Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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Se ainda havia algum receio de a economia americana estar caminhando para uma recessão, a semana que passou foi como um banho de água fria nos mais pessimistas. Nos últimos dias, acompanhamos a divulgação de uma série de dados que mostraram a resiliência da economia americana, afastando cada vez mais o infundado cenário de temores acerca de uma recessão e reiterando o que já temos comentado aqui na coluna, bem como em nossa live em que falamos sobre o panorama macroeconômico de agosto.

Abordaremos detalhadamente cada um dos principais fatores para o raciocínio acima, mas antes vamos conferir a agenda com os dados divulgados na semana passada, comparando as expectativas do mercado com os números reportados:

 

 

 

 

 

Menos inflação

O principal indicador de inflação nos EUA, o CPI (Consumer Price Index ou Índice de Preços ao Consumidor), mais uma vez mostrou uma evolução positiva e em linha com o esperado nas diferentes medições, exceto na variação anual do índice cheio, apresentando uma alta de 2,9% ante os 3,0% esperados.

Importante mencionar que essa alta de 2,9% é o menor aumento em 12 meses desde março de 2021, sendo que, ao olharmos o núcleo desse dado, ele se configura como o menor aumento desde abril de 2021.

Cabe ainda o registro de que, após a variação negativa do mês anterior, já era esperado um leve aumento dos preços em julho. Então agora contamos com 4 leituras mais brandas, lembrando que, desde o dado de abril, temos visto uma dinâmica favorável dos índices de inflação. E, investigando um pouco mais a fundo esse número, vemos que a dinâmica favorável de desaceleração pode ser observada em diferentes segmentos.

Fonte: Nick Timiraos on X 14/ago/2024
 

E o varejo segue forte

Na semana passada, o dado de vendas no varejo americano refletiu a pujança e a resiliência do consumo, com números muito superiores ao esperado, tanto no índice cheio quanto em seu núcleo, revelando um aumento de vendas de 1% em julho/24 ante julho/23, bem acima do esperado de 0,4%. O gráfico abaixo mostra como a alta observada em julho destoa dos últimos meses. Uma das explicações para esse resultado reside no impacto negativo de um ataque cibernético registrado na CDK Global (clique aqui para saber mais), que afetou negativamente as vendas de veículos no mês anterior.

 


Fonte: Wall Street Journal 15/ago/2024
 

Já quando olhamos a tendência de longo prazo, notamos que as vendas no varejo ano a ano seguem mostrando evolução favorável, crescendo 2,7% ante julho/2023, tendo o seu núcleo crescido 3,1% no mesmo período. Vale lembrar que as vendas no varejo compõem uma parte considerável dos gastos gerais e uma parcela relevante do PIB americano.

E, no mesmo dia de divulgação desses dados, tivemos o resultado do Walmart, a segunda maior varejista dos EUA, com números bem acima do esperado pelo mercado, elevando ainda mais as suas projeções de vendas para o ano.


Fonte: Reuters.com 15/ago/2024
 

E o mercado de trabalho?

Após o último Payroll, que mostrou uma criação de postos de trabalho bem inferior ao que o mercado esperava, observamos que os recentes pedidos de auxílio-desemprego também corroboraram a visão de que a economia segue resiliente. Os pedidos iniciais de seguro-desemprego para a semana encerrada em 10 de agosto totalizaram 227 mil, ficando abaixo dos 235 mil esperados e seguindo em patamares bastante normais se comparados aos anos anteriores (vide gráfico abaixo).

 

 

 

Fonte: The Daily Shot 16/ago/2024
 

 

Indo mais além nessa questão, vemos que, em geral, poucas empresas têm falado sobre planos de demissões ou corte de custos de pessoal. O gráfico a seguir mostra, na linha azul, que não houve um grande aumento das empresas do Russell 3000 (índice composto pelas 3000 maiores empresas do mercado americano) com planos para demissões futuras.

 


Fonte: Mike Zaccardi on X 14/ago/2024
Ou seja, os recentes dados da economia americana mostram que o varejo e o consumo americano parecem seguir em alta; os dados também parecem indicar que o mercado de trabalho não está muito longe da normalidade ou que, pelo menos, não há uma indicação de recessão provocada por ele. Em suma, os dados têm revelado um cenário positivo, trazendo boas notícias tanto sob o ponto de vista de atividade quanto de perspectiva de crescimento econômico.

 

E no mercado

Bom, esse super combo de indicadores com números acima do esperado geraram três impactos diretos no mercado relacionados a:

1) Juros. Corrigindo os exageros da semana anterior e abafando os receios de uma hipotética recessão, vimos as curvas de juros apresentarem leve alta. Abaixo temos os yields dos títulos de 2 (azul), 10 (preto) e 30 (vermelho) anos.

Entendemos que os dados de inflação sustentam a visão dominante no mercado de que há espaço para o banco central americano iniciar um processo gradual de redução dos juros. A maior parte das apostas aponta para um corte de 0,25% na próxima reunião, que acontece no dia 18 de setembro. Por outro lado, consideramos exagerada e prematura a discussão sobre cortes mais agressivos, pois acreditamos que essa evolução favorável nos preços precisa ser sustentada em direção ao retorno da meta do Fed, o que requer mais alguns meses de uma trajetória benigna para a inflação.

 

 


Fonte: Tradingview.com 16/ago/2024
 

 

 

2) Volatilidade. Com os temores de uma recessão se dissipando, vimos a aversão ao risco diminuindo no mercado, com uma forte queda no índice VIX de volatilidade:

 

 


Fonte: Tradingview.com 16/ago/2024
 

 

3) Ativos de risco. Por fim, os ativos de risco seguem performando bem ao redor do globo. Abaixo, a título de exemplificação, podemos averiguar a performance da semana de diferentes ativos espalhados pelo mapa.

 
Fonte: Finviz.com 16/ago/2024
 

Enquanto isso, a bolsa americana volta muito rapidamente para perto de sua máxima histórica. O gráfico abaixo revela que o índice S&P 500 está a cerca de 2% de sua máxima histórica:

 

 

Fonte: Tradingview.com 16/ago/2024
 

 

Avaliamos tal movimento como normal e uma correção dos exageros habituais do mercado que impactaram negativamente as ações há duas semanas.

 

E o Brasil, vai bem?

Não por acaso, vimos a bolsa brasileira alcançar a sua máxima histórica (vide gráfico abaixo). O Brasil não é uma ilha e a alta recente da bolsa, assim como a queda do dólar ante o real, está totalmente conectada a esse cenário mais benigno e de menor aversão ao risco global visto nas últimas duas semanas.

Fonte: Tradingview.com 16/ago/2024
 

E ESSA SEMANA QUE SE INICIA…

Para os próximos dias teremos uma agenda econômica mais branda, com os seguintes destaques:

  • Teremos a divulgação da ata da reunião do FOMC (Federal Open Market Committee ou comitê de política monetária dos EUA) na quarta-feira, podendo trazer pistas sobre as mudanças esperadas nos juros;
  • A atividade econômica estará em xeque nesta quinta-feira, com a divulgação dos PMIs (Purchasing Managers’ Index ou Índices de Gerentes de Compras) dos setores de manufatura e serviços;
  • Sairão novos dados do mercado imobiliário na quinta e sexta-feira – aqui será importante observar se as movimentações recentes nas curvas de juros geraram impactos nas vendas de imóveis.

E para fechar a semana, entre os dias 22 e 24, o Fed organizará o tradicional Simpósio Econômico de Jackson Hole, conferência que reunirá os principais economistas, acadêmicos e líderes de bancos centrais do mundo todo. Logo, o mercado estará atento às declarações e indicações acerca da evolução da política monetária americana e mudança nos juros.



E OS BALANÇOS

A safra de balanços caminha para a sua reta final, com diversas empresas conhecidas ainda divulgando os seus números. Bem, depois de uma semana que nos trouxe fortes dados de vendas no varejo e um resultado do Walmart acima do esperado, teremos a oportunidade de ver como as demais varejistas se saíram nos últimos meses – vide agenda abaixo:

 

 

Antes de nos despedirmos, quero te lembrar que o nosso time tem realizado uma ampla cobertura dos principais resultados, disponível na página “Resultados Trimestrais: Temporada de balanços nos EUA”.

 

Que tal continuarmos esse papo no Twitter e Instagram? Siga @willcastroalves e me diga o que achou do conteúdo da semana. Até lá!

 

Aquele abraço!

William Castro Alves

Estrategista-chefe da Avenue Securities

 

 

 

 

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William Castro

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