Análise das Estratégias de Campanha para Harris e Trump
25/10/2024
Nos últimos dias da campanha presidencial, tanto Kamala Harris quanto Donald Trump intensificaram suas mensagens de fechamento, cada um buscando consolidar o apoio de seus eleitores e atrair os indecisos. A estratégia de Harris se concentra em alertar o eleitorado sobre os riscos de um segundo mandato de Trump, apresentando-o como uma ameaça à democracia americana e associando-o a políticas restritivas, especialmente no que diz respeito a direitos das mulheres. Em contrapartida, a campanha de Trump visa pintar o governo Biden-Harris como responsável por uma série de problemas econômicos e sociais, afirmando que ele, Trump, é o único capaz de resolver essas questões.
A narrativa de Trump enfatiza temas como a economia e o controle de fronteiras, reforçando a ideia de que a atual administração deixou os Estados Unidos mais vulneráveis. Ao mesmo tempo, ele busca criar uma imagem de líder carismático e próximo do povo, participando de atividades informais que visam suavizar sua imagem pública. Essa abordagem contrasta com sua campanha de 2020, quando, como presidente em exercício, teve menos oportunidades de se envolver com o público de forma espontânea.
Por outro lado, Harris tem apostado em sua capacidade de mobilizar figuras influentes da cultura pop, como Beyoncé e James Taylor, para fortalecer seu apelo entre o eleitorado jovem e moderado. Além disso, sua campanha está direcionada a temas socialmente relevantes, como o direito ao aborto e a luta contra o racismo, buscando atrair principalmente mulheres brancas sem formação universitária, grupo demográfico em que Harris tem apresentado crescimento de apoio. A candidata explora estados com políticas controversas em temas sensíveis para os eleitores democratas, como o Texas, onde visa destacar as implicações de um retorno de Trump ao poder em relação à ampliação de restrições ao aborto.
Ambas as campanhas parecem entender que o eleitorado está profundamente dividido, com as pesquisas mostrando um empate técnico, refletindo uma disputa acirrada e indefinida até o momento.
A equipe de Trump tem investido em uma abordagem estratégica que visa mostrar o candidato em um contexto menos polarizador e mais amigável. Eventos como visitas a fast-foods e aparições em podcasts descontraídos são componentes de uma tentativa deliberada de moldar sua imagem como uma figura acessível e “divertida”. Esta estratégia se inspira no conceito de “candidato que você gostaria de ter uma conversa informal”, uma imagem explorada na política americana com sucesso no passado.
Trump e sua equipe acreditam que essa abordagem ajudará a reduzir o estigma social ao seu redor, particularmente entre eleitores que têm reservas sobre seu estilo político mais agressivo. Ao se apresentar de maneira mais leve e acessível, ele busca conquistar eleitores que podem estar cansados das divisões políticas e que buscam um líder com quem possam se identificar em nível pessoal.
Em um movimento que foge do convencional, Harris tem focado parte de seus esforços em estados tradicionalmente conservadores, como Texas e Tennessee. Essa estratégia visa chamar a atenção para questões sociais e políticas nas quais a plataforma republicana é vista como restritiva, principalmente em temas de direitos reprodutivos e educação.
A campanha de Harris entende que, embora seja improvável que esses estados mudem sua orientação partidária, o foco em suas políticas mais controversas pode atrair eleitores moderados de estados indecisos. Ao destacar políticas estaduais restritivas e conectá-las à influência de Trump, Harris busca não apenas energizar sua base, mas também persuadir eleitores moderados a se preocuparem com o impacto potencial de um retorno de Trump à presidência.
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