Come-cotas: como investir pagando menos impostos?
31/05/2024
No Brasil o termo “come-cotas” é muito utilizado na indústria de fundos. E não é por menos que isso ocorre. Resumidamente, ele é um adiantamento do Imposto de Renda sobre o lucro obtido com o fundo, cobrado semestralmente, todo último dia útil de maio e novembro.
Nesse artigo iremos explorar um pouco mais sobre ele, e como investir em fundos que não possuem o come-cotas.
Como foi comentado, o come-cotas é um recolhimento antecipado de imposto de renda feito pelo Governo Federal. Esse jargão foi criado a partir do seu funcionamento: todo último dia útil de maio e novembro é realizada uma tributação automática sobre os ganhos obtidos durante o período. Assim, a Receita Federal diminui a quantidade de cotas que o investidor possui equivalente ao valor do imposto, que é retido diretamente na fonte. Desse modo, ficou popularmente conhecido como “Come-Cotas”.
O come-cotas incide sobre os seguintes fundos no Brasil: Fundo DI, Renda fixa, Multimercado, Crédito Privado e Cambiais. Ou seja, caso o investidor possua algum desses fundos no dia 31 de maio ou 30 de novembro, terá incidência desse adiantamento do imposto. Importante salientar que o imposto é sobre o rendimento no período e não sobre o montante, considerando o período de aplicação.
O imposto pode variar de 15% até 20%, a depender da categoria do fundo:
A princípio, pode parecer algo irrelevante, apenas um adiantamento de imposto que seria pago no futuro. Todavia, quando olhamos mais a fundo, é possível entender que a diminuição das cotas faz com que o efeito de juros sobre juros, ou compounding, seja interrompido. Usando números hipotéticos:
Suponha que em um fundo de investimento que você possua 500 cotas, e cada cota vale R$ 10. Isso totaliza R$5000. Se cada cota valorizar R$1, para R$11, na primeira data de come-cotas você terá um patrimônio total de R$5500, e pagará 20% de imposto, caso seja de curto prazo, em cima do seu lucro de R$500. Isso totaliza R$100 de tributos, que correspondem a um pouco mais de 9 cotas que você possui. Nessa situação o governo vai “comer” essas cotas, e você não terá mais 500, mas sim 490,9 cotas para os próximos períodos, sendo assim, os rendimentos ocorrerão em cima do montante total de R$5400, e não dos R$5500.
Esse exemplo ilustra que os juros compostos são brevemente interrompidos a cada 6 meses, prejudicando sua rentabilidade com o passar dos anos.
Existem alguns fundos isentos de come-cotas dentro do Brasil:
Fundos de ações: São fundos que investem pelo menos 67% do seu patrimônio em ações
Fundos long-short: Esse é um tipo de fundo de ações que, ao menos tempo, consegue comprar uma ação e vender uma outra, uma operação de “mão dupla”
Fundos de previdência: Focados em aposentaria, essa classe de fundos não possui come-cotas, e dependendo do regime tributário, pode chegar a ter uma alíquota de imposto de renda mínima de 10%
Fundos de debentures incentivadas: Por investir em ativos isentos de imposto para pessoa física, também não possuem come-cotas
Todas essas opções são brasileiras. Agora, uma forma de investir em fundos sem o come-cotas sem se preocupar em qual é a classe dele é através de fundos negociados no exterior. Esse tipo de imposto não existe fora do Brasil, então seria uma forma de evitar um pagamento de imposto antecipado.
Através desse artigo foi possível entender melhor a dinâmica do come-cotas, os fundos em que ele incide e seu impacto na rentabilidade. Por isso é necessário sempre um olhar crítico e criterioso no momento de escolha do investimento, sempre de acordo com o seu objetivo e perfil de investidor
Come-cotas: o que é e como evitar a cobrança do imposto? (cnnbrasil.com.br)
O que é come-cotas e como funciona a cobrança? – InfoMoney
Disclaimers:
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