Nos primeiros dez dias do segundo mandato do presidente Donald Trump, sua administração implementou uma série de ordens executivas e iniciativas políticas voltadas para a reestruturação da economia dos Estados Unidos. Essas ações, que refletem um compromisso com o protecionismo, a desregulamentação e a expansão da produção de energia, geraram reações diversas entre os agentes econômicos.
Principais Ações Econômicas
- Revisão da Política Comercial: O governo anunciou a imposição de tarifas sobre importações da China, Canadá e México, com início previsto para 1º de fevereiro. O objetivo é proteger indústrias nacionais e reduzir o déficit comercial. No entanto, economistas alertam para possíveis impactos inflacionários e perturbações nas cadeias globais de suprimentos;
- Expansão da Produção de Energia: A administração declarou uma emergência energética nacional para facilitar o aumento da produção de combustíveis fósseis e o desenvolvimento de infraestrutura. Isso inclui a liberação de restrições para exploração de petróleo e gás em áreas como o Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico. A medida busca reduzir custos de energia e garantir independência energética, mas preocupa ambientalistas devido a possíveis impactos ecológicos;
- Desregulamentação: Foram assinadas ordens executivas para reduzir regulamentações governamentais, especialmente no setor energético. O governo retirou os EUA do Acordo de Paris e revogou diversas normas ambientais, com o argumento de impulsionar o crescimento econômico ao reduzir custos de conformidade para as empresas. Críticos apontam riscos ambientais e de saúde pública no longo prazo;
- Investimentos em Inteligência Artificial: Foi lançado um projeto de US$ 500 bilhões, em parceria com grandes empresas de tecnologia, para fomentar o desenvolvimento da inteligência artificial (IA). A iniciativa busca fortalecer a posição dos EUA como líder nesse setor, com impactos positivos esperados em indústrias como manufatura e saúde. Contudo, há preocupações quanto a questões éticas e possíveis perdas de empregos devido à automação.
Principais Nomes
- Elon Musk e Jeff Bezos: Empresários envolvidos no projeto de IA, demonstrando a aproximação do governo com o setor privado para impulsionar inovações tecnológicas;
- Gary Cohn: Diretor do Conselho Econômico Nacional, peça-chave na formulação das políticas econômicas da administração, incluindo reformas regulatórias e estratégias comerciais.
Principais Surpresas
- Perdões Relacionados aos Eventos de 6 de Janeiro: O presidente concedeu indultos a indivíduos envolvidos nos acontecimentos do Capitólio, gerando intensos debates sobre as implicações para a justiça e a responsabilidade política;
- Ordem Executiva sobre Cidadania por Nascimento: Foi emitida uma ordem executiva para restringir a concessão automática de cidadania a filhos de imigrantes nascidos nos EUA, o que gerou desafios legais e discussões sobre sua constitucionalidade.
Impactos Econômicos
A adoção de medidas protecionistas, como novas tarifas, busca fortalecer a manufatura nacional ao encarecer produtos importados. Isso pode beneficiar certas indústrias, mas há risco de retaliação comercial por parceiros, prejudicando exportadores americanos. Além disso, o aumento dos custos de produção pode resultar em maior inflação.
A expansão dos combustíveis fósseis visa reduzir os custos de energia e garantir a independência energética. No entanto, essa abordagem pode comprometer investimentos no setor de energias renováveis, afetando a sustentabilidade do mercado energético no longo prazo.
O significativo investimento em inteligência artificial representa uma estratégia para manter a competitividade tecnológica dos EUA. Embora possa gerar crescimento econômico e aumento da produtividade, também levanta preocupações sobre o deslocamento da força de trabalho e a necessidade de políticas para mitigar os impactos na empregabilidade.
Em resumo, as políticas econômicas iniciais da administração Trump enfatizam o protecionismo, a desregulamentação e o avanço tecnológico. Embora essas ações busquem estimular o crescimento e fortalecer setores domésticos, também introduzem incertezas relacionadas ao comércio global, à sustentabilidade ambiental e à equidade social. Os efeitos de longo prazo dependerão da implementação dessas políticas e das respostas de atores nacionais e internacionais.
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Thiago de Aragão é diretor de estratégia da Arko Advice e assessora diretamente dezenas de fundos estrangeiros sobre investimentos no Brasil e Argentina. Sociólogo, mestre em Relações Internacionais pela SAIS Johns Hopkins University e Pesquisador Sênior do Center Strategic and International Studies de Washington DC, Thiago vive entre Washington DC, Nova York e Brasília.
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