Avenue

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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A meu ver essa foi uma semana intensa, então cabe aqui chamar atenção para algumas coisas que aconteceram e seus impactos… Tivemos (i) a confirmação de certas expectativas do mercado, (ii) dados ruins na China e (iii) continuidade de guerra. Ou seja, nada de muito positivo, e por isso vimos ativos de risco não performando muito bem.

ATA DO FED – menos dinheiro no mercado?
A ata do FED mostrou um banco central “hawkish”: preocupado com a inflação, menos otimista com crescimento e disposto a agir com uma política monetária mais restritiva. Vou trazer alguns pontos de destaque:

  • Menos dinheiro no mercado. Dirigentes do FED viram um “progresso substancial” para começar a redução do balanço do banco central americano, inclusive de forma mais intensa que no período de 2017 a 2019. Os dirigentes parecem concordar que a redução do balanço deve ser mais rápida que a anterior. A redução pode começar a partir de maio, e a previsão é de que seja feita uma retirada de algo como US$ 95 bilhões do mercado em 3 meses. Uma reportagem da CNBC resume bem isso. Existe uma grande expectativa do mercado com esse enxugamento de liquidez, que poderia trazer pressão sobre os preços. Penso que não há como ter certeza do seu impacto efetivo, mas temos visto um FED sempre atento a atender ou sustentar demandas do mercado, então acredito que, ainda que seja negativo, não deveria gerar medo nos investidores em buscar uma alocação global.

“Fed officials plan to shrink the balance sheet by $95 billion a month, meeting minutes indicate”.

Fonte: The Daily Shot
  • Algo positivo? No mais, pelo lado positivo, com o aperto monetário, os dirigentes esperam que a inflação volte à meta e o mercado de trabalho siga forte. Muitos dirigentes veem empresas aumentando salários e preços, mas sem grande redução na demanda por seus produtos e serviços. Obviamente que guerra na Ucrânia exacerbou problemas nas cadeias de produção, e isso segue sendo monitorado.

Quais os impactos da Ata do FED nos mercados?

  • Juros. A curva de juros americana (a qual foi tema da minha última coluna) mudou significativamente nos últimos 12 meses. Passa a se precificar que os juros podem chegar a 2,5% ao ano ou até 3,0% ao ano até o fim de 2022. O gráfico abaixo mostra essa mudança de expectativas nos juros:

Fonte: Investing.com
  • Ações. O mercado de ações refletiu negativamente a ata, em especial nas empresas de tecnologia. Aqui é aquela lógica de sempre: com juros mais altos (em especial de longo prazo), as ações de tecnologia tendem a sofrer. O gráfico abaixo compara as performances da Nasdaq (em azul) com o S&P (em preto) e o Dow Jones (laranja)

Fonte: TradingView

Fonte: TradingView

LOCOMOTIVA CHINESA TRAVANDO?

Fonte 1

Fonte 2

Tivemos notícias da atividade manufatureira da China se contraindo no nível mais elevado em dois anos (fonte), além da forte queda da atividade no setor de serviços em março (fonte).

O responsável por essa desaceleração foi o avanço rápido e exponencial dos casos de Covid por lá – vide gráfico abaixo da média móvel de casos na China.


Fonte: Our World in Data

Como resposta ao aumento de casos a China adotou uma política extremamente restritiva para controlar esse avanço. A questão é que esse fechamento, juntamente com números mais fracos da economia americana, tem impactos relevantes no mercado e na economia:

  • O fechamento de portos tende a intensificar ou trazer novos gargalos nas cadeias de suprimentos. Veja no gráfico abaixo que aumentou, e muito, o tempo de espera para descarga dos navios cargueiros no porto de Xangai.

Fonte: The Daily Shot
  • Um menor crescimento da China tende a repercutir negativamente no crescimento global (estamos falando da segunda maior economia do mundo) e, em especial, na demanda por commodities. Fica difícil definir causa e consequência, mas nos últimos 30 dias os preços das commodities já mostraram arrefecimento – vide gráfico abaixo. Sobre a China, as notícias de desaceleração não são boas e não tem como saber até onde isso vai avançar. Temos apenas que monitorar neste momento.
Fonte: Investing.com

E O MERCADO?
E para acabar, alguns highlights de mercado…

O ano de 2022 tem sido menos promissor em relação ao desempenho da bolsa americana, comparativamente à recuperação de 2020 e 2021. Vejo como algo normal. Na verdade, a forte inflexão pós-pandemia é que foi a exceção à regra. O ano de 2022 me parece o ano do stock picking e da seletividade.

Mas, a despeito de tudo que se comenta sobre o mercado americano estar caro vis a vis o resto do mundo, a verdade é que a lucratividade das empresas negociadas nos EUA também foi diferenciada nesses últimos anos:


Fonte: The Daily Shot

E mesmo com a desaceleração em curso, as estimativas (consenso de mercado) em relação às margens das empresas do S&P500 mostram leve queda, mas ainda estão elevadas quando colocadas em contexto histórico, de acordo com análise do Deutsche Bank.


Fonte: The Daily Shot

Além disso, existe uma grande dispersão entre as estimativas de crescimento de lucros entre os setores, segundo informações compiladas pelo Deutsche Bank.


Fonte: The Daily Shot

E para acabar: me chama atenção que a queda das small caps neste ano levou essa categoria de ações a negociar a múltiplos baixos segundo seu histórico – vide gráfico abaixo. Não há como saber se esse múltiplo será corrigido, mas é algo que chama atenção.

Fonte: The Daily Shot

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Aquele abraço,

WILLIAM CASTRO ALVES

Por

William Castro

Formado em economia pela UFRGS – RS. Em 2004, iniciou sua carreira na Solidus Corretora, com passagens pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Foi sócio, analista-chefe e um dos principais porta-vozes da XPInvestimentos. Também foi sócio e líder de gestão da VGRGestão de Recursos. Possui as certificações Series 7 e 24. É estrategista-chefe, sócio e porta voz da Avenue desde 2018.

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