Semana marcada pelo desempenho negativo do mercado americano em todos os setores, principalmente por conta dos dados de inflação acima do esperado
17/05/2021
VISÃO DO ESTRATEGISTA
RESUMO
A semana passada foi marcada pelo desempenho negativo do mercado americano em todos os setores, principalmente por conta dos dados de inflação, que vieram acima do esperado (vamos comentar mais abaixo). Apesar do desempenho negativo, o DJIA -1,04% encontra-se ainda próximo das máximas históricas, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq também apresentaram quedas, com S&P -0,35% e Nasdaq -2,34%. Já os REITs também não foram bem, caindo cerca de 2%.
A bolsa está caindo ou está subindo?
Na última semana ficou evidente para o mercado a discrepância entre o desempenho das empresas de tecnologia frente às empresas cíclicas, ligadas a economia real. Na terça-feira (11), o mercado finalizou o dia em queda no índice Nasdaq. No entanto, no mesmo dia o Dow Jones fechou em alta. Este movimento não é novidade para os investidores, porém no último mês ficou clara a preferência do mercado por empresas que se beneficiam de uma retomada da economia aos moldes tradicionais.
Olhando ativos separadamente, podemos notar que mesmo a maior empresa em valor de mercado do mundo, a Apple (AAPL), tem demonstrado desempenho abaixo do índice SP500 e do ETF de tecnologia XLK.
Mesmo Facebook (FB), que apresentou resultado acima das expectativas dos analistas para o primeiro trimestre de 2021, também não performou bem no último mês.
E até a Tesla (TESLA), símbolo de um futuro mais sustentável e a esperada a grande vencedora da corrida de carros elétricos, não foi poupada pelos investidores. O seu fundador, Elon Musk, chegou a participar de um programa de grande audiência nos EUA no sábado à noite, porém o fato não ajudou no desempenho das suas ações no último mês.
Veja que os investidores se desfazendo das ações das Big Techs e apostando em empresas que devem se beneficiar de uma retomada da economia mundial. Este é o exemplo da Caterpillar (CAT), empresa produtora de veículos pesados, voltados principalmente para a construção civil e mineração, que apresentou desempenho positivo, inclusive acima do setor industrial.
Outra empresa tradicional nos EUA, fundada em 1887, e que tem desempenhado bem é a Kansas City Southern (KSU). Ela é uma das maiores ferroviárias americana, cortando o país inteiro com os seus trilhos, levando produtos, commodities e outros serviços para diversas áreas a décadas. Só nos últimos 30 anos, as ações da Kansas City Southern geraram retornos maiores que 78.400%, e no último mês subiram quase 6%.
Por fim, empresas pagadoras de dividendos, tradicionalmente muito queridas pelos investidores, mas que tinham perdido o apelo para a nova economia tecnológica, voltaram a superar o S&P 500, com um retorno acima de 20% em 5 meses.
Se esta tendência irá continuar nos próximos meses é difícil de prever. Porém, a demanda reprimida por serviços, devido à crise do coronavírus, parece ser a métrica mais importante para o mercado e os indícios de retomada da atividade econômica americana só parecem aumentar.
O monstro da inflação teria acordado novamente?
Se tivéssemos que escolher o catalisador mais importante para explicar o fraco desempenho do setor de tecnologia em 2021, teríamos que ressaltar os dados de inflação que saíram na última semana. O índice americano acelerou no mês de abril, com o Índice de Preços ao Consumidor (CPI), similar ao nosso IPCA, atingindo 4,2% em relação ao ano anterior, acima das estimativas dos analistas que esperavam 3,6%. Esse é o ritmo mais rápido do indicador desde 2008.
O aumento mensal foi de 0,8%, ante o esperado de 0,2%. Excluindo os preços voláteis de alimentos e energia, o núcleo do CPI aumentou 3% em relação ao mesmo período em 2020 e 0,9% em uma base mensal. As respectivas estimativas eram de 2,3% e 0,3%. O grande destaque foi o aumento dos preços de veículos novos e usados, passagens aéreas e hotéis, todos subindo mais de 5% com a reabertura da economia.
Lembrando que este cenário inflacionário não é negativo, muito pelo contrário. Demonstra um crescimento dos retornos das empresas e uma melhora da economia. Naturalmente que, como qualquer ciclo econômico, algumas empresas podem se beneficiar mais ou menos deste cenário e este é o caso da tecnologia na ponta negativa. Mas também temos casos na ponta positiva! Em um artigo muito interessante da Market Realist, eles comentam algumas das empresas que mais podem performar neste cenário. Veja a lista das opções de ações e ETFs para se proteger da inflação:
Ações: Se o Federal Reserve (FED) mudar a sua fala e decidir aumentar as taxas de juros, negócios que dependem dos retornos da renda fixa, como bancos e seguradoras, serão beneficiados neste cenário.
REITs: Com as taxas de juros em níveis recordes, agora pode ser um bom momento para investir em imóveis. A falta de casas disponíveis atualmente aliada a possibilidade de alugar os imóveis do seu portfólio, estão ajudando os REITs a se valorizarem e pode acompanharem a inflação.
Títulos de Renda Fixa (via ETFs): Os títulos do Tesouro, ou títulos do Tesouro protegidos contra a inflação (TIPS), são projetados especificamente para proteger os investidores da inflação. Uma vez que são indexados à taxa de inflação, seu valor muda com base na taxa de inflação e você pode investir neles através de ETFs.
ACONTECE NA AVENUE
Nessa semana que passou fizemos duas lives. Para quem não conseguiu participar, não tem problema, elas ficaram gravadas. Se você se interessa por renda fixa ou procura ideias para seus investimentos, confira:
Precisamos falar sobre Renda Fixa.
LEITURAS INTERESSANTES…
Até semana que vem.
Guilherme Renato Rossler Zanin