Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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A SEMANA QUE PASSOU NO MERCADO E OS SEUS IMPACTOS

Abrir a coluna dizendo que tivemos uma semana agitada já começa a soar como um pleonasmo, não é mesmo? Mas eu vou abusar novamente dessa expressão para trazer aqui a retrospectiva dos últimos dias e suas diversas nuances.

Bom, vamos começar pelo mais relevante: o aumento do IOF, um episódio doméstico que impacta diretamente a vida dos brasileiros. Para discutir e esclarecer melhor esse evento, que se deu na quinta-feira passada (22), eu e Roberto Lee, CEO da Avenue, participamos de uma live extraordinária que se encontra disponível no link Aumento do IOF e do Risco-Brasil: o que você controla?.


 

A imagem abaixo resume as principais mudanças relacionadas a investimento no exterior e ao serviço da conta internacional da Avenue. Se você tiver qualquer dúvida operacional, não hesite em entrar em contato com o nosso time de atendimento.


 

Nossa visão sobre o aumento de alíquota do IOF é que ele ressalta o risco de se investir apenas no Brasil. Vale aqui a ressalva de que apesar de que tal risco transcende governos e deriva de uma posição econômica frágil e suscetível a diversos nuances. O aumento do IOF ocorreu como uma compensação para uma fragilidade fiscal que remonta anos no Brasil. Mas como comentamos, o evento é um exemplo do risco de fronteira, que reforça a necessidade de ter investimentos dolarizados e fora do país, não suscetíveis à jurisdição nacional, em uma moeda forte, independentemente de governos. Considerado um alerta aos investidores brasileiros, o anúncio foi um tanto inesperado e não podemos descartar a possibilidade de que isso ocorra novamente no futuro. Daí a urgência em dolarizar.

Bom, voltando aos eventos nos EUA…


A agenda de dados econômicos se mostrou relativamente branda, no entanto alguns eventos trouxeram volatilidade ao mercado.

 

A questão do orçamento americano

Na última quinta-feira (22), a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou, por margem de um voto, o projeto de lei sobre impostos e gastos chamado por Donald Trump de big, beautiful bill. Esta grande e bela proposta assume papel central na estratégia do presidente americano para o seu segundo mandato, lembrando que a manutenção da redução de tributos já havia sido implementada em seu primeiro governo. A legislação inclui ainda o aumento do crédito fiscal por criança para US$ 2.500 até 2028, a elevação do limite de dedução de impostos estaduais e locais, além de introduzir novas isenções fiscais para gorjetas, horas extras e alguns juros de empréstimos automotivos – promessas de campanha de Trump. Também estão previstos aumentos nos gastos com militares e segurança de fronteira, enquanto implementa mudanças em programas de assistência social como Medicaid e SNAP.

A verdade é que a big, beautiful bill enfrentou intensos debates e disputas internas entre os republicanos, com conservadores fiscais pressionando por cortes de gastos mais profundos para compensar o aumento estimado do déficit federal – as estimativas variam muito, mas giram em torno de US$ 3 trilhões para os próximos 10 anos, segundo análises do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) e do Comitê para um Orçamento Federal Responsável (CFRB).

O projeto agora segue para o Senado, onde os republicanos planejam fazer alterações, sendo que quaisquer emendas exigirão uma nova aprovação da Câmara.


Fonte: yahoo.com, 22/mai/2025

 

Ainda na questão fiscal americana…

Antes da aprovação do orçamento na Câmara, começamos a semana com a notícia de que a agência de classificação Moody’s rebaixou a classificação de crédito dos EUA, citando preocupações com a crescente dívida nacional e o o risco potencial de o projeto agravar esse cenário.

É importante destacar o fato de que este era o único rating remanescente em nível AAA das agências de classificação de risco Fitch, Moody’s e S&P, conhecidas como The Big Three. Tanto a S&P (Ago-2011 – downgrade de AAA-neg para AA+ estável) quanto a Fitch (Ago-2023 – downgrade de AAA-neg para AA+ estável) já haviam feito os seus downgrades. Nesse contexto, a redução de rating pela Moody’s acabou não tendo o mesmo impacto, uma vez que a avaliação média da dívida dos Estados Unidos já estava em nível AA.

 

Europa e tarifas…

E durante a sexta-feira (23), a guerra comercial entre os EUA e a Europa ganhou novos capítulos.

Em resumo, as tensões entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE) aumentaram após o presidente Donald Trump ameaçar impor uma tarifa de 50% sobre as importações europeias a partir de 1º de junho de 2025. Trump acusa o bloco por, supostamente, tirar vantagem econômica dos EUA, destacando um déficit comercial anual superior a US$ 250 bilhões e barreiras comerciais da UE, como impostos sobre valor agregado e penalidades corporativas. Do lado lado, a UE defende um acordo comercial baseado em respeito mútuo e propõe reduções gradativas de tarifas em produtos agrícolas e industriais, levando em consideração interesses americanos, como direitos trabalhistas. Contudo, o próprio bloco enfrenta dificuldades para alcançar consenso interno entre os seus 27 membros, alertando que as tarifas de 50% elevariam os preços de diversos bens, como carros alemães e azeites italianos. A UE também considera possíveis retaliações contra US$ 107 bilhões em exportações americanas, embora tenha pausado essas ações para dar espaço a negociações.

Por fim, no domingo (25), Trump concordou com uma extensão do prazo para a implementação da tarifa de 50% à União Europeia até 9 de julho, conforme publicado em seu perfil na rede Truth Social: recebi uma ligação hoje de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, solicitando uma extensão do prazo de 1º de junho para a tarifa de 50% em relação ao Comércio e à União Europeia. Concordei com a extensão — 9 de julho de 2025 — o que foi um privilégio para mim.

A postagem foi feita após Von der Leyen dizer que teve uma boa conversa com Trump, mas que precisava de um prazo a mais para chegar a um bom acordo. A UE e os EUA compartilham a relação comercial mais importante e próxima do mundo. A Europa está pronta para avançar nas negociações de forma rápida e decisiva, segundo ela.


Fonte: Donald Trump in Truth Social, 25/mai/2025

 

 

RESULTADOS

A safra de balanços chega ao seu final, com as empresas de varejo reportando os seus números. Conforme comentado na Weekly passada, as principais percepções em relação aos resultados desta temporada foram: números melhores do que os esperados pelo mercado, receios com recessão e manutenção de patamar elevado de lucratividade para as empresas do S&P 500. Quanto às últimas divulgações, trazemos dois destaques:

  • Home Depot (HD): A empresa manteve o seu guidance para 2025, a despeito das incertezas em relação às tarifas e à economia americana. A Home Depot segue projetando receitas com crescimento de aproximadamente 2,8% no ano, com lucro ajustado em cerca de US$ 14,46 por ação. O mercado, por sua vez, projetava receitas caindo 0,44% e lucro de US$ 16,31 por ação, fazendo com que as suas ações reagissem negativamente;
  • TJ Max (TJX): A empresa de descontos apresentou números acima das expectativas, com um guidance misto para o ano completo. Apesar dos números do trimestre superarem as expectativas de Wall Street, as ações caíram após o resultado, refletindo o receio do mercado sobre futuras pressões de margem.

Até a última sexta-feira (23), 94% das empresas do S&P 500 já tinham divulgado os seus balanços, sendo que 77% delas apresentaram resultados melhores do que os esperados pelo mercado, em termos de lucros.

Para saber mais sobre outros números já divulgados, é só acessar a página Resultados Trimestrais – Temporada de balanços nos EUA.

 

Investindo como Gestores Renomados

Para fechar, recentemente tivemos a atualização da movimentação de portfólios de gestores aqui nos EUA.
O relatório 13F tem ganhado cada vez mais popularidade, sendo visto como uma indicação de para onde o considerado smart money está indo, ou seja, as alocações do capital controlado pelos investidores institucionais e gestores renomados. Confira os movimentos recentes de cinco grandes nomes do mercado americano e global no post: Investindo como gestores renomados – 1T25.

 

IMPACTOS NO MERCADO


Como reflexo dos eventos acima, tivemos uma semana de realização no mercado acionário e de muita volatilidade nos juros.

 

A SEMANA QUE SE INICIA…

Agenda

Nesta segunda-feira (26), comemora-se o “Memorial Day”, feriado federal dos EUA criado para homenagear os militares que morreram em serviço. Consequentemente, o mercado de ações estará fechado neste início de semana.

  • Na terça-feira (27), teremos o dado de confiança do consumidor;
  • Já na quarta-feira (28), será divulgada a ata da última reunião do FOMC, comitê de política monetária do Fed;
  • Na quinta-feira (29), acompanharemos a revisão dos dados de PIB do 1T2025;
  • E na sexta-feira (30), sairá o principal dado da semana: o PCE, o indicador de inflação medido pelo Conference Board.

Segue a agenda completa para os próximos dias:


Além da agenda econômica, teremos os relatórios de resultados de Nvidia, Costco, Dell e Salesforce, com potencial de influenciar tanto os seus setores quanto o mercado em geral. Varejistas como Gap, Ulta Beauty e Dick’s Sporting Goods, e algumas empresas de tecnologia como Marvell Technology e Zscaler também divulgarão os seus balanços. Veja a seguir a programação da semana:


Não custa repetir: na página Resultados Trimestrais – Temporada de balanços nos EUA você encontra um acompanhamento completo dos números divulgados.

 

Que tal continuarmos esse papo no Twitter e Instagram? Siga @willcastroalves e me diga o que achou do conteúdo da semana. Até lá!

Aquele abraço!

William Castro Alves

Estrategista-chefe da Avenue Securities

 

 


 

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William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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