Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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“SELL IN MAY AND GO AWAY”?

Este é um famoso ditado do mercado que basicamente sugere que você deveria vender suas ações no início do mês de maio e só retornar mais tarde. Isso se baseia no histórico de desempenho ruim das ações (especificamente o S&P 500) durante o período de seis meses, de maio a outubro.

 

Mas será que há verdade nesse ditado?

Esse conceito originou-se do Stock Trader’s Almanac, um livro que, entre outras estatísticas, observou um desempenho melhor das ações, medido pelo índice Dow Jones Industrial Average, de novembro a abril, em comparação com o período de maio a outubro. Estudos mais recentes, com o índice S&P 500, têm ajudado a corroborar essa tese. Segundo a Fidelity Investments, o retorno médio do S&P 500 no período de 1990 a 2023 foi de 2%, em comparação com uma média de aproximadamente 7% de novembro a abril – Sell in May and go away | Stocks | Fidelity. Outros artigos também foram escritos sobre o tema, corroborando essa ideia, como o “The Halloween Indicator, ‘Sell in May and Go Away’: Everywhere and All the Time by Ben Jacobsen, Cherry Yi Zhang”

É interessante notar que, de fato, quando analisamos o gráfico abaixo, essa ideia parece fazer sentido. O gráfico mostra o desempenho mensal do S&P 500 desde 1990 na linha preta e, abaixo, o índice de volatilidade, também conhecido como índice do medo, na linha vermelha. Chama a atenção o fato de a performance do S&P 500 aparentemente “estacionar” nesse período, enquanto observamos um aumento na volatilidade do mercado.

Fonte: TopDownCharts – 30/abr/2024

 

E abaixo, outro gráfico que apresenta de forma mais clara as diferentes janelas de desempenho, ou seja, o desempenho em diferentes períodos de 6 meses ao longo do ano. De fato, pode-se dizer que o período de maio a outubro não tem sido dos melhores para o mercado.

Fonte: LPLFinancial.com – 04/abr/2024

 

Quais são as possíveis explicações para esse fenômeno?

Férias? Alguns atribuem essa tendência às férias do hemisfério norte, quando traders e agentes do mercado reduzem suas posições para desfrutar das férias, assumindo menos riscos em suas carteiras.

Impostos? Outra explicação está relacionada ao sistema fiscal dos EUA, onde a declaração e o pagamento de impostos ocorrem em abril (mais precisamente até 15 de abril). Além disso, algumas empresas e indústrias encerram seus anos fiscais nessa época ou em junho. Portanto, o início de um novo ano fiscal pode motivar a realização de vendas com ganhos de capital, que seriam tributados somente no próximo ano fiscal.

Eventos históricos. Outra explicação possível é que diversos eventos disruptivos no mercado coincidentemente ocorreram durante esses meses. Por exemplo, a crise do petróleo começou em 1973, mas afetou fortemente o mercado acionário em abril e nos meses seguintes de 1974; o famoso Crash de 87 aconteceu em outubro; o ataque ao World Trade Center ocorreu em setembro de 2001; a grande crise financeira de 2008 teve seu ápice (maior queda das ações) nos meses de setembro e outubro. Além disso, as eleições, um evento que eleva a volatilidade no mercado no período que antecede a decisão, historicamente acontecem na primeira terça-feira de novembro. (fonte). Portanto, podemos observar diversos eventos relevantes que influenciaram essa estatística ao longo do tempo.

Economia. Uma explicação mais fundamentada pode derivar também dos indicadores econômicos. O gráfico abaixo mostra que durante esse período, o índice de surpresa econômica (linha azul), que representa o quanto os indicadores econômicos surpreendem positivamente, reduz substancialmente. Como resultado, observamos os agentes adotando uma postura mais cautelosa e menos otimista em relação ao mercado, reduzindo sua exposição.

Fonte: TopDownCharts – 30/abr/2024

 

Uma verdade relativa?

Como costumo ressaltar, não há estratégia perfeita ou infalível no mercado. Embora os números possam sugerir uma tendência ou sazonalidade, é importante observar que nos últimos 10 anos, o mês de maio se mostrou positivo para o mercado acionário. No entanto, nada garante que será o mesmo este ano, mas é, no mínimo, interessante notar essa tendência.

Ryan Detrick on X – 29/abr/2024

 

Outro ponto é que historicamente, o desempenho ruim no período de maio a outubro foi mais perceptível em anos de “bear market“, ou seja, em anos negativos para o mercado de ações. Por outro lado, em anos de “bull market“, as ações podem ter experimentado momentos de agitação no mercado, mas ainda assim perceberam valorização durante esses meses.

Fonte: TopDownCharts – 30/abr/2024

 

CONCLUSÃO

Como mencionado anteriormente, não há verdade absoluta ou estratégia perfeita no mercado. Em resumo, o período de maio a outubro tende a apresentar retornos mais baixos e mais voláteis. No entanto, apenas em mercados em baixa (bear market) é que os retornos costumam ser verdadeiramente negativos.

Acreditamos firmemente que os retornos de uma carteira que segue uma estratégia de “buy and hold”, ou seja, mais estrutural e agnóstica a esses movimentos de curto prazo, tendem a ter um desempenho melhor e são preferíveis para o investidor. Como discutimos recentemente em nossos Insights Avenue (Por que o tempo é o melhor aliado nos investimentos?), estar posicionado e participar do mercado oferece a melhor possibilidade de retornos a longo prazo.

E já que começamos com um ditado, concluo com outro: “investir é como sabão; quanto mais você toca, menor fica”.

 

A DESCORRELAÇÃO DO ANO…

Um gráfico e uma relação que chamam atenção e ajudam a caracterizar o ano são os do S&P 500 e do yield dos títulos de dívida americana de 10 anos. A história da treasury de 10 anos em 2024 foi basicamente de uma valorização (abertura da curva de juros no mercado), um reflexo dos dados econômicos mais fortes do que o esperado e a percepção de menos espaço para cortes de juros em 2024. Pois bem, historicamente, essa alta tendeu a levar o mercado acionário, representado pelo S&P 500, a realizações, ou a ter um momento de performance mais complexo, por assim dizer. No entanto, isso não tem sido verdadeiro este ano.

O gráfico abaixo compara o S&P 500 na linha preta com o yield das treasuries de 10 anos (escala invertida, ou seja, a alta dos yields é refletida com a queda da linha lilás).

Fonte: The Daily Shot – 09/mai/2024

 

O mercado acionário estaria ignorando os juros?

Pode ser. No entanto, penso que talvez o mercado esteja focando muito mais no crescimento apresentado pelas empresas até agora. A safra de balanços do 1T24 está praticamente encerrada e até o momento, 77% das empresas do S&P 500 reportaram lucro por ação reais acima das estimativas, com lucros crescendo 7,5% acima das estimativas e com a margem de lucro líquido ficando em 11,7%, um número superior à margem de lucro líquido do trimestre anterior de 11,2% e acima da média dos últimos 5 anos de 11,5% (fonte). O crescimento dos lucros ajuda a sustentar o mercado de ações.

Fonte: The Daily Shot – 07/mai/2024

  

E já que falamos de resultados…

 Seguimos acompanhando dos resultados aqui neste link:

Resultados Trimestrais: Temporada de balanços nos EUA

 

E abaixo a agenda dessa semana:

 

Recompras…

Além dos resultados, algo que tem ajudado a sustentar os mercados são os programas de recompra de ações. Como exemplo, a Apple aprovou um programa de US$ 110 bilhões, praticamente o valor de mercado da Petrobras! Segundo o Goldman Sachs, as empresas do S&P irão alocar US$ 1,1 trilhão em recompras de ações até 2025, um valor semelhante ao produto interno bruto anual da Holanda.

Fonte: Bloomberg.com – 07/mai/2024

 

Então, em resumo, apesar da descorrelação, a alta do mercado parece estar fundamentada no que mais importa: a capacidade das empresas de gerar lucros e crescer. Além disso, a sólida posição de caixa de muitas das grandes empresas americanas permite que elas recomprem parte de suas ações como forma de beneficiar os acionistas. Acredito que esses argumentos ajudam a refutar a ideia de que o mercado acionário americano possa estar experimentando algo semelhante a uma bolha ou algo do tipo. Especificamente, cabe destacar o gráfico abaixo, que mostra a capacidade das empresas norte-americanas de manter margens e entregar números melhores do que os esperados pelo mercado.

Fonte: The Daily Shot – 08/mai/2024

 

PARA QUEM PERDEU A LIVE…

Para quem perdeu, não há problema, pois nossa última live, na qual falamos sobre o relatório Seleção Avenue – Ideias de Investimentos em Ações, REITs e ETFs, foi gravada e está disponível neste link abaixo.

Seleção Avenue – Ideia de Investimento para você – maio 2024

 

E PARA TERMINAR

Gostaria de deixar meu apreço a toda solidariedade que está sendo prestada por todos os brasileiros ao meu estado Rio Grande do Sul em meio a tragédia que meus conterrâneos vivem. Nesse momento, o melhor que podemos fazer é ajudar como podemos…através de doações, orações, divulgando as necessidades e formas de ajudar a todos. Ainda há um caminho pela frente mas como disse na semana passada, desejo muita força aos meus conterrâneos e irmãos, para atravessar esse momento difícil. Somos um povo de muitas virtudes, então é hora de mostrarmos valor e constância, para que nossas façanhas sirvam de modelo a toda terra, tal qual cantamos no hino do Rio Grande do Sul.

 

E para quem quiser, sempre deixo aqui o convite para me seguir nas redes sociais – @willcastroalves tanto no Twitter quanto no Instagram – e diga o que achou.

 

Aquele abraço!

William Castro Alves

Estrategista-chefe da Avenue Securities

 

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William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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