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Goldman Sachs

Bom dia, investidor!

Hoje quem escreve é o Guilherme Zanin novamente.

Depois de um ano favorável para os mercados internacionais onde pegamos um vento de cauda a favor e o S&P500 subindo 28,7%, começamos 2022 em um mar um pouco mais revolto. Temores militares na região da Ucrânia, problemas persistentes de supply chain, inflação mundial, aumento de juros (taper), crise econômica entre outros problemas, estão desafiando os investidores a repensarem os seus investimentos.

É por isso que no Avenews de hoje vamos explicar sobre o que vem impactando o mercado e como navegar os seus investimentos em 2022.

“We cannot direct the wind but we can adjust the sails” – Thomas S. Monson
Tradução livre: Nós não podemos mudar a direção do vento, mas podemos ajustar as velas.

MERCADOS NERVOSOS
Para quem não abriu o seu aplicativo ou desktop nos últimos tempos, a semana passada foi marcada por mais quedas nas bolsas americanas. Veja o desempenho entre os dias 17 e 21 de janeiro:

Finviz

Temores em relação a um possível embate militar na região da Ucrânia, entre EUA e Rússia, teria assustado os mercados na quinta (20) e sexta-feira (21). Além disso, a elevação das taxas de juros americanas (vou comentar mais abaixo) acabaram puxando as empresas de tecnologia para baixo, com o Nasdaq caindo 10% desde o topo, maior correção do índice desde o início da pandemia, em 2020.

Bloomberg

As empresas de tecnologia podem possuir correlação negativa com o aumento das taxas de juros. Explicando de maneira simplificada: quanto mais rápido os juros sobem, mais o setor pode cair, ou demorar a voltar a subir. Mas também temos boas notícias, porque apesar de ser o senso comum de que os juros subindo não são bons para as bolsas em geral, alguns setores podem ganhar com isso, como bancos e empresas de energia.

Veja como os setores reagem diante um aumento de taxas de juros nos EUA, segundo um estudo do Scotiabank, do ano passado:

Scotiabank

Como comentei, a queda das empresas tech foi atribuída também a um aumento dos rendimentos do Tesouro de 10 anos, que chegaram a atingir 1,9% no início do pregão de quarta-feira passada (19).

Os investidores vêm tentando antever o cronograma do FED para aumento das taxas de juros. O banco central americano mudou o seu discurso para 2022 e as expectativas mudaram de um aumento de 0,25%, em março, para 0,5% ainda no primeiro trimestre. Veja abaixo.

The Daily Shot

O grande desafio do segundo mandato de Jerome Powell a frente do BC vai ser enfrentar uma inflação mais alta e persistente do que se previa, sem jogar um balde de água fria na festa e frear o crescimento econômico americano. A inflação atingiu 7% em dezembro, o maior patamar em quase 40 anos e muito acima da meta de 2% ao ano, tudo isso em meio a uma economia que ainda dá sinais de recuperação.

MAS SERÁ QUE CHEGOU A CRISE?
Quando o mercado cai, o pânico toma conta das nossas mentes. A economia comportamental explica que a dor do prejuízo é duas vezes pior que a felicidade ao ganhar dinheiro e, com certeza, todo o investidor já sentiu isso!

É normal se preocupar com os investimentos em meio a notícias de gurus que alertam que uma correção maior está por vir. Esse filme não é novo e a narrativa já aconteceu diversas vezes. Para se ter uma ideia, veja uma lista de grandes economistas, gestores, autores de livros e revistas importantes que tentaram prever uma crise no S&P500 e falharam desde 2013:

I. Em 2013, Robert Shiller (prêmio Nobel em Economia), alertou para uma bolha no mercado americano.

II. Em 2014, Peter Schiff, CEO de uma corretora, declarou que o mercado americano iria colapsar por causa da renda fixa.

III. Em 2015, Donald Trump, na época ainda candidato à presidência, disse que a alta da bolsa na época era bolha.

IV. Em 2016, Nassim Taleb, famoso autor do livro Cisne Negro, ressaltou que a bolha iria estourar e as pessoas iriam se machucar.

V. Em 2016 e 2021, Robert Kyosaki, autor do bestseller Pai Rico Pai Pobre, alertou que uma grande queda iria acontecer nesses anos.

VI. Em 2017, a revista britânica The Economist escreveu que era difícil satisfazer o populismo e os negócios e que o mercado estava em uma bolha que poderia estourar.

VII. Em 2021, Nouriel Roubini, que previu a crise de 2008, alertou para um crash da bolsa americana.

Note um padrão negativo comum entre todas essas declarações e que mesmo as grandes mentes erram ao tentar prever uma crise. Se, por acaso, tivesse dado ouvido a eles, era possível ter perdido algumas altas no mercado, como pode ser visto abaixo.

JP Morgan

Tenha em mente que as pessoas físicas não podem investir diretamente em qualquer índice, e o desempenho do índice não inclui custos de transação ou outras taxas, o que afetará o desempenho real do investimento. Os resultados individuais do investidor variam. O desempenho passado não garante resultados futuros.

Podemos estar perto de uma correção maior, mas a priori é difícil prever. No entanto, aprendi com o Will uma frase interessante do grande investidor, Peter Lynch: “Muito mais dinheiro foi perdido por investidores preparando-se para correções ou tentando antecipar correções, do que aquele que foi perdido nas correções em si”.

MAS E AGORA?
Todos estamos no mesmo barco e a queda das bolsas impactou a todos os investidores. Veja a lista de maiores quedas a bolsa americana em 2022:


Market Radar

Se estamos navegando a contravento, talvez seja a hora de diversificar em outros setores, com outras empresas além das de tecnologia, como o gráfico do Scotiabnk que comentei anteriormente demonstra.

E vale lembrar aqui também do velho ditado “crise é igual a oportunidade”. Boas empresas podem estar negociando historicamente as avaliações mais baratas do que o comum. Inclusive eu ouvi uma frase uma vez que dizia:

“Everything eventually trade for 10x earnings (P/E)”
Tradução adaptada: “Todas as empresas eventualmente negociam por apenas 10x lucros”

Veja alguns exemplos de quando isto aconteceu:

I. Nvidia em 2008

II. Microsoft em 2009

III. Google em 2011

IV. Apple em 2013

A moral desta história é de que existe irracionalidade no mercado e ela acontece mesmo com os melhores negócios. Algumas das maiores empresas do mundo atualmente já negociaram a múltiplos historicamente baixos.

Uma dica de livro muito interessante para estes momentos de medo é A Psicologia Financeira, de Morgan Housel. Ele custa menos de R$30,00 e oferece excelentes insights para os investidores durante as crises.

Amazon

Nele uma das frases que se destaca é: “Poupe como um pessimista e invista como um otimista”. Acredito que nessas quedas, tanto do dólar como da bolsa, podem ser grandes oportunidades para o investidor de longo prazo.

IMPORTANTE
Esta semana continuamos a safra de balanços referentes ao 4° trimestre do ano passado, com grandes destaques mundiais, dentre eles Microsoft, Tesla, McDonalds e Apple. Se você é investidor de alguma destas empresas ou gostaria de receber os conteúdos do Avenue Intelligence sobre os balanços, entre no Telegram da Avenue clicando aqui.

Veja abaixo algumas das empresas que irão divulgar os resultados nesta semana:

 

Era isso pessoal.

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Aquele abraço!
Guilherme Zanin

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