Pacotes de incentivos econômicos, vacinação e declarações da autoridade monetária americana renovam as máximas históricas dos índices
12/04/2021
VISÃO DO ESTRATEGISTA
RESUMO
Tivemos uma semana positiva no mercado americano com índices atingindo novas máximas e fechando em alta. O S&P se valorizou 2,71%, o Dow Jones 1,95% e o Nasdaq 3,12%.
O que pode justificar essa alta? Eu diria que tudo que temos visto. Ou seja:
(i) Pacotes de incentivos a recuperação da economia;
(ii) Vacinação que segue avançando em ritmo acelerado nos EUA;
(iii) Declarações da autoridade monetária americana que sustentam a percepção de flexibilidade monetária e liquidez do sistema. Ou seja, temos um cenário de uma economia que reabre e cresce, com política fiscal expansionista (pacote de US$2.3 trilhões) e uma política monetária acomodatícia (juros baixos).
Esses três fatores costumam ser potentes para o investimento em ações e não por acaso temos visto isso na bolsa americana. É por isso que os setores da bolsa têm apresentado altas.
CONTRA FLUXO, NÃO HÁ ARGUMENTOS…
Faltou um fator preponderante nessa equação positiva que comentei acima: o fluxo. Aquela velha máxima de que as ações sobem porque tem mais comprador do que vendedor. Veja que o fluxo de investimento para ações nos últimos 5 meses foi maior que o total colocado em ações em 12 anos.
E parte relevante desse fluxo tem sido dos investidores estrangeiros, que assim como eu e você, tem procurado a robustez institucional do mercado americano aliado ao potencial de retorno do investimento em boas empresas. Veja no gráfico abaixo (área amarela) que a relevância do investidor internacional no mercado americano veio aumentando ano após ano.
ABRIL POSITIVO?
Já começamos o mês com altas no mercado acionário, corroborando aquilo que as estatísticas mostram. O gráfico abaixo apresenta o desempenho do S&P nos últimos anos mês a mês. Abril se destaca historicamente como um dos melhores meses para o mercado. Sempre relevante lembrar que retorno passado não garante retorno futuro.
MAS NEM TUDO SÃO FLORES
Os fatores positivos podem ser facilmente elencados e, de forma geral, há motivos para se manter otimista com o mercado americano. Ainda assim, com dinheiro não se brinca e devemos sempre ser diligentes, buscar entender quais são os riscos que estamos expostos. Obviamente que sempre podem existir aqueles cisnes negros que, geralmente, não conseguimos mapear e que podem afetar o desempenho da nossa carteira. Mas excluindo esses, quais seriam os riscos para o mercado atualmente? Aqui listo alguns.
Aumento de impostos…
Todos os pacotes e desembolsos que o governo americano vem fazendo precisam ser financiados. Desde a sua campanha, o atual presidente, Joe Biden, já falava nos aumentos de impostos. Portanto, cedo ou tarde eles devem acontecer. O fundador da Amazon, Jeff Bezos, já deu declarações favoráveis a taxação dos mais ricos. O gráfico abaixo visa estimar quais setores poderiam ter seus lucros mais impactados. Mesmo sendo uma estimativa já nos ajuda a ter uma ideia.
Juros subindo
Apesar de todas as declarações das autoridades monetárias americanas irem na ponta oposta, ou seja, de que não há motivo para se preocupar com os juros, estes seguem sendo um assunto presente no mercado americano.
Como já comentei aqui, entendo que esse é um risco menor, pois seu motivador é um fato positivo. Os yields da curva de juros futuros sobem porque o mercado entende que a economia está ativa o suficiente para que venhamos a ter pressões inflacionárias em algum momento. Assim, a meu ver, pode ser até bom que suba conquanto que não vejamos um movimento acelerado, que gere instabilidade e fomente incerteza no mercado.
E, se subir, o gráfico abaixo apresenta setores que se beneficiaram e outros que foram prejudicados por uma alta de juros.
Conflito Rússia e Ucrânia novamente?
Guerras nunca são bem recebidas no mercado. Elas trazem sensação de instabilidade e incerteza que, muitas vezes, é ruim para os negócios.
Dado o papel hegemônico americano como potência bélica e militar, todo e qualquer conflito no mundo acaba capturando a atenção do mercado, que se pergunta se os americanos irão intervir ou não e quais os possíveis reflexos disso. É muito cedo para se especular desse evento que escalou nos últimos dias. No entanto, vale a menção, pois me parece ser um risco ainda pouco comentado no mercado atualmente.
Bolha?
Esse é um tema que costuma atrair a atenção de 11 em cada 10 investidores. Tivemos uma injeção massiva de recursos nas economias no mundo, uma liquidez abundante e um cenário de retorno real negativo no investimento em renda fixa no mundo. É normal que esse dinheiro flua para investimentos de risco (ações). Mas é possível que bolhas sejam criadas?
Sempre é, mas a verdade é que o dínamo para valorização sustentada das ações é o crescimento de lucros – e isso é mais factível de acontecer em uma economia que cresce.
E a verdade é que, assim como Peter Lynch nos ensina, mais dinheiro foi perdido tentando adivinhar a próxima bolha ou crise do que nas crises em si. O gráfico e estudo do Julius Bauer é uma aula nesse sentido. Ele apresenta 3 tipos de investidores:
(i) O Buy and Holder, que comprou o índice e segurou sem fazer movimentações;
(ii) O investidor preocupado, que a cada queda de 10% do índice saía do mercado e carregava caixa por 6 meses;
(iii) O investidor super preocupado, que a cada queda de 10% do índice saía do mercado e carregava caixa por 12 meses.
O gráfico fala por si só. O investidor que não quis ficar acertando timming de mercado de entrada e saída viu seu capital crescer 469%. Os investidores mais preocupados e inquietos viram seu retorno ser bem menor.
ACONTECE NA AVENUE
Essa semana tivemos três lives super interessantes! Se você perdeu, confira aqui suas gravações.
LEITURAS INTERESSANTES…
Até semana que vem.
WILLIAM CASTRO ALVES