, mas o dado realizado foi de +2,3%. Para o ano fechado de 2024, o PIB revelou um crescimento de 2,8%, comparável ao número de 2,9% registrado em 2023, puxado principalmente pelo consumo interno e pelos gastos do governo.
Apesar de levemente abaixo do esperado, o dado reforça a visão da resiliência da economia americana e principalmente do consumidor americano, corroborando o cenário de soft ou no landing que tanto debatemos ao longo do ano passado.
O PCE (Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal, em português), indicador de inflação mais utilizado pelo Banco Central dos Estados Unidos, mede a evolução dos preços de bens e serviços adquiridos pelos consumidores americanos, sendo uma métrica semelhante ao CPI (Índice de Preços ao Consumidor), com algumas diferenças na sua forma de medição.
Expectativa x Realidade – A expectativa para o índice cheio do PCE era de +0,3% m/m e de +2,6% a/a, sendo que os dados realizados foram exatamente de +0,3% m/m e de +2,6% a/a. Para o núcleo do PCE, a expectativa era de +0,2% m/m e de +2,8% a/a, e os dados realizados foram… de +0,2% m/m e de +2,8% a/a! Resumindo, os dados vieram totalmente em linha com o que o mercado esperava, indicando que o caminho até a meta de 2% do Fed será desafiador e possivelmente mais longo do que o inicialmente antecipado.
Na última quarta-feira (29), tivemos a reunião do FOMC, com a posterior decisão sobre a taxa de juros americana. Esse dia também se configurou como uma Super Quarta. Mas o que significa esse termo?
A Super Quarta é uma data crucial no calendário financeiro, em que tanto o Banco Central do Brasil quanto o Federal Reserve dos EUA anunciam suas decisões sobre as taxas de juros simultaneamente. Por isso, investidores e analistas se preparam com antecedência para esta agenda que carrega muitas expectativas nos mercados, sabendo que mudanças na Selic e na taxa de juros americana têm o poder de alterar o fluxo de capital, afetar o câmbio e influenciar estratégias de investimento.
Agora com relação aos juros americanos, “zero novidade”. O Fed manteve a sua taxa de referência da economia (Fed Funds Rate) no intervalo de 4,25% a 4,50%, conforme amplamente aguardado pelo mercado.
Fonte: Bloomberg. Elaboração: Avenue Intelligence – 29/jan/2025.
Alguns highlights do comunicado emitido pelo FOMC:
Além do comunicado, é costume o presidente do Fed, Jerome Powell, conceder uma entrevista coletiva a jornalistas de diversos meios de comunicação. E desta vez não foi diferente:
No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) subiu os juros do país em 1%, chegando a 13,25% ao ano, de acordo com o patamar esperado.
RESULTADOS CORPORATIVOS
Além dos diversos dados econômicos destrinchados acima, seguimos com a safra de balanços do 4T24 nos EUA. Para esta Weekly, destacamos cinco resultados que movimentaram o mercado recentemente:
Também tivemos outros nomes importantes divulgando os seus números, como a AT&T, a Boeing, a ASML, a Meta, a Tesla, a Mastercard, a Apple, a Exxon Mobil e a Chevron, dentre outras.
Aqui na Avenue fazemos uma cobertura completa dos resultados das companhias americanas, com análises exclusivas elaboradas pelo nosso time de especialistas e disponibilizadas no link: Resultados Trimestrais – Temporada de balanços nos EUA.
A SEMANA QUE SE INICIA…
O foco desta semana estará voltado para: (i) dados de emprego; (ii) resultados corporativos e (iii) novos desdobramentos das políticas tarifárias do governo de Donald Trump.
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Aquele abraço!
William Castro Alves
Estrategista-chefe da Avenue Securities
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