Avenue Weekly: “The time has come” (“Chegou a hora”)
26/08/2024
ALGUMAS MUDANÇAS
Você que nos acompanha aqui regularmente notará algumas mudanças sutis a partir de agora. Uma delas é com relação ao nome desta coluna, que passará a se chamar Avenue Weekly.
Do nosso lado, continuaremos postando os conteúdos e as atualizações de tudo o que acontece com a economia e o mercado americanos em bases semanais, como já é feito. A grande mudança se refere aos demais assuntos que compunham o Insights Avenue, que vão além do escopo dos eventos semanais e abordam temas mais atemporais em sua essência, e seguirão com o mesmo nome, em uma periodicidade diferenciada.
FALEMOS AGORA DA SEMANA QUE PASSOU
Foco no mercado de trabalho americano…
Na última semana tivemos dois eventos importantes que jogaram os holofotes para o mesmo ponto, direcionando toda a atenção ao mercado de trabalho americano. Vou explicar melhor…
Na quarta-feira, o Bureau of Labor Statistics divulgou a revisão da geração de postos de trabalho na economia americana com números bem abaixo do reportado inicialmente: foram criados 818 mil postos de trabalho a menos nos últimos 12 meses.
Desmembrando esse número para ficar mais compreensível, em abril, o Departamento de Trabalho americano havia reportado a criação de 2,9 milhões de postos de trabalho em 12 meses. Esse número foi revisado para baixo em 818 mil postos de trabalho, ou 68 mil postos a menos por mês. Sendo assim, a média mensal da criação de postos de trabalho caiu de 241,7 mil para 173,5 mil. A seguir vemos a tabela com a abertura por setor de onde foram feitas essas revisões no número de empregos.
Fonte: US Labour Statistics – 21/ago/2024
Para entender melhor… Mensalmente, o Departamento de Trabalho dos EUA publica estimativas sobre quantos empregos foram criados na economia nacional, com base em uma pesquisa junto aos empregadores. No entanto, os dados mais detalhados são fornecidos a partir dos registros de impostos estaduais, que ficam disponíveis posteriormente. É disso que trata este report.
Tamanha variação pode soar estranho, no entanto, os relatórios de Payroll fazem suposições sobre quantas novas empresas estão sendo criadas e quantas antigas estão sendo fechadas, o que faz com que erros de estimativa como esse sejam até bastante comuns – especialmente no período pós-pandemia (2021 e 2022), quando a economia estava criando empregos e os números iniciais foram posteriormente revisados para cima.
No gráfico seguinte podemos conferir melhor as variações observadas nos últimos anos:
Fonte: Zero Hedge on X – 21/ago/2024
Ainda assim, a questão que fica é a de que essa forte revisão para baixo reforça a leitura de um mercado de trabalho menos pujante que os dados preliminares sugeriam.
O Fed também está preocupado com o mercado de trabalho?
Continuando nesse tema, no mesmo dia foi divulgada a minuta da última reunião do Fomc (Federal Open Market Committee ou Comitê de Política Monetária dos EUA), de julho, na qual os membros decidiram pela manutenção das taxas de juros atuais. Em linhas gerais, os comentários e destaques dessa ata corroboraram o que comentei acima, indicando a predisposição ou a elevada probabilidade do Fed em mudar a sua política monetária e começar a reduzir os juros nos EUA na próxima reunião, no dia 18 de setembro. Embora todos os diretores do FOMC tenham votado para manter as taxas de juros inalteradas, houve uma inclinação entre um número não especificado de diretores a favor de iniciar o ciclo de flexibilização monetária já na reunião de julho, em vez de esperar até setembro.
O cerne da questão continua sendo a evolução favorável dos dados de inflação e o monitoramento dos dados de trabalho. O ajuste fino nas taxas deriva do mandato duplo do Fed em controlar a inflação e manter condições favoráveis para um mercado de trabalho saudável.
Alguns destaques da ata:
O que pudemos ver nessa ata foi um aumento das preocupações tanto com o mercado de trabalho quanto com a desaceleração da economia, corroborando a percepção de aumento da probabilidade de cortes de juros.
E, seguindo nessa mesma toada, na última sexta-feira (23) o presidente do banco central americano, Jerome Powell, discursou no simpósio econômico de Jackson Hole, em Wyoming.
Fonte: Discurso de Jerome Powell em Jackson Hole – 23/ago/2024
Sua frase mais emblemática, e que deu direção para o mercado, foi:
“Chegou a hora de a política se ajustar … A direção da viagem é clara, e o momento e o ritmo dos cortes nas taxas dependerão dos dados recebidos, da perspectiva em evolução e do equilíbrio de riscos.”
Em suma, as declarações de Powell reforçam a percepção geral, já presente na ata do Fomc divulgada semana passada, de que chegamos ao momento de cortes de juros nos EUA, mesmo que ainda não tenha sido definida uma data para isso – no entanto, fica implícito que existe uma probabilidade considerável de que tal movimento comece na próxima reunião, em setembro. Powell disse ainda que o cenário inflacionário apresenta uma evolução benigna ao se aproximar da meta de 2%, sendo que entre o mandato dual do Fed de controle de preços e de estabilidade do mercado de trabalho, o segundo tem sido uma preocupação maior do que o primeiro.
Mas calma, porque também tivemos dados positivos na última semana!
Segundo Chris Williamson, Chief Business Economist da S&P Global Market Intelligence:
“The solid growth picture in August points to robust GDP growth in excess of 2% annualized in the third quarter, which should help allay near-term recession fears. Similarly, the fall in selling price inflation to a level close to the pre-pandemic average signals a ‘normalization’ of inflation and adds to the case for lower interest rates”.
“O quadro de crescimento sólido em agosto aponta para um crescimento robusto do PIB acima de 2% anualizado no terceiro trimestre, o que deve ajudar a amenizar os temores de recessão de curto prazo. Da mesma forma, a queda na inflação do preço de venda para um nível próximo à média pré-pandemia sinaliza uma ‘normalização’ da inflação e contribui para um cenário de redução das taxas de juros”.
Fonte: Spglobal.com – 22/ago/2024
E O IMPACTO NO MERCADO?
O impacto de todos esses eventos no mercado foi claro. As curvas de juros cederam em todos os vértices com a expectativa de que haja cortes de juros em breve e voltaram a operar próximo às mínimas do ano.
Fonte: Tradingview.com 23/ago/2024
Já o índice dólar alcançou a mínima de 12 meses, ou seja, o dólar perdeu valor ante uma cesta de moedas. Não é de surpreender que contra o real houvesse uma leve desvalorização também, mas é interessante notar que o dólar contra outras moedas está nas mínimas de 12 meses, enquanto ante o real essa dinâmica tem sido bem diferente.
Fonte: Tradingview.com 23/ago/2024
E na renda variável…
Na renda variável, a possibilidade do início de cortes de juros foi bem recebida, com os ativos de risco performando bem e os índices americanos se aproximando de suas máximas históricas.
Além disso, temos notado a estratégia de rotação entre setores – tal como adiantado aqui na coluna do mês passado (Rotation no mercado americano?). Ou seja, investidores têm vendido posições em alguns ativos para alocá-los em ativos de outros setores – observo principalmente uma underperformance dos ativos de tecnologia em favor de setores mais tradicionais como utilities, imobiliário e saúde, dentre outros. O gráfico abaixo mostra que o percentual de ativos superando o índice S&P 500 nos últimos 2 meses encontra-se no maior nível em 2 anos.
Fonte: Josh Schafer on X 20/ago/2024
E a explicação disso deriva essencialmente da inflexão de alguns setores específicos aos cortes de juros. O gráfico abaixo evidencia bastante isso, ou seja, as ações de alguns setores têm apresentado uma maior sensibilidade à questão dos juros.
Fonte: The Daily Shot 19/ago/2024
E ESSA SEMANA QUE SE INICIA…
Bom, para esta semana teremos uma agenda econômica que guarda indicadores importantes:
E OS BALANÇOS
A safra de balanços praticamente se encerrou, mas ainda restaram algumas empresas divulgando números nesta semana:
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Aquele abraço!
William Castro Alves
Estrategista-chefe da Avenue Securities
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