Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

Compartilhe este post

BRASIL O “DIFERENTÃO”?

Semana passada falei da relação risco versus retorno do investimento no Brasil e nos EUA. Quem não teve a oportunidade de ler, recomendo – veja. Não quero ser enfadonho no tema, mas tivemos mais uma semana difícil para o mercado nacional, enquanto as bolsas americanas atingem novos recordes. O gráfico abaixo evidencia o quanto o Brasil destoou do mundo nos últimos 30 dias.

Bruno Lobo

Como triggers (catalisadores) disso temos:

• Um cenário de incerteza fiscal com novidades a cada dia sobre possíveis “ajustes” de orçamento que acabam ferindo muito nosso compromisso com solvência fiscal;
• Temos elevação de juros, que por si só reduz a atratividade de bolsa;
• Um cenário eleitoral e político cada vez mais incerto;
• Queda nos preços de algumas commodities.

Tudo isso, a meu ver, foi sendo colocado nos preços dos ativos domésticos. Não sabemos o futuro. Penso que muita coisa ruim já foi precificada e que parte da queda do mercado nacional se deve a um comportamento quase que irracional de novos investidores, aqueles que ingressaram na bolsa nos últimos anos. Não sei se vamos ver uma inflexão, mas penso que o mercado já exagerou. No entanto, momentos como esse só reforçam a seguinte ideia: o mercado brasileiro serve para exposição tática, oportunística e de curto prazo. Você pode se aventurar e buscar retornos extras em dados momentos, mas para investimentos de longo prazo, é melhor buscar mercados mais consolidados, como o americano.

 

VOLTANDO PARA O MAIOR MERCADO DO MUNDO

Aqui nos EUA o principal driver do mercado segue sendo os resultados. Como já comentei também outras vezes, o que temos visto são lucros voltando para tendência de crescimento observada pré-covid, vide o gráfico abaixo.

Bloomberg

Os lucros têm crescido, o que ajuda a sustentar o mercado americano nas máximas. Não obstante, apesar dos receios com inflação e gargalos nas cadeias de suprimentos, as empresas têm conseguido repassar o preço e, com isso, manter as margens de lucratividade em níveis elevados, como mostra o gráfico abaixo.

Bloomberg

Como já falei aqui, barbante não se empurra, se puxa. Se as empresas reportam resultados fortes, isso acaba ajudando a sustentar o humor mais positivo do mercado.

 

E NA ECONOMIA? TUDO BEM, OBRIGADO

Não obstante, o que vemos nos resultados – declarações de diversos CEOs comentando que a demanda segue firme – têm se traduzido na economia real. A primeira semana do mês sempre guarda muitos números que ajudam a fazer uma leitura da saúde da economia. Vejamos alguns deles.

Na sexta foi divulgado o payroll que mede a saúde do mercado de trabalho. O mercado de trabalho americano gerou 531 mil postos de trabalho, ante 450 mil esperados anteriormente. Além disso, esperava-se que a taxa de desemprego caísse para 4,7%, mas o dado veio melhor, com a taxa caindo para 4,6%. Os gráficos abaixo mostram a evolução saudável da criação de empregos (esquerda) e a queda na taxa de desemprego (direita).


CNBC

Também tivemos os dados de PMI na segunda e quarta, que mostraram que a economia americana segue crescendo em ritmo forte mesmo a despeito da desaceleração recente.

 

The Daily Shot / Gregory Daco

E por último, mas não menos importante, em linha com o esperado, o FED (Banco Central americano) anunciou seu tapering, ou seja, a redução do seu programa de compra de títulos no mercado aberto. Em suma, a leitura é a seguinte: com o FED injetando menos dinheiro na economia através da recompra de títulos, ele reduz o viés estimativo que vinha dando a economia, o que poderia afetar negativamente o mercado. No entanto, como o mercado já esperava isso e como a velocidade da redução de compras foi em linha com o esperado, o mercado acabou reagindo bem a notícia. Para um resumo mais completo da conferência de quarta acesse matéria da CNBC.

Quer saber mais sobre o cenário macroeconômico para novembro? Recomendo que veja a live que fizemos segunda (01/11) para comentar o assunto – acesse.

 

CAUTELA NUNCA MATOU NINGUÉM

Para acabar acho sempre importante ressaltarmos os riscos, uma vez que os investimentos sempre carregam consigo riscos. Apesar de todo esse cenário muito bom da economia americana e de não observarmos nenhum evento potencialmente perigoso para o mercado, cabe ressaltar que correções são normais e que a cautela nunca matou ninguém. Após as altas dessa semana vemos alguns indicadores de sentimento apontando para uma certa euforia ou ganância – vide gráfico abaixo do CNN, o Fear and Greed Index.

CNN

Então, nesse momento, entendo que o investidor tem que controlar as emoções e aportar ou montar posições de forma seletiva e cautelosa.

 

RESULTADOS
E abaixo a agenda de resultados que teremos essa semana:

Era isso pessoal. Me sigam nas redes sociais – @willcastroalves no Twitter ou Instagram.

WILLIAM CASTRO ALVES

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

Baixar o app e abrir conta
chat de atendimento Fale com a gente