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Por

Tomás Roque

Formado em Economia pela UNESP com distinção e extensão em Business na Tampere University - Finlândia. Possui as certificações CGA, CGE e Series 99

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Risco pode ser entendido de várias maneiras. O escritor Morgan Housel traz duas definições, uma em seu livro “Psicologia do dinheiro” e outra em “O mesmo de sempre”. A primeira é que risco é o exato oposto da sorte: consiste em acontecer algo que você não esperava, mas com um desfecho negativo. A segunda é que risco é o que sobra depois que você acredita ter pensado em tudo.

Independente da forma que se entende risco, ele está presente no dia a dia, especialmente no mundo financeiro. O artigo de hoje visa explicar alguns dos principais riscos existentes no mercado, como eles influenciam os investimentos e como (quando possível) administrá-los.
 

Risco de Mercado

Talvez o mais conhecido, risco de mercado é o risco de o investidor perder o valor que investiu, seja qual for o motivo (e existem muitos). Esse risco faz parte da categoria de risco sistemático, e como o próprio nome diz, está inerente ao sistema, isto é, não é possível dissolver esse risco através da diversificação.

A pandemia de 2020 deixou muito claro como o risco de mercado funciona. A imagem abaixo mostra o retorno dos ativos do S&P 500 na semana do dia 28 de fevereiro de 2020. O retorno de praticamente todos os ativos foi negativo, o mercado como um todo caiu, e mesmo uma carteira bem diversificada nesse momento sofreu o impacto.

Fonte: Finviz

 

Esse é um tipo de risco sistemático, como foi comentado. Durante esse artigo terão mais alguns outros inerentes ao mercado, enquanto outros são passíveis de administração via o único almoço grátis: a diversificação. Sobre esse tema, temos um artigo feito pela Juliana Benvenuto, explicando um pouco mais sobre o que é diversificação. Diversificação: a estratégia que pode proteger o seu dinheiro (avenue.us)

Risco de Negócio

Esse é oposto ao primeiro risco comentado. Ele leva em conta especificidades da empresa, seja a parte interna, como a eficiência operacional, saúde financeira ou até a parte externa, como sazonalidade ou uma nova legislação sobre o produto vendido por ela.

Um caso emblemático é o da Enron, no início dos anos 2000. A Enron era uma empresa de gás natural, fundada em 1985, e durante a década de 90 ela cresceu de forma muito rápida, se tornando uma das maiores empresas do setor nos EUA. Mas esse crescimento acabou em 2001, quando veio à tona um escândalo contábil gigantesco, fazendo com que as ações fossem a US$ 0 e a empresa quebrasse.

Abaixo é possível ver o gráfico desse crescimento na década de 90 e o declínio rápido em 2001.

Fonte: Medium

 

Risco de Crédito

Mais um risco específico ligado às empresas. Seria o risco de alguma empresa não cumprir com as suas obrigações. Uma forma muito comum de medir esse risco é a partir do quanto os títulos de cada empresa estão pagando no mercado. Geralmente, quanto mais um título está pagando, maior é o risco dessa empresa.

Além disso, há um ranking feito por três grandes empresas de avaliação de risco de títulos, que analisam e dão uma nota de crédito para títulos, seja para companhias ou para países. Essas notas são a forma mais comum de se ver o risco de crédito.

Abaixo é possível ver essa classificação. Quanto mais alto, melhor a nota de crédito. Em outras palavras, melhor a qualidade do título, e maior é a chance do emissor realizar os pagamentos devidos.

Fonte: Wall Street Prep

 

Risco de Taxa de Juros

Voltando para um risco sistemático, a taxa de juros é o custo do dinheiro no tempo. Nesse outro artigo trago um pouco mais sobre essa variável macroeconômica tão importante e comentada. Como a taxa de juros impacta o nosso dia a dia e influencia a inflação? (avenue.us)

Especificamente uma taxa de juros é a mais importante do mundo: a taxa de juros dos EUA. Ela movimenta toda a economia, e existe até uma icônica frase no mercado que diz “taxa de juros é a dos EUA, o resto é spread”. Ou seja, tudo que está acima dela é o risco de crédito do emissor, que foi mostrado no ponto anterior.

Nos últimos 20 anos ela variou entre 5,5% e praticamente 0%, como mostra o gráfico abaixo. E cada uma dessas situações traz impactos nos investimentos. Um exemplo são títulos prefixados, onde existe uma relação inversa entre taxa de juros e preço. Quando as taxas caem, os preços dos títulos sobem, e vice-versa. E com juros mais elevados, as empresas têm menos incentivos de criar projetos, uma vez que ficaram mais caros, e talvez o risco não valha a pena. Passa também a ser mais caro, não só financiar novos projetos de crescimento ou investimentos, como refinanciar as dívidas já existentes, o que pode pressionar as empresas (principalmente aquelas com um risco de crédito pior).

Fonte: St. Louis FED

 

Risco de Cambial

O último que citarei nesse artigo é o risco cambial. Quando se pensa no dólar contra o real, talvez seja um dos riscos mais fáceis de identificar, basta lembrar algumas das dezenas de dias que o dólar disparou mais de 5% frente ao real por algum motivo, seja interno ou externo.

O gráfico abaixo ilustra bem esse risco, mostrando, nos últimos 10 anos, o preço de US$ 1 em reais. Ele saiu de R$ 2,20 em 14 de maio de 2014 para R$ 5,15no dia 13 de maio de 2024

Os fatores que influenciam essa dinâmica são incontáveis, desde impeachment a pandemia, tanto que o Edmar Bacha, um dos responsáveis pelo Plano Real no Brasil na década de 90 disse “O câmbio foi feito por Deus para humilhar os economistas”.

Fonte: Koyfin

 

Considerações Finais

Vale ressaltar que riscos sempre irão existir na vida do investidor. Sejam eles possíveis de mitigar através de diversificação ou não, conhecê-los faz parte da tarefa de casa, para saber onde que o seu suado dinheiro está, e o que pode acontecer com ele. Alguns não serão possíveis esquivar, enquanto outros, a depender da estratégia adotada, podem ser facilmente evitáveis.

Reitero a importância de manter uma carteira de investimentos aderente ao seu perfil de investimento e objetivos. Como há riscos que não são possíveis de diversificar, é preciso estar ciente dos movimentos que a carteira possa sofrer sem se desesperar, visto que eventos inesperados são prováveis de acontecer, só não se sabe quando, quase como um paradoxo.

 

Referências:

Market Risk Definition: How to Deal with Systematic Risk (investopedia.com)

GEISAC 844.94 ▲ +0.63% Sem nome (tradingview.com)

What Is Unsystematic Risk? Types and Measurements Explained (investopedia.com)

S&P 500 Map (finviz.com)

Credit Risk: Definition, Role of Ratings, and Examples (investopedia.com)

Credit Rating | Scoring System Chart + Credit Agencies (wallstreetprep.com)

Federal Funds Effective Rate (FEDFUNDS) | FRED | St. Louis Fed (stlouisfed.org)

USDBRL – Price & Volume (koyfin.com)

A Retrospective Look at ENRON’s Price Chart: A Technical Analysis Viewpoint | by Buckkets | Medium

 

Disclaimers:

A situação de cada investidor é única e você deve considerar seus objetivos de investimento, tolerância ao risco e horizonte de tempo antes de fazer qualquer investimento. Investir envolve risco e você pode incorrer em um lucro ou perda, independentemente da estratégia selecionada. O conteúdo acima não é uma recomendação para comprar ou vender qualquer ativo individual ou qualquer combinação de ativos.

Qualquer informação não é um resumo completo ou declaração de todos os dados disponíveis necessários para tomar uma decisão de investimento e não constitui uma recomendação. Os investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os investidores.

Todo tipo de investimento, incluindo fundos, envolve risco. Risco refere-se à possibilidade de que você perderá dinheiro (tanto principal quanto qualquer ganho) ou não consiga ganhar dinheiro com um investimento. A mudança das condições do mercado pode criar flutuações no valor de um investimento em fundos. Além disso, existem taxas e despesas associadas ao investimento em fundos que geralmente não ocorrem na compra de ativos individuais diretamente

Avenue Securities Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda. (“Avenue Securities DTVM”) é uma distribuidora de valores mobiliários brasileira devidamente autorizada pelo Banco Central do Brasil (“BCB”) e pela Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) Os saldos disponíveis em Reais são mantidos na Avenue Securities DTVM Ltda., uma instituição financeira regulada. Os fundos detidos pela Avenue Securities DTVM não são cobertos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos).

 

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Tomás Roque

Formado em Economia pela UNESP com distinção e extensão em Business na Tampere University - Finlândia. Possui as certificações CGA, CGE e Series 99

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