Don’t fight the FED
05/09/2022
05/09/2022
05/09/2022
No dia 08/08, há quase 1 mês, escrevi um post intitulado “Mudança de ciclo ou Bear market rally?” no qual me inclinei mais a achar que não havia acontecido nenhuma grande mudança estratural na economia americana (de lá para cá o S&P acumula queda de aproximadamente 7%). Vale dizer que continuo com a mesma cabeça: ainda podemos ter solavancos no mercado. E por quê?
Porque existe uma expressão no mercado que diz o seguinte: don’t fight the FED. Em tradução livre: não vá contra o que o FED te diz.
Nas últimas semanas tivemos diversos comentários de dirigentes do FED reforçando a necessidade de uma política de juros fortes para combater a inflação. Foram comentários que indicaram que os juros podme permancer elevados por um período mais longo e que o FED não mudará sua postura quanto as taxas de um dia para o outro. Não vou listar aqui para não ficar enfadonho, mas além do discurso de Jerome Powell em Jakson Hole, a reportagem da Reuters traz alguns desses comentários.
O que o FED fez foi ajustar as expectativas do mercado. Como um pai que diz para o filho: não vai por aí que você pode se dar mal. O gráfico abaixo evidencia esse ajuste de expetativas. Nos pontos temos a opinião e voto acerca do direcionamento de juros para diversos prazos dos diferentes dirigentes do FED. Juntos eles formam a linha rosa de expectativas do FED de juros. Acontece que o mercado muitas vezes duvida do FED e adota posições divergentes daquela proferida pela autoridade monetária. No entanto, após os comentários recentes houve um realinhamento de expectativas de juros mais para perto daquilo que Powell prevê.
Não há garantia de que essas opiniões ou previsões aqui fornecidas se provarão corretas.
Uma outra forma se analisar esse gráfico é vendo o deslocamento do que chamamos de curva de juros de 1 mês para cá.
E isso acabou trazendo impactos no mercado. Circulei nos gráficos abaixos os momentos de inflexão da Treasury de 10 anos e do S&P 500. A ideia aqui é mostrar que o S&P 500 reage a essas mudanças na percepção de juros e que esse tem sido um tema fundamental para entender os movimentos do mercado atualmente.
Tenha em mente que as pessoas físicas não podem investir diretamente em qualquer índice. O desempenho passado pode não ser indicativo de resultados futuros.
NÃO TEM ONDE SE ESCONDER?
Agosto e seus 87 dias (esse mês que parece não ter fim) se foram sem deixar saudade. Uma reportagem da Bloomberg aborda um tema interessante que é a correlação dos mercados, mostrando que agosto foi um mês bem ruim para ativos em geral. Colocando em perspectiva, foi o pior mês desde 1981 para “cross-asset holders”, ou seja, mesmo para um portfólio diversificado esse foi um mês difícil. Ainda segundo a reportagem: queda de 4,2% no S&P 500, 3,9% nas commodities, 2,2% nos Treasuries e uma perda de 1,9%, em um índice da Bloomberg que acompanha títulos corporativos de high yield.
Tenha em mente que as pessoas físicas não podem investir diretamente em qualquer índice. O desempenho passado pode não ser indicativo de resultados futuros.
Ainda segundo a Bloomberg, uma medida de sincronia de diferentes ativos rastreados pelo Barclays Plc mostra uma correlação perto dos níveis mais altos dos últimos 17 anos. Segundo Emmanuel Cau, chefe de estratégia de ações europeias do Barclays: não há “lugar para se esconder, com o medo do aperto monetário e redução de liquidez impulsionando um aumento na correlação entre ativos”.
Tenha em mente que as pessoas físicas não podem investir diretamente em qualquer índice. O desempenho passado pode não ser indicativo de resultados futuros.
O QUE ESPERAR DE SETEMBRO?
Infelizmente, ao olhar as estatísticas não trago boas notícias. Setembro tem sido tradicionalmente um mês negativo para a bolsa americana. Apenas 2 meses apresentaram um retorno médio negativo para as ações desde 1945, segundo a empresa de pesquisa de mercado CFRA: fevereiro e setembro, sendo este último o pior. Em média, setembro é o mês em que os três principais índices do mercado de ações geralmente têm o pior desempenho. O gráfico abaixo ajuda a ver isso.
Tenha em mente que as pessoas físicas não podem investir diretamente em qualquer índice. O desempenho passado pode não ser indicativo de resultados futuros.
Indo além das estatíticas, também temos decisões acerca dos juros acontencedo dias 20 e 21. Por ora, grande parte do mercado aposta em um aumento de 75 basis point,s o que jogaria a taxa para um intervalo de 3% a 3,2% – vide gráfico abaixo.
Não há garantia de que essas opiniões ou previsões aqui fornecidas se provarão corretas.
O QUE PODE MUDAR ESSA DINÂMICA?
Me parece bem clara a disposição do FED em continuar elevando juros e o mantendo em patamares elevados até ver a inflação retornar a meta proposta. No entanto, antes da decisão de sembro o calendário econômico nos reserva eventos importantes.
Esses 3 indicadores são importantes. Se mostrarem fraqueza podem gerar novamente uma mudança de expectativas no mercado acerca dos juros e, consequentemente, gerar um impacto na precificação de ativos. Penso que a “cabeça do FED” não mudará tão facilmente assim, mas sabemos que o mercado é sempre muito volátil em suas opiniões e apostas.
APESAR DOS PESARES…
Apesar do tom negativo dessa coluna até aqui, deixe-me acabar de uma forma mais positiva.
A despeito de todos os receios com a economia americana (desaceleração, recessão e juros), a verdade é que o dólar enquanto moeda (índice dólar) segue atingindo novas máximas. Contra o real, a dinâmica não tem sido a mesma, mas após “tocar” os R$ 5,00 o dólar voltou a se valorizar. Ao meu ver, isso só reforça a importância do investidor possuir reserva em dólar, mesmo em cenários adversos da economia americana.
Trading View
O desempenho passado pode não ser indicativo de resultados futuros.
Fora isso, importante sempre lembrar de algo básico, mas que muitas vezes se passa desapercebido. O mercado americano é o maior mercado de capitais do mundo, representando mais de 40% de toda capitalização do mercado global. Logo, buscar alguma exposição às ações daqui é se expor a uma parte relevante do mercado. Ao mesmo tempo, negligenciar uma alocação nos EUA é desprezar uma miríade de alternativas de investimentos disponíveis. Então, apesar dos pesares, entendo que é fundamental a diversificação no maior mercado do mundo.
E para acabar, podemos considerar a volatilidade atual e as quedas do mercado como oportunidades. Apesar da estatística negativa do mês de setembro (e que pode, eventualmente, nem se repetir nesse ano), prefiro olhar adiante e, caso a estatísitica aconteça, vemos que logo a frente podemos entrar em um momento possivelmente favorável para o mercado. Entenda mais sobre no gráfico abaixo – a linha preta do gráfico abaixo mostra o desempenho do S&P 500 ao longo do ano.
Tenha em mente que as pessoas físicas não podem investir diretamente em qualquer índice. O desempenho passado pode não ser indicativo de resultados futuros.
Era isso pessoal. Para mais análises, me sigam nas redes sociais: @willcastroalves, no Twitter ou Instagram.
Aquele abraço!
William Castro Alves
Investir envolve risco e você pode incorrer em lucro ou perda, independentemente da estratégia selecionada. O desempenho passado pode não ser indicativo de resultados futuros. O investimento internacional envolve riscos especiais, incluindo flutuações cambiais, diferentes padrões contábeis financeiros e possível volatilidade política e econômica.
A Avenue Securities LLC é membro da FINRA e da SIPC. Oferta de serviços intermediada por Avenue Securities DTVM. Veja todos os avisos importantes sobre investimento: https://avenue.us/termos/.