Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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Com a eleição americana logo ali, ao dobrar a esquina, tenho visto muitos investidores ansiosos e até um pouco aflitos com os potenciais reflexos e mudanças no cenário de investimento global, especialmente nos EUA. Tem gente receosa com a política de juros, com o papel do dólar, com a situação do mercado de trabalho, com a questão do déficit americano, com a variação dos indicadores de desempenho dos diferentes setores econômicos e tantos outros fatores que nem cabem a menção aqui na página.

Claro que eu entendo essa sensação de insegurança dos investidores quanto ao impacto em seu patrimônio e as eventuais consequências para o câmbio e a economia brasileira. No entanto, o olhar histórico nos indica que já temos um vencedor definido antes mesmo de iniciarmos a contagem dos votos: o dólar – e, por tabela, a hegemonia da economia americana! Deixe-me explicar…

Apesar dos inúmeros temores que insistem em rondar o mercado em momentos como este, cabe lembrar que, lá pelos idos de 1890, a economia americana alcançou a do Reino Unido, potência da época, em valor de PIB e que desde então essa supremacia dos EUA se mantém inalterada, independentemente dos presidentes eleitos e dos contextos políticos vivenciados. Veja que ao longo das últimas cinco décadas, o PIB americano tem respondido, em média, por 26,6% da economia mundial. Em 2023, a fatia da participação americana no PIB global ficou levemente abaixo da média histórica, chegando a 26,0%, mas ainda assim permanecendo muito acima da China, que tem alcançado a marca de 17%.  

E já que estamos falando de PIB dentro do contexto de eleições, vale dizer que o único presidente americano que encerrou o seu mandato com uma taxa média anual de crescimento de PIB negativo foi Herbert Hoover, em 1932 e após a Grande Depressão. Depois dele, todos os demais presidentes terminaram os seus governos registrando crescimento médio anual de PIB, sem exceção. Dos anos 2000 para cá, tanto Bush quanto Obama, Trump e Biden encerraram os seus mandatos com uma taxa média de crescimento anual entre 2,2% e 2,4% – e não podemos dizer que foram períodos sem instabilidade política, não é mesmo?

Bem… e o dólar? Tendo se tornado a moeda oficial americana em 1792, o dólar tomou o protagonismo ao se transformar no principal ativo de reserva de valor no mercado após a Segunda Guerra Mundial, quando os EUA assumiram a hegemonia da economia global, tendo o Acordo de Bretton Woods chancelado o seu status de moeda global em 1971. A verdade é que, apesar de certa balbúrdia com outros acordos bilaterais e algum comércio em moedas alternativas, 59% das reservas globais estão alocadas atualmente em dólar, sendo a China o país que mais detém dólares no mundo depois dos EUA, segundo o FMI. Estima-se que o dólar esteja envolvido em, pelo menos, 89% de todas as transações cambiais do mundo.

E qual é o efeito das eleições no mercado? No curto prazo, volatilidade. Mas, a longo prazo, é praticamente nulo.

No final das contas, os EUA continuam sendo o principal mercado financeiro e de capitais do mundo, representando cerca de 50% do valor de mercado de todas as empresas listadas no globo. Falando em termos de S&P 500, apenas três presidentes viram o índice encerrar os seus mandatos com uma taxa de retorno média anual negativa: Hoover, Richard Nixon e George W. Bush. Em geral, o retorno anualizado do S&P 500 nos diferentes mandatos foi de 9,5% ao ano. Com relação ao mercado de renda fixa, a gestão Joe Biden deverá ser a primeira a encerrar com um retorno médio negativo, resultado da elevação dos juros pós-pandemia, nada tendo a ver com o seu mandato em si.

Em suma, eu quis demonstrar neste artigo que quatro anos não são suficientes para mudar uma história de décadas de hegemonia. Muitos acreditavam, por exemplo, que os EUA mudariam drasticamente no primeiro mandato de Donald Trump, considerado um outlier imprevisível. A verdade é que certas coisas simplesmente não mudam da noite para o dia. A economia americana segue resiliente, o consumo tem se mantido firme, o Fed continua sendo um banco central independente e focado em proteger o dólar, com o Poder Legislativo atuando de forma democrática e autônoma através do Congresso e do Senado americanos, capazes de frear ou controlar eventuais exageros propostos em campanha pelos candidatos.

Nos Estados Unidos, a cédula mais forte não é aquela com o nome do Trump ou da Kamala, mas a do dólar.

 

William Castro Alves

Estrategista-chefe da Avenue Securities

 


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