Estragaram a Festa da Bolsa!
29/11/2021
29/11/2021
29/11/2021
O feriado de Thanksgiving nos EUA, na última quinta-feira (25/11), era para ter sido algo tranquilo no mercado financeiro, porém não foi bem isso que aconteceu e as últimas notícias acabaram estragando a festa. Uma nova cepa do Covid-19 encontrada na África do Sul, o B.1.1.529, batizado de Ômicron, fez com que as bolsas ao redor do mundo caíssem em torno de -2% e -3%.
O número de casos de mortes ainda é pequeno, mas o que assusta é sua velocidade de transmissão. Veja como ela se alastrou rapidamente (na linha azul), embora a África do Sul apresente um índice baixo de vacinação de sua população (25%), tornando-se um excelente campo para o vírus se propagar e se modificar.
Além disso já estávamos vendo um aumento significativo de casos em países desenvolvidos, especialmente na Alemanha. Temos que lembrar que no hemisfério norte é inverno e nesse período a tendência de aumento de casos de gripes e outras doenças é maior, deixando a população mais suscetível a problemas de saúde.
Não só vimos aumento de casos na Europa, mas também em NY, onde já foi decretado estado de emergência, e, aparentemente, também no Brasil, onde turistas vindos África do Sul foram diagnosticados com a Covid.
Dada a grande quantidade de notícias negativas na última quinta e sexta-feira, o Índice do medo chamado VIX disparou 54%, seu quarto maior aumento de 1 dia na história (os dados do $ VIX datam de 1990).
Ok, o risco aumentou, mas será que o momento é de pânico? Eu vou destacar mais abaixo a minha opinião e quais os setores que mais ou menos se beneficiam neste cenário, mas o Daniel Haddad comentou dois pontos muito importantes que valem ser ressaltados:
1) Hoje estamos mais bem preparados para lidar com lockdown do que em março/20. Aliás nunca o mundo esteve tão bem-preparado para lidar com a pandemia quanto agora;
2) A responsividade da cadeia farmacêutica mudou completamente de patamar pós-COVID. Hoje é muito mais rápido diagnosticar, medicar e tratar.
Em time que está ganhando não se mexe!
Na agenda da semana anterior, o grande destaque econômico foi a permanência no cargo do atual do presidente do Banco Central Americano. O presidente Joe Biden indicou Jerome Powell para um segundo mandato de 4 anos no FED, mesmo sendo o diretor um republicano.
Existe aquele velho ditado “em time que está ganhando não se mexe”, porém muitos duvidam das palavras de Powell sobre a atual inflação, se ela é apenas temporária como ele defendem ou se veio para ficar. Vale ressaltar que, mesmo que ele tivesse saído do cargo e outro candidato entrasse, a visão sobre como conduzir a política monetária atualmente — através da manutenção de juros baixos —, é esperada quase como unanimidade nos EUA, pelo menos no curto prazo, à medida que a economia lida com as consequências contínuas de uma nova onda da pandemia. Para esta semana, temos uma agenda bem cheia de dados econômicos, como Payroll e PMIs, então vamos acompanhar isto para notar se a atividade economia tem desacelerado ou não.
Como Investir agora?
Dezembro é historicamente um mês positivo para o mercado financeiro. É neste período até o Natal que temos o equivalente a 1/3 das vendas anuais e é neste mês que temos a maior sazonalidade de alta da bolsa. Obviamente que é difícil de prever se realmente isto vai se concretizar ou não, mas podemos notar que este ano o mercado vem respeitando bem os ciclos:
O Will já vinha comentando na semana passada: será que é bolha no SP500? Obviamente que a queda da última semana nos deixa aflitos e essa nova variante preocupa, mas também podemos lembrar que o mercado estava próximo das máximas e que qualquer notícia poderia ser um driver para trazer realizações de lucros no curto prazo.
Apesar da queda da semana anterior, um gráfico muito interessante do Credit Suisse de médio prazo mostra que o grande impulsionador do mercado mundial (MSCI World) são os lucros das empresas (linha superior azul) e não os múltiplos (Forward P/E na linha inferior).
Isso significa que os principais índices mundiais apresentam um crescimento saudável, oriundo de um aumento intrínseco de demanda/vendas e não de especulação de investidores. Obviamente que o risco atual da variante Ômicron é relevante, porém sabemos que ainda existe uma demanda reprimida e que muitas das empresas não conseguiram retomar a sua capacidade total de produção.
E a nova variante do COVID?
Eu acredito que atualmente temos diversos fatores positivos que podem ajudar a acalmar os mercados. Enquanto não enxergamos um número significativo de aumento de mortes pela nova variante, devemos ter alguns focos isolados de contenção. Obviamente que as restrições atrasam a recuperação mundial, mas também podem esfriar a inflação nos próximos meses e o crescimento econômico ser ameaçado por novas possíveis restrições. Neste cenário, os bancos centrais não irão acelerar nenhuma decisão restritiva de política monetária (aumento de juros), o que pode acalmar os investidores e manter as ações em alta.
Se você está preocupado com uma possível nova onda, saiba que as classes de ativos que podem ter maior impacto negativo:
• Ações, especialmente em viagens, aviação e empresas cíclicas;
• Petróleo;
• Mercados emergentes.
• Geralmente em ativos de risco (cripto moedas inclusive)
Por outro lado, existem alguns investimentos que historicamente tendem a ajudar em momentos como esse
• Títulos do governo (como Bonds através de ETFs);
• Ouro;
• Ações apelidadas de “fica em casa” como Amazon, Netflix, Zoom, videogames etc.
Minha opinião é: não entre em pânico!
Lembre-se que você está investindo em moeda historicamente forte (dólar) e que mesmo durante a pandemia de 2020, diversas empresas apresentaram ótimas performances! Diversifique e aproveite as quedas nas ações para adquirir boas empresas, pois não podemos nos deixar levar por narrativas que insistem em dizer que o mercado está caro e que agora tudo vai cair. Aqui entre nós, ouço essa história de que AGORA o mercado vai realizar há pelo menos 5 anos!
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Aquele abraço!!!
GUILHERME ZANIN