Impactos no crescimento americano e no dólar
03/03/2025
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03/03/2025
Enquanto o Brasil dá uma pausa na semana para celebrar a sua principal festa popular, o Carnaval, por aqui o mercado americano não para! Nos últimos dias, tivemos uma série de indicadores econômicos e eventos importantes que analisaremos nesta Weekly, além dos principais dados previstos para serem divulgados neste começo de março.
Na terça-feira passada (25), vimos a confiança do consumidor americano apresentar um forte declínio em fevereiro, ficando bem abaixo do esperado pelo mercado (98,3 vs. 102,7 esperados).
Abrindo o dado, dentre os cinco componentes do índice, apenas a avaliação dos consumidores sobre a condição de negócios atual melhorou, ainda que marginalmente. De resto, a leitura foi bastante negativa:
Em suma, o Conference Board Consumer Confidence Index trouxe números bem fracos, reportando o maior declínio desde agosto de 2021. O gráfico abaixo mostra a queda na confiança dos consumidores a partir dos subíndices da percepção atual e das expectativas gerais.
Fonte: The Conference Board, 25/fev/2025
Também tivemos outros dados que apontaram para uma deterioração do cenário econômico em suas medições:
Em geral, vimos que o jogo virou com os últimos números surpreendendo pela ponta negativa, ou seja, mais fracos do que os esperados – vide o gráfico abaixo do índice de surpresa econômica do Citibank.
Fonte: The DailyShot, 24/fev/2025
E, confirmando essa percepção, a última atualização do GDPNow do Fed de Atlanta trouxe uma mudança drástica na expectativa com o PIB para o 1T2025 – vide gráfico a seguir. A estimativa do modelo GDPNow para o crescimento real do PIB (taxa anual ajustada sazonalmente) no primeiro trimestre de 2025 despencou de 2,3% para -1,5% entre os dias 19 e 28 de fevereiro.
Fonte: GDP Now Atlanta Fed, 28/02/2025
Essa mudança reflete não só a incorporação dos dados recentes mais fracos do que os esperados, mas principalmente o impacto negativo do déficit na balança comercial americana (net exports):
Fonte: GDP Now Atlanta Fed, 28/02/2025
Basicamente, os dados sugerem uma mudança no ritmo de crescimento e de atividade da economia americana. Elencamos aqui alguns dos vários motivos que podem estar relacionados:
Agora, conforme a análise do índice de confiança do consumidor feita no início desta coluna, as expectativas com a inflação nos EUA têm se elevado. De acordo com levantamento da Bloomberg, as perspectivas dos economistas para o PCE (índice de preços de gastos de consumo pessoal) para o ano de 2025 subiram de 2,2% para 2,6% desde outubro do ano passado (fonte).
No entanto, não são apenas os economistas que anteveem aumentos. Segundo pesquisa da Universidade de Michigan, os consumidores esperam que os preços subam a uma taxa anual de 3,5% entre os próximos cinco e dez anos (fonte). Esta é a taxa mais alta estimada desde 1995, com base em dados compilados pela Bloomberg (vide gráfico abaixo).
Fonte: Bloomberg.com – US Consumer Inflation Expectations Spike to 30-Year High, 21/fev/2025
Ainda sobre o tema, na sexta-feira (28) saiu justamente o dado mais aguardado da semana: o PCE, índice de inflação mais acompanhado pelo Fed. O indicador referente a janeiro mostrou, mais uma vez, uma inflação alinhada às expectativas do mercado, com um índice cheio de 2,5% e uma leitura de 2,6% do seu núcleo – ambas registrando um aumento de 0,3%.
O que mais chamou a atenção, no entanto, foi a revisão para cima dos gastos pessoais e da inflação anual de dezembro, revelando dados mais fortes do que os apresentados anteriormente. Ainda assim, o impacto no mercado foi relativamente neutro.
Sobre a inflação, podemos dizer que temos vivido um ambiente de receios com os níveis de preços, refletido na deterioração das expectativas inflacionárias, devido especialmente a um contexto de tensões comerciais crescentes que podem resultar em tarifas e novos aumentos. No entanto, o PCE veio sem grandes surpresas e alinhado às estimativas do mercado, afastando o temor de que uma inflação acima do esperado alteraria significativamente as projeções sobre os juros. Embora os riscos em torno da dinâmica de preços persistam, o dado da última sexta-feira (28) reforça o cenário atual. Por fim, segundo a ferramenta CME FedWatch, o mercado precifica dois cortes de juros ao longo de 2025.
Fonte: CME Fed Watch Tool, 28/fev/2025
Além dos dados econômicos, o presidente Donald Trump publicou em sua rede social, a Truth Social, que as tarifas propostas de 25% sobre o México e o Canadá entrarão em vigor no dia 4 de março e que a China enfrentará uma taxação adicional de 10% (somada aos 10% que já incidem sobre os produtos chineses). Trump trouxe novamente a questão da entrada de drogas no país como o estopim para a implementação de tarifas.
Fonte: Truth Social.com, 27/fev/2025
Bom, vimos a moeda americana se valorizar nos últimos dias. Apesar da leve alta recente, após uma queda de quase 10% do dólar em relação ao real desde a sua máxima, surge a dúvida em muitos investidores sobre como aproveitar esse momento.
Além das questões estruturais que acreditamos serem as mais importantes e que, por si só, já demonstram a necessidade da dolarização de parte do seu patrimônio, no artigo Urgência em Dolarizar? explicamos melhor o racional acerca do dólar na atualidade e analisamos os principais aspectos conjunturais recentes que poderão te ajudar nessa decisão.
Ao longo desta primeira semana de março teremos a divulgação dos seguintes dados econômicos:
Segue a programação completa para os próximos dias:
Até o momento, 97% das empresas do S&P 500 já divulgaram os seus balanços, sendo que 74% apresentaram números melhores do que os esperados.
O grande destaque da semana foi o aguardado resultado da Nvidia. A companhia apresentou um crescimento robusto acompanhado de projeções (guidance) acima das previsões para o próximo trimestre. Foram reportados aumentos de 78% nas receitas e de 80% em seu lucro líquido, com números acima dos esperados. Apesar disso, as elevadas expectativas do mercado acabaram pesando e as suas ações reagiram negativamente.
Além da Nvidia, para esta Weekly trouxemos outros três resultados que merecem a sua atenção:
No blog da Avenue você pode acompanhar todas essas divulgações diariamente, na página: Resultados Trimestrais – Temporada de balanços nos EUA.
Para esta semana, teremos menos empresas divulgando os seus números. Dentre os maiores nomes em termos de valor de mercado, podemos destacar: a empresa de segurança cibernética CrowdStrike (CRWD); um dos players de AI da atualidade, a Broadcom (AVGO); nomes conhecidos do varejo americano como as lojas Ross (ROSS), Best Buy (BBY) e os supermercados Costco (COST) e Kroger (KR); e a dona da marca de whiskey Jack Daniel’s, a Brown Forman (BFb).
Confira abaixo o calendário das próximas divulgações:
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Aquele abraço!
William Castro Alves
Estrategista-chefe da Avenue Securities
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