Os 11 de Trump
04/12/2024
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04/12/2024
A composição do gabinete presidencial dos Estados Unidos é um reflexo direto das prioridades e estratégias que a administração pretende adotar. No caso do presidente Donald Trump, conhecido por sua abordagem “America First”, a escolha de seus principais assessores oferece insights sobre as direções políticas e econômicas que o país poderá seguir.
A seguir, uma análise aprofundada dos 11 principais nomes do gabinete de Trump, suas visões e como podem influenciar o processo de tomada de decisão no governo dos EUA.
Como senador pela Flórida e membro do Comitê de Relações Exteriores do Senado, Rubio tem sido uma voz firme em questões de política externa, especialmente em relação à China. Sua defesa de sanções e políticas de contenção reflete uma visão de liderança americana mais assertiva no cenário global. Rubio também enfatiza a promoção de valores democráticos, muitas vezes como contraponto às políticas de regimes autoritários.
Espera-se que Rubio fortaleça alianças estratégicas com países democráticos e adote uma postura mais ativa contra a influência de China e Rússia em organizações internacionais.
Rubio é capaz de moldar a política externa de Trump ao alinhar questões estratégicas com a narrativa “America First”. Sua experiência legislativa e seu discurso público coerente podem influenciar Trump a adotar políticas mais disciplinadas e sustentadas em alianças globais. Como um republicano de peso, ele também reforça a credibilidade do gabinete frente ao Partido Republicano e aliados internacionais.
Fundador do fundo de hedge Key Square Group, Scott Bessent combina expertise financeira com pragmatismo político. Ele defende políticas protecionistas e medidas fiscais que favoreçam a competitividade industrial dos EUA. Bessent também acredita que tarifas e incentivos fiscais podem ser instrumentos eficazes para corrigir desequilíbrios comerciais.
É provável que Bessent implemente reformas fiscais para atrair capital estrangeiro e estimular o crescimento doméstico, enquanto pressiona por acordos comerciais mais favoráveis aos EUA.
Bessent deve reforçar as ideias protecionistas de Trump, mas com uma abordagem técnica que ajude a moldar políticas econômicas mais sólidas. Sua visão de mercado e experiência prática podem fornecer uma base mais estruturada para as decisões econômicas de Trump, garantindo maior credibilidade entre investidores e líderes empresariais.
Lutnick, CEO da Cantor Fitzgerald, é um defensor do protecionismo inteligente, focado em fortalecer a indústria americana por meio de renegociações comerciais e incentivos fiscais. Ele acredita que acordos comerciais precisam ser reavaliados para priorizar os interesses nacionais.
Lutnick deve liderar esforços para revisar acordos comerciais, buscando vantagens para setores estratégicos dos EUA. Ele também pode incentivar parcerias público-privadas para fomentar a inovação industrial.
Lutnick compartilha da visão “America First” e tem o perfil ideal para traduzir os impulsos protecionistas de Trump em estratégias comerciais concretas. Ele deve atuar como um conselheiro-chave para reforçar a narrativa de que o governo está “lutando pela indústria americana”, alinhando-se à base política de Trump.
Veterano das Forças Especiais, Waltz tem uma visão estratégica baseada em segurança robusta e prevenção de ameaças globais. Ele acredita que os EUA devem liderar com força militar e diplomacia estratégica para conter potências como China e Rússia.
Waltz pode promover um aumento da presença militar dos EUA em áreas estratégicas e priorizar alianças militares para contrabalançar a influência de adversários globais.
Como veterano e congressista, Waltz tem o respeito e a confiança de Trump, o que lhe permite influenciar decisões sobre segurança nacional. Ele deve reforçar a visão de que os EUA precisam demonstrar força militar como forma de dissuasão, alinhando-se ao estilo combativo de Trump.
Defensor dos combustíveis fósseis e crítico das políticas climáticas rigorosas, Wright prioriza a independência energética dos EUA. Ele acredita que a energia tradicional é essencial para o crescimento econômico e para garantir uma base industrial forte.
Sob sua liderança, é provável que Wright revogue regulamentações ambientais, favorecendo projetos de extração de petróleo e gás e incentivando investimentos no setor energético tradicional.
Wright está alinhado com a visão de Trump de que a energia é um pilar da segurança econômica e estratégica dos EUA. Ele deve reforçar as políticas de Trump, argumentando que o domínio energético dos EUA também serve como ferramenta de poder geopolítico.
Musk traz sua mentalidade de inovação para a administração pública, buscando eficiência por meio de tecnologias avançadas e cortes na burocracia. Sua abordagem disruptiva visa transformar o governo em um modelo de agilidade e inovação.
Musk deve promover digitalização de serviços públicos e simplificação de processos governamentais, alinhando eficiência econômica com sustentabilidade tecnológica.
Musk, como uma figura altamente visível, pode inspirar Trump a adotar uma visão mais progressista em relação à eficiência governamental. Sua fama e resultados comprovados em setores privados oferecem a Trump a oportunidade de apresentar mudanças estruturais como vitórias políticas significativas.
Noem é uma defensora de medidas rigorosas de controle fronteiriço e segurança interna. Ela acredita que políticas de imigração robustas são cruciais para proteger os empregos americanos e a estabilidade nacional.
Noem pode intensificar esforços de patrulhamento de fronteiras e implementar novos mecanismos para impedir a imigração ilegal.
Noem reforça a linha dura de Trump em questões de imigração e segurança interna, ajudando a consolidar a base política do presidente entre eleitores que priorizam essas questões. Sua comunicação direta e clara pode facilitar a implementação das políticas de Trump nessa área.
Veterano e comentarista político, Hegseth enfatiza o fortalecimento militar como peça central da segurança nacional. Ele acredita que o investimento em defesa é essencial para a dissuasão de adversários globais.
Hegseth deve promover aumentos no orçamento de defesa e modernização militar, com foco em tecnologias emergentes e cibersegurança.
Hegseth é uma figura carismática que reforça a postura de Trump de projetar força global. Sua retórica pública ressoa com a base conservadora e pode ser usada para justificar aumentos nos gastos militares e intervenções estratégicas.
Ex-congressista e veterana militar, Tulsi Gabbard tem uma abordagem diferenciada para segurança nacional. Ela adota uma visão menos intervencionista e acredita na diplomacia como principal ferramenta de resolução de conflitos. Entretanto, Gabbard também é firme em questões de segurança interna, especialmente no combate a ciberameaças e espionagem industrial. Sua experiência militar moldou sua visão de que o fortalecimento interno deve ser prioridade antes de ações externas agressivas.
Gabbard pode liderar esforços para reestruturar as prioridades da inteligência americana, colocando ênfase na cibersegurança e na proteção de infraestrutura crítica. Ela provavelmente buscará uma abordagem mais cautelosa em relação à China, preferindo táticas de contenção econômica e tecnológica ao invés de medidas militares. Gabbard também pode promover maior integração entre agências de inteligência, aumentando a eficiência no combate a ameaças globais.
Embora suas visões possam parecer menos alinhadas com a postura combativa de Trump, Gabbard pode exercer um papel equilibrador. Sua credibilidade como veterana e sua postura firme contra o terrorismo lhe dão espaço para argumentar por medidas mais estratégicas e menos impulsivas.
Figura polêmica, Stephen Miller é o arquiteto de algumas das políticas mais rígidas do governo Trump, especialmente em relação à imigração. Sua visão de segurança nacional está profundamente conectada à contenção de fluxos migratórios ilegais e à proteção de fronteiras. Miller também defende uma abordagem protecionista, onde interesses americanos sempre prevalecem sobre compromissos multilaterais.
Miller provavelmente continuará a impulsionar políticas restritivas de imigração, além de pressionar por reformas que limitem a entrada de empresas estrangeiras em setores estratégicos. Ele também pode liderar iniciativas para aumentar o escrutínio sobre investimentos chineses nos EUA, alegando preocupações de segurança nacional.
Miller tem uma relação próxima com Trump e é frequentemente visto como um estrategista que reforça a visão “America First” do ex-presidente. Ele pode ser decisivo na formulação de políticas duras, mas sua influência pode criar divisões internas, especialmente com figuras mais diplomáticas como Tulsi Gabbard.
Russ Vought é um defensor ferrenho de cortes de gastos públicos e da redução do tamanho do governo. Durante o primeiro mandato de Trump, Vought foi peça-chave na formulação de orçamentos que priorizavam a defesa nacional enquanto reduziam investimentos em áreas sociais. Ele acredita que o governo federal deve operar de forma mais eficiente, com menor intervenção direta na economia.
No OMB, Vought pode liderar uma nova onda de cortes orçamentários, visando reduzir o déficit fiscal. Ele também deve apoiar iniciativas para simplificar processos regulatórios e atrair investimentos privados para áreas tradicionalmente administradas pelo governo.
Vought reforça a narrativa de Trump de eficiência governamental e redução de gastos desnecessários. Sua abordagem pragmática complementa a visão de Elon Musk no Departamento de Eficiência Governamental, formando uma aliança que pode redefinir o funcionamento da administração pública.
O gabinete de Donald Trump reflete um equilíbrio entre pragmatismo econômico e assertividade estratégica. Figuras como Marco Rubio e Stephen Miller garantem a continuidade da retórica dura contra adversários externos, enquanto nomes como Elon Musk e Russ Vought promovem inovação e eficiência interna. Essa composição é estratégica para solidificar a narrativa “America First”, combinando proteção de interesses nacionais com modernização administrativa.
Para o Brasil, o novo gabinete de Trump apresenta desafios e oportunidades. A postura mais agressiva contra a China pode abrir espaço para um maior alinhamento com os EUA, especialmente em questões de segurança e comércio. No entanto, o Brasil também pode enfrentar pressões para adotar posturas mais alinhadas às prioridades americanas, como maior restrição à presença chinesa em setores estratégicos.
Adicionalmente, figuras como Chris Wright e Howard Lutnick podem influenciar diretamente os mercados de energia e commodities, impactando exportações brasileiras. Por outro lado, a retórica protecionista de Miller e Rubio pode dificultar negociações em áreas comerciais sensíveis.
Em resumo, o Brasil deve navegar com cautela no relacionamento com os EUA durante o novo mandato de Trump, aproveitando as oportunidades para parcerias estratégicas, mas mantendo uma postura firme na defesa de seus interesses econômicos e diplomáticos. A capacidade de se adaptar às mudanças no cenário global será crucial para que o país continue relevante nas relações com a maior potência do mundo.
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