Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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A SEMANA QUE PASSOU NO MERCADO E OS SEUS IMPACTOS


 

Direto ao ponto: o foco da última semana foram os dados de inflação.

A inflação ao produtor americano, divulgada na terça-feira passada (14), apresentou uma desaceleração ante as leituras anteriores, ficando aquém do esperado pelo mercado no seu índice cheio e em seu núcleo. De acordo com o Bureau of Labor Statistics, o índice de preços ao produtor subiu 0,2% no mês, percentual abaixo tanto do indicador de novembro (+0,4%) quanto da estimativa de consenso do mercado de 0,4% – excluindo alimentos e energia, o seu núcleo veio sem mudança.

Já na quarta-feira (15), a inflação ao consumidor americano revelou números abaixo dos esperados em seu núcleo, ou seja, excluídos os preços de alimentos e energia (+3,2% versus +3,3% estimados pelo mercado e +0,2% versus +0,3% na comparação mensal). Olhando para o índice cheio, a leitura veio em linha com o previsto, sendo que grande parte do movimento de alta no CPI (Consumer Price Index) teve origem no aumento de 2,6% dos preços de energia que, por sua vez, foram impulsionados pela alta de 4,4% da gasolina (este fator foi responsável por cerca de 40% da elevação do índice, ainda segundo o Bureau of Labour and Statistics). O dado de moradia, que representa aproximadamente um terço da ponderação do CPI, subiu 0,3% no mês e 4,6% em relação ao ano anterior – mesmo parecendo elevado, saiba que este foi o menor ganho anual desde janeiro de 2022. Os gráficos abaixo mostram essa evolução do índice cheio nas bases mensal e anual:


Fonte: Bloomberg. Elaboração Avenue, em 15/jan/2024

 

O dado do CPI abaixo do esperado em seu núcleo e em linha com o índice cheio foi recebido de forma positiva pelo mercado, no contexto de controle da inflação e do seu retorno à meta. A interpretação é de que que esses números abrem espaço para uma eventual postura mais branda do Fed ou, pelo menos, para o arrefecimento das apostas mais agressivas de aumento e/ou mudança no direcionamento dos juros. Não por acaso notamos um impacto importante no mercado de juros, com os yields dos títulos de dívida americanos cedendo, com uma alta da bolsa no mesmo dia.

No entanto, ainda é cedo para falarmos em mudança de perspectiva. No curto prazo, o mercado precifica uma pausa nos juros na próxima reunião, com cerca de um ou dois cortes ao longo do ano.

Quanto ao futuro, o cenário apresenta incertezas em torno das potenciais tarifas e outras políticas propostas pelo presidente eleito Donald Trump. Quando anualizamos os dados dos últimos meses, apesar do número mais brando de dezembro, vemos um certo recrudescimento da inflação no período recente (vide gráfico abaixo) – o dado de três meses anualizado aponta para uma inflação de 3,9%, bem longe da meta do Fed.


Fonte: Nick Timiraos on X, 15/jan/2024

 

 

Além dos dados de inflação, tivemos o início da safra de balanços do 4T24 nos EUA. Destaque para os números dos maiores bancos americanos, como J.P. Morgan, Bank of America, Citigroup, Wells Fargo, Goldman Sachs e Morgan Stanley, dentre outras instituições regionais. Em geral, os números vieram acima do esperado pelo mercado, dando um pontapé inicial positivo para esta nova temporada de resultados.

Aqui na Avenue fazemos uma cobertura completa dos números das empresas, com análises exclusivas elaboradas pelo nosso time de especialistas, disponível no link: Resultados Trimestrais: Temporada de balanços nos EUA

 

 

O QUE ESPERAR PARA ESTA NOVA SAFRA DE BALANÇOS CORPORATIVOS?

Os resultados divulgados a partir de agora referem-se ao período de três meses entre outubro e dezembro. Nesse intervalo, em geral, tivemos dados que surpreenderam para cima e revelaram uma atividade econômica mais forte do que a esperada pelo mercado. O índice de surpresa econômica do Citigroup – parâmetro criado a partir da agregação de outros indicadores antecedentes da economia – manteve-se positivo durante boa parte do trimestre.


Fonte: MacroMicro.me, 17/jan/2024

 

 

Sendo assim, os dados econômicos mais fortes do que os esperados nos sugerem um desempenho forte do PIB no 4T24. Corroborando esse cenário, temos visto revisões para cima (maior crescimento) dos números previstos pelo Fed de Atlanta em sua ferramenta GDPNow – o índice mais recente aponta para um crescimento de 3,0% do PIB americano no 4T24.


Fonte: GDP Fed Atlanta, 16/jan/2025

 

 

Números gerais

Em resumo, tivemos um ambiente de crescimento econômico que tende a se traduzir em crescimento de receitas e de lucros para as empresas do S&P 500.

Mais especificamente, as expectativas são de:

  • Crescimento de receitas de 4,7% na comparação com o 4T23 (fonte). Caso esta projeção se concretize, teremos o 17º trimestre consecutivo de crescimento de receitas do índice.
  • Crescimento de lucros de 11,7% na comparação com o 4T23 (fonte). Caso esta previsão se confirme, será a maior taxa de crescimento (ano a ano) relatada pelo índice desde o 4T21 (quando os lucros cresceram 31,4%).

Analisando setorialmente, sete dos 11 setores do índice devem relatar crescimento na comparação anual, sendo que seis desses devem apresentar um crescimento de dois dígitos: Finanças, Serviços de Comunicação, Tecnologia da Informação, Bens de Consumo Discricionários, Serviços Públicos e Saúde. Por outro lado, quatro setores devem relatar declínio ano a ano nos lucros. Apenas um desses quatro setores o mercado está projetando uma queda de dois dígitos: Energia.

 

O que mais ficar de olho?

  1. Mais do que os resultados passados, é importante acompanhar as estimativas e percepções das empresas com relação aos seus resultados futuros. Para este 4T24, ao todo 71 empresas do S&P 500 emitiram orientação de lucros negativa e 35 empresas emitiram guidance positivo.
  2. Dólar forte e seus impactos. Com o dólar (índice) apresentando uma alta superior a 8% desde o fim de setembro, tendo atingido o seu maior nível em mais de 2 anos, será interessante observar qual o impacto sentido pelas empresas multinacionais. Isso porque essas empresas precisam converter as suas vendas no exterior para dólares americanos. Para referência, mais de 40% das receitas das empresas do S&P 500 vêm de fora dos EUA (fonte).
  3. Expectativas com o novo governo. Será importante analisar como as empresas estão se preparando para as mudanças na administração em Washington, D.C, com as potenciais reformas no campo tributário, tarifário e nas regulamentações setoriais. Obviamente, toda comunicação de cunho político é sempre muito sensível e dita nas entrelinhas, mas as empresas podem e devem comunicar aos seus acionistas como planejam navegar por tais mudanças.
  4. Big techs. Por último, mas não menos importante, os resultados das maiores empresas de tecnologia são sempre muito aguardados. As previsões são de continuidade de crescimento para o grupo das chamadas Magnificent 7, com a expectativa de que os lucros dessas empresas cresçam cerca de 20% em comparação ao mesmo período do ano passado, com receitas 12% maiores (fonte). Sim, estes são números superiores aos esperados para o índice cheio do S&P 500, mas demonstram uma desaceleração frente ao ritmo de crescimento observado nos últimos dois anos.

 

 

IMPACTOS NO MERCADO


 

A SEMANA QUE SE INICIA…

 

Feriado e posse de Donald Trump

Esta semana se inicia com o feriado de Martin Luther King nos EUA, então o mercado estará fechado na segunda-feira (20), com o foco direcionado à posse do presidente eleito Donald Trump.

Falando sobre o tema, já comentamos algumas vezes em nossas lives mensais que há uma incerteza muito grande acerca dos rumos e dos impactos econômicos das medidas que o novo governo poderá adotar. Mas, a partir de agora, as expectativas se tornarão realidade. Notícias apontam que Trump e a sua equipe teriam 100 ordens executivas para serem implementadas logo em seu primeiro dia de mandato (Trump is planning 100 executive orders starting Day 1 | AP News).


Fonte: AP News, 14/jan/2025

 

 

Tais ações são amplas e deverão ir além da economia. Com relação aos impactos econômicos, provavelmente veremos anúncios relacionados a quatro grandes vetores:

  • Tarifas;
  • Imigração;
  • Desregulação;
  • Corte de impostos.

E, afora isso, podemos citar também outras providências que tendem a impactar alguns setores específicos, como petróleo, cryptos e saúde. Lembrando que medidas que afetem esses vetores costumam gerar impactos, por tabela, nas expectativas de inflação, de crescimento econômico e, consequentemente, na precificação de ativos no mercado. Não por acaso vimos o chamado Trump Trade mexendo com os yields dos juros, gerando força do dólar e alta nas bolsas.

Até agora o mercado precificou o boato … as expectativas … as falas aqui e acolá. O gráfico abaixo compara o nível de incerteza em relação à política comercial no momento atual com outros períodos.


Fonte: WallStJesus on X, 12/jan/2025

 

 

Mas, a partir de agora, Trump assumirá de fato e acreditamos que algumas dessas incertezas serão reduzidas, já que ele começará a executar, dentro dos limites que a política lhe impõe, a sua agenda de reformas e o mercado poderá avaliar melhor os seus impactos econômicos reais. Portanto, o foco desta semana será a leitura de suas executive orders nesses campos e os seus possíveis impactos na inflação, nos juros, no dólar e na bolsa.

Mas fique tranquilo porque, tão logo o novo presidente tome posse e tenhamos novidades, traremos atualizações nesse sentido. Por isso, não deixe de acompanhar as nossas redes sociais e o nosso blog!

 

 

Seguindo na agenda…

Nesta quinta-feira (23), teremos a atualização dos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA e, na sexta-feira (24), a divulgação dos dados do setor imobiliário e de confiança do consumidor americano.


 

 

Confira abaixo o calendário de resultados da semana:


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Aquele abraço!

William Castro Alves

Estrategista-chefe da Avenue Securities

 


 

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