Eleições americanas de 2024: mais volatilidade no mercado?
16/04/2024
Por
William Castro
Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.
Neste ano de 2024, temos diversas eleições acontecendo ao redor do mundo. Iremos ver cerca de 49% da população mundial decidindo seus governantes através de eleições nacionais, o que equivale a pelo menos 64 países (além da União Europeia). Em especial nos EUA, como a maior economia e mercado do mundo, a eleição ganha uma repercussão ainda maior. Portanto, ao longo do ano, iremos produzir diversos conteúdos sobre o tema, buscando explicar, esclarecer, traduzir e interpretar o que está acontecendo por aqui, para que você se sinta totalmente confortável ao investir nos EUA.
MAIS INCERTEZA…
As definições em torno das lideranças políticas inserem um componente de incerteza no mercado acerca de temas que podem ser relevantes nos anos seguintes. Como sempre, entendo que o mercado superestima tais mudanças e possíveis impactos no curto prazo. Algo que nós, como brasileiros, temos certa familiaridade. Como brasileiros, temos um viés de acreditar que tais eventos (eleições) são determinantes para o desempenho do mercado. Obviamente, esse viés não surge por acaso, mas é fruto das experiências que vivemos. De fato, como uma economia emergente e uma democracia relativamente jovem, experimentamos muitos eventos e situações em que o cenário político e o risco político impactaram significativamente nossos investimentos.
IGUAL A MAIS VOL
Nos EUA, uma característica que pudemos observar nos anos eleitorais foi o aumento da volatilidade. Por volatilidade aqui, de uma forma muito simples e fácil de entender, estou falando de quanto o mercado oscila ou varia em torno de sua média.
Em geral, verifica-se um aumento da volatilidade no ano da eleição, refletindo as incertezas relacionadas à decisão política. A volatilidade observada foi de 16,5% durante os anos eleitorais e de 15,3% durante os anos não eleitorais (ver gráfico abaixo).
Fonte: J.P. Morgan Asset Management – 29/fev/2024
No entanto, conforme podemos observar também no gráfico, os números acabam sendo influenciados por três anos específicos nos quais tivemos eleições, mas ao mesmo tempo, a economia americana passou por algumas crises significativas – a crise das “.com” em 2000, a crise financeira em 2008 e a crise da Covid em 2020. Em outras palavras, o principal indutor de volatilidade foram muito mais os fatores e crises econômicas do que os derivados das eleições.
A VOL TEM DATA…
Outra característica que pudemos observar sobre a volatilidade em anos eleitorais foi o fato de que as incertezas relacionadas à eleição ganham mais força e espaço no mercado nos meses mais próximos das eleições, quando as propostas dos candidatos passam a ser mais estudadas e as pesquisas eleitorais mais frequentes.
Ao observar o Índice VIX, que mostra as expectativas em relação à volatilidade do mercado de ações através das opções (derivativos), podemos notar uma certa maior volatilidade nos meses e semanas que antecedem a eleição, além do próprio dia da eleição.
Abaixo, segue uma tabela que resume os valores do VIX em diferentes momentos.
A boa notícia é que historicamente, uma vez que tais incertezas se dissipam e as propostas de governo se tornam mais claras com o novo governo eleito, o mercado apresenta boa performance (conforme mostrado na linha que representa a “média”) – vale sempre ressaltar que nada garante que será assim este ano.
Fonte: J.P. Morgan Private Bank U.S. – 18/mar/2024.
Mais uma vez, é evidente que os eventos econômicos ocorridos em 2000, 2008 e 2020 afetam a análise.
A VOLATILIDADE PODE SER SUA AMIGA
Acho pertinente lembrar algo que já comentei neste artigo, ou seja, que o desempenho do mercado de ações é pouco afetado pelas eleições. No entanto, sim, a variabilidade do portfólio pode assustar alguns investidores. No entanto, para concluir, gostaria de citar uma reflexão do maior investidor de todos os tempos, Warren Buffet, sobre o tema:
“Volatility is a long-term investors’ best friend.”
“A volatilidade é a melhor amiga dos investidores de longo prazo.” (fonte)
Então, enjoy the ride (aproveite o passeio) nesse ano.
E para quem quiser, sempre deixo aqui o convite para me seguir nas redes sociais – @willcastroalves tanto no Twitter quanto no Instagram – e diga o que achou.
Aquele abraço!
William Castro Alves
Estrategista-chefe da Avenue Securities
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William Castro
Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.
