Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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O mercado já esperava o corte de juros, com a dúvida sendo sobre sua magnitude. O Banco Central dos Estados Unidos reduziu a taxa básica de juros em 0,5%, para um intervalo entre 4,75% e 5,00%.

Fonte: Trading Economics – 18/set/2024

 

Impacto

  • Os yields dos títulos tiveram impactos mistos, reagindo de forma leve e inconsistente; a curva de juros americana já precificava o início do ciclo de cortes. A parte curta cedeu mais, enquanto a taxa de longo prazo teve uma reação mais negativa.
  • Índice dólar apresentou queda logo após o comunicado, caindo também frente ao BRL; A dinâmica cambial de USD/BRL pode ainda ser impactado pela decisão do Copom mais tarde.
  • Bolsas, em geral, reagiram de forma positiva com tanto S&P, Nasdaq e Russel 2000 subindo.

 

Estimativas, Dot Plot e Comunicado. Junto ao tradicional comunicado, o Fed publicou as suas novas estimativas macroeconômicas e o seu Dot Plot, com as expectativas de taxa de juros dos 19 membros do comitê.

No que diz respeito as estimativas, vimos que o Fed espera um crescimento do PIB de 2,0%, para 2024, 2025, 2026 e 2027. A projeção ajustou o crescimento para 2024 de 2,1% para 2,0% se compararmos com junho. A expectativa de taxa de desemprego para 2024 foi ajustada para 4,4% desde 4,0% nas estimativas de junho. O desemprego esperado para 2025 e 2026 é de 4,4% e 4,3%, respectivamente, também ajustados para cima por 0,2pp. Quanto à inflação, o FED espera 2,3% para o PCE no final de 2024 e no núcleo 2,6%. Essa projeção veio 0,2pp frente a última estimativa do Fed. A projeção de taxa de juro terminal para 2024, 2025, 2026 e 2027 é agora de 4,4%, 3,4%, 2,9% e 2,9% respetivamente. A taxa terminal de longo prazo subiu de 2,8% para 2,9%.

 

Fonte: Federal Reserve – 18/set/24

 

No comunicado o Fed fez várias alterações de linguagem utilizada, tanto no que diz respeito ao emprego como em relação a inflação, naquele que foi um comunicado considerado dovish. O FOMC falou de um mercado de trabalho em “desaceleração”, no que antes chamava de “moderação” e de forma mais veemente sobre o progresso já feito quanto à meta de inflação de 2%. Foi também acrescentado no comunicado o comprometimento do Fed com o seu mandato de pleno emprego. A decisão não foi consensual; membro Bowman votou contra a decisão tendo favorecido um corte de 25bps. É a primeira decisão dissidente do FOMC desde 2005.

Fonte: Federal Reserve – 18/set/24

 

No Dot Plot, 10 dos 19 membro do Fed esperam que até ao final do ano ainda vejamos mais 50bps de cortes. A mediana aponta também para mais 100bps de cortes em 2025. Há longa dispersão nas expectativas de taxa de juro para 2025, 2026, 2027 e para a taxa terminal de longo prazo.

 

Fonte: Federal Reserve – 18/set/24

 

Leitura

O corte de 50bps acabou por surpreender parcialmente alguns operadores do mercado. Ainda assim, a leitura é a de que o Fed optou por se antecipar, e tentar uma abordagem de gestão de riscos, tentando não ficar atras da curva ou aguardar por uma maior deterioração do mercado de trabalho para cortar juro numa maior magnitude.

 

Resumo dos principais pontos da coletiva de Jerome Powell:

  • Jerome Powell disse no seu comentário introdutório que a redução de 50 bps ajuda a recalibrar o balanço de riscos entre inflação e equilíbrio do mercado de trabalho, ajudando a mover a taxa de juros americana para a sua taxa neutra, após um longo período de política monetária restritiva.
  • O presidente do Fed voltou a mencionar a dicotomia existente entre os impactos de cortar muito tarde, impactando negativamente a atividade economia e o emprego, e, cortar demasiado rápido e os impactos negativos que isso poderia gerar na inflação.
  • Powell disse ainda que a política pode ser ajustada de acordo com as dinâmicas desse mandato dual
  • Powell disse que desde a reunião de Julho, a principal mudança foram os dados de emprego que reforçaram a desaceleração do mercado de trabalho.
  • O ritmo dos próximos cortes e a sua magnitude seguirá sendo decidido “reunião a reunião” e de acordo com “os dados macroeconômicos” mantendo a sua visão de dependência de dados.
  • Respondendo à questão se achava que o Fed poderia estar “atrás da curva”, o presidente do Fed disse que acredita que não e que o corte com a magnitude de 50 bps garante que eles se anteciparam a possibilidade de ficar atrás da curva. Disse ainda que acredita que a economia segue forte e resiliente, com crescimento econômico, inflação controlada, e um mercado de trabalho que, apesar da desaceleração, segue num nível forte.
  • As dinâmicas do mercado de trabalho seguiram sendo fundamentais para a leitura do Fed. O ritmo de criação de trabalho sustentável vai depender também da dinâmica entre oferta de trabalho e oferta de mão de obra.
  • Quando questionado sobre qual a visão do Fed quanto a taxa terminal e se haveria algum mundo onde voltaríamos a taxas de juros próximas de zero, Jerome Powell disse que não acredita que essa seja uma possibilidade. Disse que crê que a atual taxa neutra do Fed seja acima de zero, mas que é difícil hoje estimar qual o nível exato dessa taxa.
  • Por último, quando questionado sobre se a decisão do Fed teria alguma interpretação política, o presidente do Fed foi veemente em indicar que o FOMC toma as suas decisões somente olhando para o seu mandato dual de controle de preços e estabilidade do mercado de trabalho e que nada mais influencia as decisões dos membros do comitê.

 

Will Castro Alves

Estrategista Chefe da Avenue

 


 

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