Mercado americano atinge novas máximas, sustentadas pelo ritmo forte da reabertura da economia
05/07/2021
VISÃO DO ESTRATEGISTA
RESUMO
Enquanto muitos esperavam uma correção, vimos o mercado americano atingir novas máximas sustentadas por dados que mostram que a economia americana reabre em ritmo forte. Essa semana que passou tivemos o índice de confiança do consumidor mais forte do que o esperado (atingindo nível máximo em 16 meses), bem como alta nos indicadores do mercado de trabalho americano. Na sexta-feira tivemos o Payroll, que mostrou a criação de 850 mil postos de trabalho, número bem acima dos 706 mil esperados. Mais uma vez, os setores de lazer e hospitalidade, que mais se beneficiam da reabertura econômica, foram o destaque em termos de criação de empregos. Abaixo veja a abertura dos empregos por setor.
O mercado seguiu vendo a volatilidade em níveis baixos, o petróleo atingindo novas máximas e os juros de 10 anos cedendo ainda mais rompendo a barreira dos 1,5%.
Nesse cenário, o Dow Jones teve alta de 1,02%, o S&P de 1,67% e o Nasdaq encerrou subindo 1,94%. A título de curiosidade, o S&P 500 apresentou 7 altas consecutivas nos últimos pregões.
PARE, OLHE, ESCUTE…
Chegamos ao fim do semestre, portanto metade do ano já se foi. Vamos piscar os olhos e ver decorações de Natal espalhadas por aí. Sim, os dias e a vida parecem passar muito rápido e essa me parece ser uma percepção comum. Então convém, de vez em quando, analisarmos onde estamos. Veja o gráfico abaixo do S&P Global Market Intelligence, que traz um resumo das performances de diferentes classes de ativos.
A bolsa americana (medida pelo S&P 500) encerrou o semestre com valorização de 15%. Com isso, podemos dizer que o investimento na bolsa americana foi o que trouxe maior retorno até o momento, isso caso sejam desconsiderados os investimentos atrelados às commodities (medidos no gráfico acima pelo S&P GSCI Crude Oil e o S&P GSCI), e à bolsa canadense (S&P TSX60), que também tem forte relação com algumas commodities.
Para fins de comparação, a bolsa brasileira apresentou uma alta de 6,5%, menos da metade da americana. Mais uma vez, investir nos EUA se mostrou uma alternativa acertada, não somente pelo aspecto de segurança de se investir em um mercado mais consolidado, mas também pelo aspecto de retorno per se.
Como pano de fundo, tivemos uma economia global saindo da crise do COVID e crescendo – em especial o setor industrial. Já o setor de serviços sofre influência dos demais, que ainda não voltaram totalmente ao normal (como hospedagem e hotelaria, restaurantes, bares, viagens, entre outros).
Veja no gráfico abaixo, os PMI’s (Purchasing Managers Index – Índice de Compras dos Gerentes, em tradução livre), que buscam medir o desempenho da atividade dos setores de serviços e manufaturas. Os números acima de 50 indicam a expansão da atividade, ou seja, a economia cresce. E os EUA se destaca por estar com uma economia mais aberta, vendo ambos os setores crescerem.
LÁ VEM O TREM?
“Pare, olhe, escute”. Essa é a placa que vemos perto da linha do trem e é uma bela dica para não sermos atropelados. No mercado, vemos poucas indicações de onde viria esse trem. No entanto, é sempre importante estarmos preparados. E é exatamente nos momentos de alta e de “bonança” que devemos pensar nisso.
Vivemos o que chamamos de bull market, mas mesmo mercados em períodos de alta passam por correções. O S&P 500 atingiu o seu ponto mais baixo em 23 de março de 2020, o que significa que estamos há um ano e três meses de mercado em alta. Quando olhamos a história, desde 1945, mercados de alta viram quedas de 10% durante o segundo ano, considerando os pontos de máxima a mínima, de acordo com BMO Capital Markets. Essas reduções variaram de 5,1% a 16%. Veja o gráfico abaixo, que apresenta os dados compilados.
Como sempre, não há como saber quando e nem se uma realização de 10% virá, mas é bom estarmos preparados. Na maioria das vezes, como cantava Marina: “nada é melhor do que não fazer nada….”. Isso quando pensamos em relação às carteiras. No entanto, no geral, é sempre bom estarmos preparados.
Tradicionalmente, o segundo ano de uma alta na bolsa americana tende a ser mais ameno. Bolsas antecipam movimentos econômicos e buscam olhar para o futuro. Então, essa forte atividade econômica que temos visto atualmente já foi parcialmente precificada. Com isso, fica cada vez mais difícil para as empresas surpreenderem positivamente e isso explica um retorno mais ameno.
Entretanto, nesse sentido, temos tido boas novidades. Na última safra de balanços um número recorde de empresas do S&P 500 disseram que seus ganhos do segundo trimestre seriam melhores do que os analistas esperavam. Dessas empresas, 103 ofereceram um guidance e perspectivas maiores de lucros para o segundo trimestre, de acordo com dados da FactSet.
E corroborando isso, as pesquisas de percepção e sentimento dos CEOs se mostram em patamares elevados.
Após as altas recentes é normal que o investidor se sinta um pouco reticente com o que há por vir. Se há uma certeza no mercado de renda variável é a de que ela varia.
Mesmo assim, o que quis demonstrar é que existe um bom fundamento por trás dessa alta e otimismo que tem sustentado o mercado. O câmbio (relação real/dólar) parece apresentar uma boa janela de oportunidades para quem quer começar a investir em ativos dolarizados. E, em termos de alocação, a Avenue tem mais de 6.000 ativos. Certamente existem oportunidades.
LEITURAS INTERESSANTES…
Era isso pessoal, aquele abraço!
William Castro Alves