Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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LIVE

Conselho de amigo: no link Impactos das Tarifas e Movimentos do Mercado – Conexão Avenue (08/04/25) você encontra a live que eu e Daniel Haddad, nosso Chief Investment Officer, apresentamos sobre esse cenário turbulento que temos vivenciado. Se você perdeu ou quiser rever o nosso papo, aproveite este lembrete e já salva o vídeo para assistir mais tarde.

 

A SEMANA QUE PASSOU NO MERCADO E OS SEUS IMPACTOS


 
 

 

TARIFAS PARA CÁ, TARIFAS PARA LÁ…

Eu tarifo, tu tarifas, eles tarifam…

Eu tarifava, tu tarifarias, se eles tarifassem…

Se eu não tarifar, não tarifes tu ou tarifemos nós…

Mais difícil do que entender o atual mercado talvez seja fazer todas essas conjugações do verbo tarifar nos diferentes tempos verbais da língua portuguesa! O tom jocoso usado na introdução desta coluna foi pensado justamente para trazer alguma leveza a esse tema que foi deveras duro e com diversas repercussões no mercado.

Sinceramente não vou ficar aqui narrando as notícias… até porque foram tantas! Em apenas sete dias, desde a nossa última Weekly, muitas coisas aconteceram, mas o grande suco ou o que sobrou desse bagaço foi: o governo Trump deu um passo atrás na questão das tarifas e postergou a sua implementação em 90 dias para países que não retaliaram os EUA, ou seja, deixando a China de fora desse adiamento.


Fonte: Tampa Bay News, 09/abr/2025

 

Outro fator importante que observamos na semana passada foi a disposição de os EUA e a China escalarem as tensões de uma guerra comercial já ampla e totalmente declarada. Tivemos um pingue-pongue de elevação de tarifas e retaliações de ambos os lados que, de tão absurdas, nos parece difícil acreditar que serão mantidas.

Por fim, mas igualmente importante, durante o final de semana o presidente Trump isentou smartphones, computadores e outros dispositivos e componentes de tecnologia de suas tarifas recíprocas, de acordo com as novas orientações da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA. Segundo a Casa Branca, as isenções foram feitas porque Trump quer garantir que as empresas tenham tempo para transferir a produção ao país.

 

O que podemos tirar de tudo isso?

Deixo aqui algumas opiniões e preocupações que podem não ser muito positivas para os mercados:

 

  • Flexibilização. Entendo que o grande resultado dos últimos dias foi uma postura relativamente aberta e disponível para a discussão e a negociação. Desde o anúncio das tarifas no dia 3 de abril, esta é a primeira vez que vimos o governo americano demonstrar alguma flexibilização no discurso de forma efetiva, anunciando a postergação da implementação de tarifas recíprocas. Agora talvez vejamos o mercado reduzir a probabilidade esperada de eventos extremos, como uma grave e grande recessão no mundo. Isso porque a Casa Branca tem mostrado nos últimos dias uma certa disposição em negociar. Assim sendo, será que faz sentido apostar em um cenário unilateral de total desentendimento bilateral entre os países que leve à implementação das tarifas? Bom, eu diria que tal cenário parece menos provável – e isso é uma boa notícia para os mercados no curto prazo;
  • Incerteza. Por outro lado, o nível de incerteza e volatilidade tende a continuar elevado, dado que a postergação de implementação não significa que as tarifas serão canceladas. Além disso, a indicação de negociação entre países não garante que efetivamente sejam feitos acordos, evitando tarifas e retaliações de ambos os lados;
  • Economia. Parece cada vez mais provável que teremos um impacto negativo na atividade econômica derivado dos desdobramentos das tarifas. Digo isso porque, apesar de os dados de atividade da economia ainda não demonstrarem forte contração, os indicadores de sentimento têm estado negativos por bastante tempo. Dado que essa situação deve ainda se arrastar por certo período, parece mais provável que tenhamos um choque negativo no crescimento nos próximos meses.
  • Credibilidade. Penso que ainda veremos discussões acerca da credibilidade dos EUA e de suas instituições em meio à tamanha mudança de postura e às infindáveis incertezas que as políticas do atual governo têm gerado no mercado. Em outras palavras, a grande questão é: até que ponto a imagem americana ficou e/ou ficará permanentemente prejudicada? Afinal, essa dúvida afeta diretamente a disposição de investidores estrangeiros em seguir vendo os EUA como um porto seguro aos seus investimentos.

 

Se, por um lado, essa dúvida a respeito de uma mancha na credibilidade americana parece “pairar no ar”, por outro, a verdade é que na semana anterior tivemos leilões de títulos do governo americano de 10 e 30 anos que somaram mais de US$ 60 bilhões e nos quais a demanda foi considerada forte (leia mais em U.S. Treasury auction allays concern about selloff  | Reuters e 30-Year Treasury Auction Showed Strong Demand | Barron’s. E o que isso significa? Que, apesar dos receios, ainda há interesse dos investidores por títulos americanos, simples assim – e, a meu ver, este é um bom indicador sobre essa questão de credibilidade.

Ainda sobre isso, já vimos tais questionamentos diversas vezes em outros momentos de crise e a despeito das dúvidas os EUA continuaram sendo a maior economia do mundo e o dólar a moeda de reserva de valor global.

Por fim, entendemos que é importante o investidor manter a consistência em seus investimentos, seguindo seu perfil de investimentos que são alinhados com seus objetivos de longo prazo. Reforçamos ao investidor brasileiro que a diversificação geográfica e a exposição internacional são vitais para a construção de uma carteira menos suscetível às nuances e às volatilidades da política e da economia domésticas. Aqui na Avenue, além de receber uma série de relatórios técnicos e estratégicos para guiá-lo durante a sua jornada, você encontra uma equipe de especialistas pronta para auxiliar na construção da sua carteira internacional.

 

Indicadores econômicos

Em termos de dados econômicos, o foco dos últimos dias esteve nos indicadores de inflação.

O índice de preços ao consumidor dos EUA caiu 0,1% em março, levando a taxa de inflação acumulada em 12 meses para 2,4%, ficando abaixo dos 2,8% de fevereiro. Ao olharmos para o seu núcleo (excluindo alimentos e energia), a taxa anual ficou em 2,8%, com um aumento de 0,1% no mês – sendo a menor taxa de núcleo da inflação desde março de 2021.


Fonte: Bloomberg, elaboração Avenue

 

Nessa mesma toada, a inflação ao produtor demonstrou contração no mês de março, com o PPI trazendo uma variação negativa de -0,4% versus o aumento de 0,2% esperado pelo mercado.

Em suma, os dados de inflação mostraram certo refresco nos preços e, de certa forma, permaneceram em linha com um cenário de desaceleração no nível de atividade da economia americana. Os números de inflação ainda não foram influenciados pela entrada em vigência das tarifas e devem ser lidos com essa ressalva. Ainda assim, eles podem ajudar no arrefecimento das expectativas inflacionárias que vinham subindo. Por fim, não podemos desconsiderar que o patamar de inflação ainda se mostra acima da meta do Fed e que as potenciais pressões nos preços, derivadas da aplicação de tarifas, tendem a dificultar mudanças na política monetária no curto prazo.

 

IMPACTOS NO MERCADO


 

Diria que o principal impacto observado no mercado é uma volatilidade um tanto quanto impressionante.

No dia em que a pausa nas tarifas foi anunciada, vimos na renda variável as ações americanas dispararem e registrarem máximas históricas. Na quarta-feira (09), o Dow Jones disparou 7,87%, enquanto o S&P 500 subiu 9,52% e o Nasdaq chegou a 12,16%. Com relação ao S&P 500, essa alta representou o melhor dia desde outubro de 2008 e foi também o terceiro melhor dia para o índice desde que a sua versão moderna foi formada em 1957!


Fonte: CNBC.com, 09/abr/2025

 

Em resumo, a semana foi positiva, mas com destaque para a elevada volatilidade nos mercados de renda variável. Isso só reforça aquela recomendação que já trouxemos algumas vezes por aqui: a importância de se estar investido, mesmo em períodos de medo e volatilidade no mercado. Porque dias como esses tradicionalmente acontecem em momentos de muita incerteza e altas dessa magnitude fazem impacto na performance de um portfólio a longo prazo.

Outra consequência observada foi uma queda no índice dólar (DXY), vide gráfico abaixo.


Fonte: Tradingview.com, 11/abr/2025

 

Aqui cabem três ressalvas com relação a essa queda recente: (i) o índice voltou ao patamar pré-eleição em 2022; (ii) ainda temos aquela pergunta qual a alternativa ao dólar como moeda global?; (iii) a moeda americana se valorizou frente ao real, o que nos faz lembrar que essa dinâmica do dólar com o real depende muito da moeda brasileira.

Já na renda fixa, também temos visto volatilidade, chamando bastante a atenção o movimento recente das curvas de juros. Bom, podemos levantar de imediato diversas teorias: (i) operações de fundos de hedge fund influenciando os mercados; (ii) a questão da credibilidade pesando e cobrando mais prêmio na curva; (iii) volatilidade do mercado sendo colocada nas treasuries; (iv) venda dos títulos (queda do preço e aumento do yield) e o retorno de alocação em títulos de risco. Enfim, temos vários motivos listados, sendo difícil precisar qual foi o mais determinante… Por ora, é importante seguirmos com o monitoramento…


Fonte: Tradingview.com, 11/abr/2025

 

Vale ainda mencionar o aumento dos spreads dos títulos high yield, o que pode ser considerado normal e um reflexo da maior percepção de risco do mercado com a classe.


Fonte: The Daily Shot, 10/abr/2025

 

 

A SEMANA QUE SE INICIA…

Nesta semana teremos uma agenda de indicadores econômicos mais tranquila, com destaques para:

  • A divulgação dos dados de vendas no varejo, na quarta-feira (16);
  • Pedidos de auxílio-desemprego e da atividade industrial medida pelo Fed da Filadélfia, na quinta-feira (17);
  • Lembrando que teremos feriado na sexta-feira (18) e o mercado estará fechado.

Confira abaixo a programação completa para os próximos dias:


 

E se a agenda econômica está mais fraca, os balanços ganham ainda mais a atenção dos investidores com um calendário mais intenso:


 

Não esqueça que na página Resultados Trimestrais – Temporada de balanços nos EUA você encontra o acompanhamento completo das divulgações, preparado pelo nosso time de especialistas.

 

Que tal continuarmos esse papo no Twitter e Instagram? Siga @willcastroalves e me diga o que achou do conteúdo da semana. Até lá!

Aquele abraço!

William Castro Alves

Estrategista-chefe da Avenue Securities

 

 


 

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