História do dólar
12/07/2024
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12/07/2024
Onde você estava em 1994? Talvez você consiga se lembrar, talvez não tivesse nascido ainda. Mas foi nesse ano que a moeda que utilizamos no dia a dia no Brasil nasceu: o real. Você lembra qual era a moeda do Brasil em 1792? Agora fica difícil a resposta, são mais de 200 anos atrás, é bastante tempo. Eu respondo, também se chamava real, só que ficou mais conhecida no seu plural, como réis. Agora tem outra moeda que nasceu nesse mesmo ano: o dólar.
Hoje ela é a quarta moeda mais antiga em circulação, ficando atrás do dinar sérvio, rublo russo e a libra esterlina. No artigo de hoje veremos um pouco mais sobre a história do dólar, seu surgimento, quando e como ela se tornou a principal moeda do mundo.
A data de 1792 diz respeito ao The Coinage Act, ou a Lei da Moeda, em português, que estabeleceu o dólar como principal moeda dos EUA. Nesse início, a moeda possuía um padrão chamado de bimetálico, no qual tinha lastro tanto no ouro quanto na prata. Sua origem, porém, tem mais relação com a moeda prateada do que a dourada. Isso porque o dólar americano foi inspirado no dólar espanhol, muito utilizado nas colônias americanas antes da independência, em 1776.
Mas, nesse início, ainda não existiam as notas como estamos acostumados hoje, eram todas moedas. Isso só foi mudar em 1861, com a Guerra Civil Americana. Para financiar a guerra, o Tesouro americano começou a emitir notas chamadas de Demand Notes, de US$ 5, US$ 10 e US$ 20, que os cidadãos conseguiriam trocá-las por ouro e prata em bancos específicos. Porém, não era todo o valor das notas que possuíam lastro nos metais.
Elas também ficaram conhecidas como Greenbacks, por conta da sua coloração. A cor verde da moeda mais famosa do mundo se iniciou nesse momento. Abaixo é possível ver um exemplo dessa nota.
Fonte: Federal Reserve Bank of San Francisco
O dólar continuou crescendo em uso após a guerra civil, mas estava longe de ser algo perto do que a gente conhece hoje. O início dessa jornada, até chegar no fim da segunda guerra mundial, começou com a criação do Federal Reserve Board, através do Federal Reserve Act. O FED é o banco central dos EUA, que tanto ouvimos falar hoje em dia. Esse foi um grande passo para trazer estabilidade ao sistema financeiro americano.
A virada de chave foi após o final da segunda guerra, quando os EUA financiaram boa parte dos aliados, que pagavam pelos armamentos e suprimentos com ouro. O Acordo de Bretton-Woods, em 1944, trouxe essa mudança, uma vez que os americanos tinham boa parte do ouro mundial em reserva. A partir desse momento, o dólar foi utilizado como moeda mundial nas transações, mantendo o padrão ouro até 1971.
Essa reunião que ocorreu na cidade de Bretton-Woods, em New Hampshire foi um dos marcos mais importantes do século XX. Em julho desse ano representantes de 44 países se reuniram para definir um novo sistema de regras que conduzisse o capitalismo após a Segunda Guerra Mundial. Nessa reunião também foram criados órgãos como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Durante Bretton-Woods, um acordo sobre as taxas de câmbio também foi estabelecido, fortalecendo ainda mais o dólar. Isso porque os Bancos Centrais adotaram taxas de câmbio fixas entre a moeda do país e o dólar. Então caso a moeda local ficasse mais forte, o Banco Central teria que emitir mais moeda para que o preço baixasse, e vice-versa.
O fim da convertibilidade do dólar aconteceu em 1971, sendo um outro marco para a moeda americana, decretado pelo presidente Richard Nixon. Esse foi o fim do sistema de Bretton-Woods, trazendo uma nova dinâmica para a economia mundial.
O fim do lastro com o ouro fez com que o dólar fosse a moeda padrão e de segurança. Existe um índice que calcula a força do dólar desde o início dos anos 70, chamado DXY. Ele compara a moeda americana com uma cesta de moedas de outros 6 países/regiões: Euro, Iene, Libra Esterlina, Dólar Canadense, Coroa Sueca e Franco Suíço.
Esse índice tem uma base de 100, ou seja, quanto mais alto ele está, mais forte está o dólar em relação à cesta de moedas, e vice-versa. Abaixo está o gráfico da performance desse índice desde o começo.
Fonte: Koyfin
Além disso, é interessante ver no gráfico que momentos de alta no dólar seguem próximos de momentos de alta de juros nos EUA, uma vez que uma taxa mais alta atrai capital para o país. Isso é visível no início da década de 80, dos anos 2000 e, mais recentemente, a partir de 2022, com a alta de juros para conter a inflação decorrente dos estímulos durante a pandemia.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), até 2023, o dólar representa um pouco menos de 60% das reservas internacionais do mundo. Ainda que essa porcentagem tenha caído nas últimas décadas, continua muito acima de todas as outras moedas. Considerando o Brasil, a reserva fica perto de 80%, valor que o Banco Central Brasileiro usa “como uma espécie de seguro para o país fazer frente às suas obrigações no exterior e a choques de natureza externa”, parafraseando o próprio BCB.
Fonte: Banco Central do Brasil
A moeda americana já conta com mais de 200 anos de existência e, com o passar do tempo, se consolidou como a principal moeda do mundo, dados inúmeros acontecimentos ao longo das décadas e séculos, como os abordados neste artigo.
Entender a história e o caminho de uma moeda é uma das melhores formas de compreender por que ela é tão dominante hoje, sendo a principal reserva internacional, considerada um ‘safe haven’, ou porto seguro em português, em momentos de incertezas.
History of U.S. Currency | U.S. Currency Education Program (uscurrency.gov)
9 Oldest Currencies Still Used Around the World – Oldest.org
Dólar: por que a moeda americana é a mais poderosa do mundo? (b3.com.br)
Why is the U.S. Dollar the World’s Reserve Currency? | SoFi
DXY: o que é e como funciona o índice do dólar americano – InfoMoney
DXY – Price & Volume (koyfin.com)
Why the U.S. dollar remains a reserve currency leader | Vanguard
Reservas internacionais (bcb.gov.br)
História – Bretton Woods (ipea.gov.br)
Dollar Dominance in the International Reserve System: An Update (imf.org)
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