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Um fato incomum no mercado acionário costuma chamar a atenção de todos os investidores quando ocorre: o Circuit Breaker. Trata-se de uma interrupção temporária nas atividades da Bolsa.

Entretanto, o que exatamente significa acionar esse dispositivo? Como ele funciona? Por que isso é feito e, principalmente, quais são os objetivos?

As dúvidas são válidas, sobretudo se sua preocupação é sobre investir no exterior. Pensando nisso, criamos este artigo especial para responder a essas e outras questões, detalhando o impacto desses eventos em bolsas como a Bolsa de Nova York (NYSE), a NASDAQ e a própria B3.

O que é o Circuit Breaker?

Quebrar ou interromper um circuito é uma expressão inglesa que, nesse contexto, é utilizada para nomear um dispositivo adotado por bolsas de valores de todo o mundo. Na prática, é exatamente isso que o Circuit Breaker faz: interrompe o funcionamento de todo o sistema do pregão por um determinado período.

Durante esse período, nenhuma compra ou venda pode ser realizada. O acionamento é feito pela gestão da Bolsa em questão, mas segue algumas regras específicas. Nas semanas que seguiram ao avanço da pandemia do coronavírus pelo mundo em 2020, por exemplo, o Circuit Breaker foi acionado diversas vezes tanto nas bolsas americanas quanto na B3.

A questão é importante e levou a Bolsa de Nova York a discutir com outros players do mercado financeiro, como a NASDAQ e a CBOE, uma revisão das suas regras do Circuit Breaker. O acionamento mais recente ocorreu quando o S&P 500 caiu 7,01% no dia 18 de março de 2020.

Ainda que o mercado pudesse estar em um momento delicado, devido ao avanço da pandemia do novo coronavírus, o fator crucial foi a queda do preço do petróleo. No Brasil, por exemplo, as ações da Petrobras chegaram a cair quase 30%.

Para tentar ajudar você a entender melhor como e por que isso acontece, explicaremos a seguir as regras da NYSE e da NASDAQ, já que os critérios para acionar o dispositivo variam entre diferentes mercados.

Quais são as regras nos Estados Unidos?

De modo geral, o principal impacto desse dispositivo de controle é a busca pela redução do volume de perdas excessivas. Em um momento de pânico, ele pode ajudar a trazer alguma racionalidade para o mercado, podendo evitar que a cadeia de acontecimentos torne a situação ainda pior para o investidor global.

Entretanto, as operações voltam à normalidade assim que o período chega ao fim, o que pode levar à estabilidade ou a uma nova parada nos negócios. Um importante ponto para se ter em mente é que o Circuit Breaker pode ser acionado mais de uma vez no mesmo dia.

Segundo as regras adotadas nos EUA, o acionamento inicial ocorre quando a bolsa cai mais de 7%, e tem uma duração de 15 minutos, durante o qual as atividades do pregão ficam suspensas. Se o índice continua em queda, um Circuit Breaker de nível dois pode ocorrer quando a desvalorização chega a 13%, também com 15 minutos de duração até o retorno das atividades.

Por fim, o nível três é acionado quando a queda atinge 20%. A interrupção, nesse caso, dura o resto do dia.

Quais foram momentos marcantes em que o Circuit Breaker foi ativado?

Em 19 de outubro de 1987, o índice Dow Jones sofreu uma queda de 22,6%. A chamada Black Monday Crash foi, ao que se sugere, resultado de uma crise no mercado de ações global.

Conforme explica Richard Roll em um artigo de 2018, o impacto atingiu diversas Bolsas pelo mundo, com quedas entre 20% e 29% em oito delas; três caíram ainda entre 30% e 39% e outras três sofreram desvalorização de mais de 40%.

O resultado foi, segundo relatos, a criação do Circuit Breaker nos EUA. O primeiro acionamento ocorreu em 1997 após uma desvalorização que veio na esteira de uma crise econômica na Ásia. Foi nessa ocasião que o índice Dow Jones passou a seguir o sistema do S&P 500.

Posteriormente, nem mesmo a chamada crise do subprime, em 2008, foi suficientemente forte para causar um Circuit Breaker nas Bolsas americanas — ainda que isso tenha ocorrido em diversos outros países, inclusive no Brasil.

O segundo momento de teste da eficiência do mecanismo foi justamente o acionamento mais recente, em março de 2020.

Qual o impacto da ativação do Circuit Breaker para os investidores?

Quem investe fora do Brasil sabe que alguns fatores merecem atenção constante, como a relação entre dólar e inflação. E o Circuit Breaker é um deles. O mecanismo foi criado com o objetivo de estabilizar os negócios — o que significa que durante a paralisação não é o melhor momento para medidas desesperadas.

Vale lembrar que o Circuit Breaker não é acionado com a desvalorização das ações de uma única empresa, mas da Bolsa como um todo. Por mais que o impacto negativo seja grande, é difícil afirmar que o acionamento ocorre de surpresa — há sinais que podem ser observados.

É fundamental manter a calma e acompanhar os principais indicadores que podem guiar sua estratégia de investimento. As corretoras, por exemplo, estão sempre atentas ao mercado. Então, vale a pena ter atenção ao conteúdo que elas oferecem.

Da mesma forma que é arriscado vender todas as suas ações num momento crítico, pode não ser uma estratégia tão segura comprar em grandes volumes durante a baixa do mercado. Entretanto, vale ressaltar que a decisão de investir ou não será sempre sua.

De maneira mais resumida, devemos ter em mente um fato essencial: O Circuit Breaker é um momento de congelamento para todos os operadores. Isso significa que todos os investidores estão no mesmo barco e, por isso, pode ser interessante centrar suas ações na busca por estabilidade. Afinal, esse pequeno intervalo pode ser acompanhado de um aumento significativo dos riscos.

Como você pode ver, o Circuit Breaker é um mecanismo que geralmente busca trazer estabilidade e segurança para os investidores — assim como para as economias dos países. Agora que você já sabe como ele funciona, você pode gerenciar seus investimentos nos Estados Unidos de forma mais eficiente e consciente.

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