Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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VISÃO DO ESTRATEGISTA

RESUMO

Essa semana o mercado e o mundo pararam para observar e analisar o indicador de inflação americana (Consumer Price Index – CPI), que foi divulgado na quinta-feira. E é importante entender que a inflação chamada americana, não se restringe apenas aos EUA. Ela é também repassada ao mundo através do dólar ou dos produtos americanos transacionados. Se o iPhone fica mais caro nos EUA, ele ficará mais caro no resto do mundo, não é mesmo?

Pois bem, de fato a inflação mais uma vez surpreendeu positivamente vindo acima do esperado e no patamar mais alto desde 2008, alcançando os 5% (linha azul do gráfico abaixo).

Ohm Research.

 

QUAL IMPACTO DISSO NO MERCADO?

Seria normal supor que uma elevação das curvas de juros nos EUA puxaria o S&P para baixo, afetando especialmente as ações de tecnologia, dado seu maior peso no índice.

No entanto, nada disso! O efeito foi exatamente o oposto, com a curva de juros cedendo (veja o gráfico do treasury de 10 anos na semana).

Investing.

 

As ações de tecnologia estão performando bem e, inclusive, levando o S&P a mais um all time high (atingindo uma nova máxima histórica).

Abaixo o gráfico do S&P 500, linha preta, na semana com o XLK (ETF de tecnologia), na linha azul.

Investing.

 

Com isso, na semana o S&P subiu 0,41%, o Nasdaq sobiu 1,85% e Dow Jones caiu -0,80%

QUAL O MOTIVO DO MERCADO TER IGNORADO A INFLAÇÃO?

Entender o mercado no curtíssimo prazo é complexo e nem sempre é o melhor exercício analítico a ser feito. Ainda assim, fazendo uma leitura, o que acontece é que o mercado vê a inflação como transitória – exatamente como comentei na semana passada.

O gráfico abaixo de Patrick Zweifel, o Economista-Chefe da Pictet Asset Management, traz um insight interessante. Ele separa aquilo que tende a ser passageiro no CPI. Segundo ele, expurgando efeitos considerados passageiros (barra vermelha) e o efeito base (inflação anterior repassada aos preços atuais), o núcleo do índice estaria em 1.6%, e a inflação como um todo estaria mais comportada.

Patrick Zweifel

 

Outra dúvida do mercado é saber até que ponto a inflação atual oriunda das commodities é passageira ou não. Na dúvida, o que temos visto é o mercado reajustando expectativas. Se há 2 meses muitos davam como certo um aumento de juros em 2022, agora até mesmo essa certeza se desfez.

The Daily Shot.

 

Sim, o mercado muda de opinião assim como muda de roupa. Por isso, sempre ressaltamos aqui que o investidor não deve se mover por headlines de jornais ou notícias e deve focar na análise dos ativos em que investe.

E NO MERCADO…

Seguimos vendo uma fraca performance das empresas mais conhecidas se comparado ao índice S&P, como nos trouxe a análise de Michael Kantrowitz, Estrategista-Chefe da Cornerstone Macro. O gráfico abaixo compara o desempenho de 20 ações de empresas que aparecem em carteiras de diversos tipos de investidores – de nomes bem conhecidos – relativo ao índice, mostrando que as empresas mais conhecidas têm “ficado para trás”.

Michael Kantrowitz.

 

E qual insight aqui? Que o mercado americano é amplo e não se restringe aos maiores e mais conhecidos nomes do mercado.

Inclusive, ao comparamos a inflexão de lucros das empresas menores (mid e small caps) vemos que essas forma maiores do que a das grandes empresas (large caps).

The Daily Shot.

 

E essa maior inflexão de lucros faz com que, apesar das altas da bolsa americana como um todo (índice S&P 500), muitas empresas fora do índice não estão nas máximas de seus múltiplos de preço/lucro, por exemplo. O gráfico abaixo compara o P/E (price/earnings) do S&P 500 com de empresas mid e small caps, as quais se mostram mais baratas, negociando a cerca de 18x lucros.

Yardeni.

 

O que estou querendo dizer é que existe vida além do S&P 500 e que o investidor não deve se levar pela narrativa de “a bolsa americana está nas máximas e não tem mais oportunidades lá”. Esse é um tipo de análise superficial e que desconsidera uma regra de ouro na bolsa: as ações se movimentam de acordo com seus lucros.

 LEITURAS INTERESSANTES…

  • Warren Buffet investindo em mais uma empresa brasileira. Para quem não viu, essa semana tivemos um buzz em torno do novo investimento do oráculo de Omaha. Dessa vez a aposta é no NuBank, que pretende fazer IPO nos EUA – Confira. Mas não foi só ele não. A empresa do cartão roxinho ganhou mais um sócio famoso – veja aqui.
  • Investimento internacional. A Visual Capitalist publicou um estudo muito bom sobre o mercado de investimento internacional, abordando o home bias, correlações entre outros. Vale a pena a leitura.
  • Aula de value investing com Howard Marks? Sim, no vídeo desse link você assiste à 1 hora de uma verdadeira aula de value investing ministrada pelo lendário investidor e gestor da Oaktree Capital.
  • Netflix Shop? Sim é isso mesmo, essa é a nova cartada da Netflix na busca por contrapor a competição acirrada do setor. Clique e leia mais sobre.
  • Um futuro cheio de hologramas? Parece que as empresas de tecnologia querem fazer dos hologramas parte do nosso dia a dia – leia mais sobre.

 

Até semana que vem.

William Castro Alves 

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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