ADP junho: um dado bastante fraco do mercado de trabalho americano
02/07/2025
Por
William Castro
Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.
Expectativa x Realidade
- Dado anterior: revisado de 37 mil para 29 mil;
- Expectativa: 99 mil;
- Dado realizado: -33 mil.
Leitura, abertura e impacto
O Relatório Nacional de Emprego da ADP divulgado hoje (2 de julho de 2025), trouxe uma surpresa negativa acerca do mercado de trabalho americano. O relatório mostrou que uma contração de 33 mil postos de trabalho no setor privado, um número muito inferior aos 99 mil esperados pelo mercado e ainda inferior ao dado reportado anteriormente que havia sido a criação de 29 mil (dado esse já revisado para baixo nessa medição). Essa foi a primeira queda desde março de 2023 e o número mais fraco desde fevereiro de 2022.
A economista-chefe da ADP, Nela Richardson comentou sobre o dado: “embora as demissões continuem em volume baixo, a hesitação em contratar e a relutância em substituir os trabalhadores que saíram levaram à perda de empregos no mês passado. Ainda assim, a desaceleração nas contratações ainda não prejudicou o crescimento salarial.”
O relatório sugere que a economia vem mostrando sinais de enfraquecimento em meio a preocupações com as políticas tarifárias, das e incertezas econômicas e geopolíticas. O relatório da ADP frequentemente difere dos números de empregos não agrícolas do Bureau of Labor Statistics (Payroll) devido a diferenças metodológicas. Ainda assim, elevam-se as expectativas com o relatório do governo ao qual o mercado espera que mostre uma criação de 110 mil empregos para junho. O dado de hoje levanta preocupações sobre a saúde do mercado de trabalho, elevando as expectativas e pressão sobre o banco central americano (Fed) para uma flexibilização monetária, ainda que a postura dos dirigentes do Fed esteja sendo a de aguardar a evolução dos dados de emprego e inflação para aí sim agirem nesse sentido.
Abrindo o dado, vemos que o número foi impulsionado por perdas significativas em setores relacionados a serviços, especialmente serviços profissionais e empresariais (-56 mil) e serviços de educação e saúde (-52 mil), com atividades financeiras também registrando uma queda de 14 mil empregos. Apesar das perdas de empregos, o crescimento salarial permaneceu relativamente estável, com aumentos anuais de 4,4% para trabalhadores que permaneceram no mesmo emprego e 6,8% para aqueles que mudaram de emprego, ligeiramente abaixo dos números de maio. Olhando pelo tamanho de empresas, as pequenas empresas, especialmente aquelas com menos de 20 funcionários, foram responsáveis por uma parte significativa das perdas de empregos (29 mil), enquanto grandes empresas com mais de 500 funcionários registraram um crescimento de 30 mil empregos.
Impacto
- Apesar do dado fraco, os yields dos títulos de dívida sobem se recuperando das quedas recentes.
- Índice dólar se valoriza levemente e contra o Real a moeda americana também sobe de forma moderada para R$ 5,47.
- Os índices acionários operam perto do território neutro.
Sobre o dado. O relatório da ADP, se baseia em dados de folha de pagamento de aproximadamente 400 empresas dos EUA, é visto como um indicador precedente confiável acerca das condições do mercado de trabalho americano e da performance do Payroll nos segmentos que não sejam empregos governamentais e agrícola. Por ser um possível preditor do Payroll, o relatório da ADP é acompanhado de perto pelo mercado pois fornece uma visão do estado do mercado de trabalho dos EUA antes dos dados oficiais do governo.
@willcastroalves
Estrategista-chefe da Avenue Securities
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William Castro
Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.
