Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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Em face de tanta incerteza rondando especialmente a economia americana, muitos investidores se questionam se este é um bom momento para se ter investimentos nos Estados Unidos. Algumas pessoas têm a percepção ou o receio de que o atual conflito tarifário envolvendo os EUA e outros países possa gerar uma grave e grande crise de proporções globais e que, por isso, talvez fosse mais apropriado não ter investimentos no mercado americano.

Aqui na Avenue, refutamos veementemente tal ideia.

Não há como garantir nada a respeito do futuro, mas podemos investigar o passado para tirarmos conclusões acerca dos possíveis resultados de crises no universo de investimentos. E, se o passado nos serve de base, acreditamos exatamente no oposto: ter investimentos nos EUA foi e continua sendo uma forma de proteção a crises para investidores brasileiros.

É sobre isso que falamos no artigo Motivos e argumentos que reforçam a importância do investimento nos EUA em momentos de crise. Vale a leitura!


 

A SEMANA QUE PASSOU NO MERCADO E OS SEUS IMPACTOS


 

Em termos de agenda, o principal dado da semana foi o de vendas no varejo, que apresentou números melhores do que os esperados pelo mercado, mostrando que os consumidores americanos seguiram consumindo, apesar dos receios com a situação econômica. As vendas no varejo aumentaram 1,4% no mês ante as expectativas de +1,3%, resultado bem acima dos +0,2% reportados em fevereiro, de acordo com a leitura do Departamento de Comércio. Quanto à variação anual, o aumento foi de 4,6%, com números já ajustados pela sazonalidade. Excluindo automóveis e olhando o núcleo do indicador, o aumento também foi levemente acima do esperado, chegando a 0,5%.

Por outro lado, tivemos três catalisadores de um aumento de aversão a risco durante a semana.

Primeiro. Seguimos vendo uma escalada de tensões entre os EUA e a China. O país asiático aumentou as tarifas sobre os produtos americanos para 125% em resposta às tarifas americanas, que atingiram 145%. Já a Casa Branca respondeu elevando as tarifas a 245% para alguns produtos chineses, frente às sanções ou limitações de exportações de materiais raros para os EUA.


 

Fonte: Fact Sheet – President Donald J. Trump Ensures National Security and Economic Resilience Through Section 232 Actions on Processed Critical Minerals and Derivative Products – The White House, 15/04/2025

 

Para ajudar você a se situar no meio deste monte de notícias, preparamos a linha do tempo abaixo com os impactos percebidos em diferentes índices, como o S&P 500, a comparação dólar versus real e o BBG US 1-3 Year, que se refere aos rendimentos dos títulos de dívida americana de curto prazo.


 

Segundo. Na quarta-feira (16), a Nvidia anunciou que tenderia a sofrer encargos de cerca de US$ 5,5 bilhões por trimestre por conta das novas restrições dos EUA à exportação de seus chips de IA H20 para a China, em meio a debates sobre os seus potenciais usos na construção de um “supercomputador” e outros fins militares. Isso levou a uma queda generalizada nas ações de semicondutores e fez pesar o índice Nasdaq.

 

Terceiro. Ainda na quarta-feira (16), o presidente do Fed, Jerome Powell, expressou preocupação em relação ao dilema futuro de controlar a inflação e apoiar o crescimento econômico. Confira abaixo os highlights:

  • Powell alertou que as tarifas de Trump podem elevar a inflação temporariamente e que o Fed busca evitar que se isso torne persistente;
  • Ele também apresentou receios de que a economia estaria se afastando do pleno emprego e da meta de inflação de 2%, com aumento do desemprego em 2025;
  • A volatilidade atual do mercado seria algo esperado, não exigindo ação do Fed;
  • Por fim, a despeito de críticas, ele ressaltou o papel de independência do Fed, que permanecerá livre de influência política.

Além disso, Powell ponderou que, com a subida dos preços para os consumidores, as tarifas podem enfraquecer tanto o crescimento quanto o emprego, desafiando esse mandato duplo do Banco Central americano. Seu discurso foi visto como duro e ajudou a pesar nos mercados.


Fonte: Trump tariffs could put US Fed in a bind, its chief Jerome Powell warns | The Straits Times, 17/04/2025

 

IMPACTOS NO MERCADO


 

Renda Variável

Com tantos eventos que catalisaram a aversão a risco, não é de surpreender que tivemos mais uma semana de queda no mercado acionário americano, conforme visto na tabela acima.

Mas, como já comentamos aqui, esses momentos de incerteza e volatilidade podem ser aproveitados pelo investidor de longo prazo e com perfil para investimentos em renda variável. Não por acaso, e como exemplo disso, vimos que a volatilidade tem sido explorada por uma espécie específica de investidores, conhecidos como insiders – aqueles que trabalham na empresa.

Segundo o artigo Corporate Insiders Flash Bullish Stock Sign by Buying Into Rout, publicado na Bloomberg, os insiders corporativos estão comprando ações de suas próprias empresas no ritmo mais rápido dos últimos 16 meses, sinalizando um forte otimismo apesar da recente queda no mercado de ações. Quando o S&P 500 caiu em março e continuou a declinar em abril, os insiders compraram ações em um ritmo elevado, com a proporção de compra e venda neste grupo de investidores atingindo níveis observados em fundos de mercado anteriores, como agosto de 2015, final de 2018 e março de 2020. Essa tendência de compra sugere que os insiders, que têm conhecimento íntimo de suas empresas, veem a atual queda do mercado como uma oportunidade.

Nesse ambiente de incertezas, o ouro segue a sua toada de alta, atingindo nova máxima histórica e acumulando uma alta de cerca de 27% no ano…


Fonte: Tradingview.com, 17/abr/2025

 

… com uma performance que destoa bastante do seu retorno médio anual, conforme mostra o gráfico abaixo:


Fonte: Gui_Zanin_ on X, 17/abr/2025

 

Renda Fixa

Na renda fixa, tal como comentamos na última Weekly, a movimentação de alta nos yields foi momentânea e derivada de diferentes vetores de curto prazo, e não um movimento coordenado de venda de títulos americanos e/ou perda de confiabilidade nos títulos de dívida americanos.

Assim, vimos os yields voltarem a ceder na última semana e seguimos, no mercado, o movimento de alongar a duration de carteira – pelo menos é o que mostra a recente pesquisa feita pelo Bank of America Merrill Lynch com os seus clientes, revelada no gráfico abaixo. Investidores do banco vêm reduzindo posições em títulos de curto prazo (T-Bills) e comprando títulos mais longos (T-Notes).


Fonte: The Daily Shot, 16/abr/2025

 

Indo além das movimentações semanais e corriqueiras, vale investigar quem são os detentores da dívida americana. Por exemplo, o quão relevante é a China nesse contexto, dado que a segunda maior economia do mundo está diretamente envolta nessa guerra tarifária? Será que isso poderia “respingar” nos títulos americanos?

Bom, poder sempre pode… mas, apesar do volume grande de recursos de títulos de dívida americana (os chineses detêm mais de US$ 800 bilhões), o gráfico abaixo mostra que a maior parcela da dívida americana é detida por investidores domésticos. São instituições que por lei tendem a manter recursos em treasuries, fundos que possuem mandato de investimentos em títulos do governo, do Fed e dos fundos de pensão… Então será que faz sentido acreditar em narrativas que exacerbam a percepção de risco em relação a confiança nos títulos americanos? Em nossa visão, a resposta é bem simples: NÃO!


Fonte: Visual Capitalist, 10/dez/2024

 

Como sempre, ter uma parcela alocada em renda fixa ajudou a atenuar a turbulência do portfólio de ações. Os gráficos a seguir mostram o desempenho do mercado de bonds, através do retorno acumulado das treasuries em momentos de queda do mercado de ações, aqui medidos pelo S&P 500. No primeiro gráfico vemos dentro de um horizonte maior de prazo, enquanto o segundo nos traz um certo “zoom” dos momentos mais recentes. Podemos perceber que, com exceção do período de 2022 quando os juros americanos estavam em um momento de alta por conta da forte inflação daquele período, há uma certa correlação inversa que favorece o portfólio do investidor diversificado.


Fonte: The Daily Shot, 17/abr/2025


Fonte: The Daily Shot, 17/abr/2025

 

Agora, ainda mais importante para o investidor brasileiro é o entendimento de que ter uma parcela da carteira dolarizada e investida em renda fixa mais uma vez se mostrou uma decisão acertada em meio à turbulência atual. Veja que desde o início do “tarifaço” o dólar se valorizou e o investidor que esteve alocado somente em real, por exemplo no CDI, não esteve tão protegido quanto aqueles que investiram em renda fixa nos EUA.


Fonte: Bloomberg (elaboração Avenue)

 

A SEMANA QUE SE INICIA…

Para esta semana temos:

  • PMIs sendo divulgados na quarta-feira (23);
  • Dado de vendas de casas novas também na quarta-feira (23) e de vendas de casas usadas no dia seguinte (24).
  • Pedidos iniciais de seguro-desemprego na quinta-feira (24).

 

Confira abaixo a programação completa:


 

E se a agenda econômica está mais fraca, os balanços ganham ainda mais a atenção dos investidores com o calendário de resultados começando a se intensificar:


 

Lembrando que na página Resultados Trimestrais – Temporada de balanços nos EUA você encontra um acompanhamento completo preparado pelo nosso time de especialistas.

 

Que tal continuarmos esse papo no Twitter e Instagram? Siga @willcastroalves e me diga o que achou do conteúdo da semana. Até lá!

Aquele abraço!

William Castro Alves

Estrategista-chefe da Avenue Securities

 


 

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William Castro

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